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Bloco Não é Não ensaia cortejo, em janeiro: mulheres recebem homenagem - Foto: Não é Não/ Instagram
Você sabe, falam pelos cantos que Goiânia tem carnaval coisa nenhuma. Quantas vezes já ouviu isso? Ou isto aqui: “ah, nossa cidade não possui vocação alguma pra abrigar foliões, assistir seu povo na rua, feliz”. Mas que tem samba, tem. Tem samba, sambalanço, samba-jazz, samba-rock. E também sertanejo (claro), funk (com certeza), axé (como não teria, uai?). Até tacacá, dançar, curtir, ficar de boa se encontra por aqui. É a democracia de Momo.
Quem te disse que nossa cidade despreza a folia se equivocou. Rola pela metrópole festança diversificada. Na semana passada, por exemplo, o Shiva Alt-Bar colocou o Bloco Esquina na rua, numa releitura carnavalesca do conceito por trás daquele lendário Clube da Esquina, cujo disco duplo lançado em 1972 se tornou um clássico. E, de cara, levou para as avenidas do Setor Oeste a brasilidade musical construída pelo quarteto Bala Desejo.
Além da trupe carioca, a Alameda das Rosas recebeu os mangueboys do tal Mundo Livre S/A. Uma atração - a primeira - se apresentou no sábado, 3. Já os pernambucanos fizeram um som no domingo, 4. Foi um evento bem organizado, de acesso tranquilo, com batucada do coletivo Coró Mulher, referência em percussão na Capital. Sem contar o Carnaval dos Amigos, na Avenida Mutirão, onde passaram pelo menos 100 mil pessoas.
Contudo, foi só um esquenta. A folia começa efetivamente nesta quinta-feira, 8, com o Bloco Socialista. Segundo os organizadores, numa postagem publicada nas redes sociais, a concentração está prevista para ocorrer às 17h, na Praça Universitária, local identificado com festa popular e movimento estudantil. Uma hora depois, os foliões saem em cortejo pelas ruas na companhia dos blocos Batuque e Batuque de Menina, além da escola de samba Lua-Alá, tradicional no carnaval goianiense, que também marca presença no evento.
Há ainda show da Mundhumano, às 21h. A banda leva ao público suingue, batuque e releitura de ídolos da MPB, caso de Elza Soares, Caetano Veloso e Gilberto Gil. Violonista do grupo, Kleuber Garcêz diz, com empolgação, que a hora para a folia está chegando: “Os tambores anunciam e a Mundhumano abre os caminhos do carnaval da diversidade, da alegria e do amor”. O Bloco Socialista é conhecido por ser engajado em pautas identificadas com o campo progressista - como combate ao racismo, ao machismo e à LGBTfobia.
Segundo a Associação Cultural Lua-Alá, o tema do desfile deste ano será “Lua-Alá, lá Vem o Trem em Goiás”. A ideia, garante, é mostrar a chegada do transporte ao estado, em 1912. A Lua-Alá, que comemora 35 anos de carnaval, desfila na próxima segunda, 12, às 20h, na região Central. Ao DM, o presidente Semio Carlos diz que a escolha se deu pela necessidade de falar sobre a modernidade trazida pelo transporte. “O samba enredo foi composto por Luciano Fogaça, da Unidos da Tijuca do Rio de Janeiro, pelo segundo ano seguido”, afirma.
Sextou!
Já na Praça Cívica, região central da Capital goiana, a folia toma conta de tudo. É lá que ocorre nesta sexta-feira, 9, o 16° Encontro de Blocos de Rua da Cultura Popular, evento organizado pela Associação Coró de Pau, com o apoio da Secretaria Municipal da Cultura (Secult). Segundo Geovanna Tavares, da associação Coró de Pau, o rolê conta com 13 blocos, dentre os quais o Não é Não - idealizado por feministas e ativistas ligadas aos Direitos Humanos. A concentração está marcada para sábado, às 14h, no Charminho da Araguaia.
Composta por mulheres de diferentes etnias, a Comissão de Frente do Não é Não afirma que homenageará personagens feministas admiradas pelas integrantes. Para o grupo, já tradicional na folia, todas as identidades femininas têm lugar em nosso cordão da alegria e do respeito. “Podem ser mulheres reais, daqui ou de qualquer lugar ou tempo. Podem ser personagens de livros, filmes, desenhos, ou outras personagens da arte e da cultura que simbolizam o poder feminino”, anuncia o bloco, em comunicado nas redes sociais.
Na segunda-feira, o projeto Trilhas a Go Go leva ao Tô Bar o show inédito “Carnovelas” - antes, nesta sexta, a apresentação passa pelo palco do Matuto. A banda se tornou conhecida no meio musical goianiense por espalhar carisma, diversão e nostalgia. Musicista e professora de som no curso de Cinema da UEG, Geórgia Cynara afirma que o objetivo é incentivar o público a conhecer a relevância da música associada ao audiovisual. Já o músico Vitor Brandão, percussionista e idealizador da banda, informa que as canções receberam novos arranjos, de modo a adaptá-las ao clima carnavalesco.
Até baile funk vai ter. Expoente do chamado funk putaria - subgênero da música urbana carioca conhecido pelo teor sexual de suas letras -, a cantora Tati Quebra Barraco erotiza no domingo, 11, a festa de Momo na Praça Cívica. Com a promessa de “entregar tudo” ao público, a artista canta sucessos da carreira, como os hits “Dako é Bom” e “Boladona”. Este último, aliás, está na boca até daqueles que não simpatizam tanto com o estilo: “Na madrugada boladona/ Sentada na esquina/ Esperando tu passar/ Altas horas da matina”.
Nos bares, a folia também tem programação intensa. Casa Liberté e Zé Latinas, localizados na Rua 8, point da noite alternativa goianiense, reúnem atrações da black music, brasilidades, pop funk e marchinhas clássicas de carnaval. O Café Elegia, espaço que prioriza música instrumental, abre a festa com tributo ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga, nesta sexta-feira, 9. Enquanto no Bolshoi Pub, no mesmo dia, a banda A Voltagem, de Itumbiara, interpreta repertório com os maiores hinos dos anos 80. Tem rolê pra todo mundo.
Já é folia!
Bloco Socialista
Quando: hoje
Concentração: às 17h
Onde: Praça Universitária
Entrada gratuita
