Chorinho retorna de maneira itinerante com clássicos do samba e choro
Marcus Vinícius Beck
Publicado em 4 de novembro de 2021 às 15:36 | Atualizado há 3 anos
Sete,
oito ou nove e qualquer coisa, na verdade depois de as engrenagens do labor
cessarem, o repórter acendia um cigarro, distribuía-o aos amigos, sorvia
cerveja long-neck comprada dos vendedores ambulantes, ouvia a melodia da canção
alimentar o flerte entre gargalhadas suscitadas pelas mentiras sinceras
contadas no auge do crepúsculo que abria alas ao parque de diversões noturno: o
Chorinho, tradicional evento goianiense, ufa!, está de volta. São anos de rolês
exageradamente agradáveis.
É uma
ligação antiga com a cidade, portanto. Desde 2003, quando nasceu a partir da
proposta de levar a galera a ocupar democraticamente as ruas da cidades, o
Chorinho serviu de palco para artistas que se tornaram nomes que estão na boca
do público. Por ali, na saudosa aglomeração cultural pré-pandemia, vixe,
passaram Claudia Garcia, Grace Carvalho, Carne Doce, Boogarins. Mas a última
vez que houve reunião nas calçadas do Grand Hotel para prestigiar o evento foi
no longínquo novembro de 2019.
“A
ideia de retomar o Chorinho é uma coisa que a cidade estava pedindo há muito
tempo”, afirma o produtor cultural Carlos Brandão. Daí, a pedido da produtora
Fernanda Fernandes, Brandão visitou o secretário de cultura, Zander Fábio, que
lhe disse que queria bater um papo consigo sobre o Chorinho. “Então, partiu
dele a ideia de retomada. Pediu para que a gente fizesse uma proposta de como
poderia ser: é fácil, né, pois o Chorinho já acontece há muito tempo e não fica
difícil dar uma ideia geral.”
Brandão
desenhou como seria a roupagem 2021, fez as modificações que Zander julgou
necessárias para adequar à realidade da Secult municipal e a ideia vingou. Para
a retomada do evento, a ser realizada nesta sexta-feira, 5, o músico João
Garoto subirá ao palco acompanhado pelo grupo Brasileirinho, às 19h, e na
sequência os holofotes musicais recaem sobre o conjunto Nóys é Nóys. Ao
contrário das edições anteriores, o som vai rolar na Estação Cultura, Antiga
Estação Ferroviária, na Praça do Trabalhador.
Intérpretes
de baluartes da MPB, o grupo Nóys é Nóys promete um repertório de 18 a 20 músicas,
no máximo 22, porque será uma apresentação curta: Paulinho da Viola, João Bosco
e Aldir Blanc, além de Chico Buarque, Cartola, Noel Rosa, Zeca Pagodinho e
Martinho da Vila estarão no setlist – como faltar? “Eu tentei colocar nesse
elenco canções que fazem parte da trajetória do Nóys é Nóys ao longo desses 41
anos de estrada, uma vez que começamos em 1980, ainda no Colégio Agostiniano”,
diz Xexéo.
Retorno aos palcos
De
fato, a volta de eventos culturais, como Bananada, Goiânia Noise, Goiânia Canto
de Ouro, Villa Mix, entre outros que acontecem na cena cultural goianiense, é importante
para os músicos. Efetivamente, ficaram sem poder trabalhar em bares e casas
noturnas no último um ano e meio. Xexéo, porém, alerta: “os organizadores
precisam de cuidados para a prevenção contra a covid-19, que ainda está aí, e
os músicos a mesma coisa, mas devagar e gradativamente vamos retornando aos
palcos.”
Segundo
Brandão, que esteve à frente do Chorinho nos anos anteriores, a ideia é levar o
rolê para outros locais e, com isso, chegar até pessoas que não frequentam
tanto o Centro. Há também, ele ressalta, mais um agravante: o Grand Hotel, por
causa das obras do BRT, se tornou impraticável. “Mas é tudo uma questão da
Secult definir o que quer fazer, e ir lá e fazer”, pontua o produtor cultural.
“Chorinho e Canto de Ouro de uma só vez. Canto de Ouro começa dia 4 e Chorinho
no dia 5.”
Em
formato Itinerante, o Chorinho acontece neste mês na Estação Cultura e depois
parte, em dezembro próximo, ao Palácio da Cultura, no Setor Universitário. Para
o secretário de cultura Zander Fábio, as mudanças vão expandir o evento para
outros polos da cultura. “Nossa intenção é fazer com que ele, o Chorinho,
chegue cada vez mais perto das pessoas e continue levando alegria e música para
quem acompanha os shows de grandes nomes da cena cultural de Goiânia”, afirma o
secretário.
Já
Brandão afirma que conversou com João Garoto e Xexéo, do Nóys é Nóys, porque os
dois são na verdade pessoas que representam seus gêneros músicas: “João é do
samba, choro. E Xexéo canta muito samba. A gente quis começar com pessoas que
estão na estrada há 30, 40 anos, pra mostrar que essa história não acaba”,
relata Brandão.
Para
outras datas, neste e no próximo mês, foram nomeados um punhado de outros
artistas para participar (leia o box).
“Esse ano é mais pocket, pra gente testar a coisa acontecendo, a secretaria está
fazendo mais um teste. No ano que vem, o secretário quer fazer coisas mais grandiosas”,
adianta. O Chorinho, a música, o flerte, a breja, em condições térmicas
adequadas ou duvidosas, na verdade o brilho da noite com os amigos reunidos,
não pode parar. E resistentemente não vai, obrigado.
Confira as atrações do Chorinho
em novembro e dezembro
5/11
19h – João Garoto e grupo
Brasileirinho
20h15 – Nóys é Nóys
Local: Centro Cultural Estação
Cultura – Antiga Estação Ferroviária – Centro
12/11
19h – Diabo a Quatro
20h15 – Fernando Boi
Local: Centro Cultural Estação
Cultura – Antiga Estação Ferroviária – Centro
19/11
19h -Bruno Rejan e Grupo
20h15 – João Nogueira –
80 anos
Local: Centro Cultural Estação
Cultura – Antiga Estação Ferroviária – Centro
26/11
19h – Leandro Mourão e Banda
20h15 – Pó de Mico
Local: Centro Cultural Estação
Cultura – Antiga Estação Ferroviária – Centro
03/12
19h – Rozi Miranda convida
Caetano Bartolo
20h15 – Grupo Dengo
Local: Biblioteca Marieta
Telles/Palácio da Cultura, Setor Universitário
10/12
19h – Karine Serrano e Nonato
Mendes
20h15 – Diego Mendes
Local: Biblioteca Marieta
Telles/Palácio da Cultura, Setor Universitário
17/12
19h – Face Quarteto
20h15 – Beaju
Local: Biblioteca Marieta
Telles/Palácio da Cultura, Setor Universitário