Cultura

Cia Catavento cai na estrada com o espetáculo ‘Hi.a.to’

Marcus Vinícius Beck

Publicado em 1 de junho de 2023 às 23:56 | Atualizado há 2 anos

A Cia Catavento recorre ao escritor uruguaio Eduardo Galeano para explicar a utilidade da utopia, conceito essencial para compreensão do espetáculo “Hi.a.to”, que fica em cartaz nesta sexta, 2, e sábado, 3, no Goiânia Ouro, localizado na Rua 3. Galeano oferecia uma visão simples – e original – sobre tão belo vocábulo: “a utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos”. Ou seja, cada vez mais, é preciso caminhar. 


Caminhando e cantando, às vezes ouvindo a canção, de braços dados ou não, o hiato pode emocionar ao primeiro contato dos olhos humanos com as duas vogais que pertencem a distintos universos silábicos. Estão juntas e separadas, como duas pessoas que se amam e se encontram longe uma da outra, ou entre o direito ao suspiro delirante – do qual falava Galeano – e a voz da incerteza racional que mata o tesão das paixões humanas. 


No caso de “Hi.a.to”, espetáculo circensense previsto para começar às 20h, a palavra em questão representa a beleza do instante em que duas pessoas se equilibram na corda bamba da instabilidade ou estabilidade, do equilíbrio ou desequilíbrio, da competitividade ou cooperação, explorando-se as potencialidades dessa relação – no mínimo – ardilosa. Imagine viver uma vida desprovida de prudência. Pois é, Amy Winehouse teve, assim como Jim Morrison, também Brian Jones, Jean-Michel Basquiat idem e até mesmo Allen Ginsberg. 


Estabilidade e instabilidade


Segundo o diretor da Catavento, Felipe Nicknig, caminhar é transitar numa linha tênue que se constitui entre estabilidade e instabilidade, ou seja, fala-se sobre a harmonia necessária à vida. “Esse caminho é sobre a vida, sobre o viver, sobre todos os desafios, anseios, medos e coragens que se interpõem na caminhada contra a nossa vontade”, afirma Felipe, desenhando panorama dos sentimentos que permeiam o espetáculo e, de certo modo, estimularam investigação poética – essa a grande preocupação da cia, por razão de existir.


Desde o início, em 2011, a Catavento se propõe a investigar possibilidades e formas estéticas ao universo circense. Oito anos depois de sua formação, inaugurou sua nova sede, no Setor Bela Vista, em Goiânia. Hoje, o espaço é um importante centro cultural, onde os artistas se dedicam a pensar a prática do circo. Para tanto, desenvolvem pesquisas e projetos de criação, preocupam-se com o aspecto educativo e realizam ensaios para espetáculos.


Nos últimos anos, a companhia tem ganhado cada vez mais relevância regional e, agora, se projeta pelo Brasil. Assim que sair de cartaz, no Cine Ouro, “Hi.a.to” cai na estrada. Brasília (DF), Anápolis (GO), Porto Alegre (RS), Santa Cruz do Sul (RS), Campo Grande (MG), Uberlândia (MG) e Fortaleza (CE). Na capital federal, a peça será montada no Teatro Plínio Marcos, no sábado, 10, às 20h, enquanto o público anapolino poderá se deslumbrar com a beleza da arte circense no dia seguinte, no Teatro Municipal da cidade, no mesmo horário.


“Acredito que essa circulação chega num momento que, por pelo menos dois anos, viemos construindo: este movimento de expandir nossos horizontes, extrapolar os muros da nossa atuação em Goiânia e no Estado de Goiás”, afirma o diretor, consciente do papel que ocupa. “Aprender como é fazer circo e arte em cada lugar, se deparar com diferentes públicos, com diferentes profissionais de outras cidades e estados provoca reflexões e intercâmbios.”


Virou catavento


Afora circular pelo País, a Catavento vive – com o perdão da redundância – um catavento. Pelo menos é o que diz Felipe Nicknig. Com 11 anos de trabalhos prestados ao meio circense, a companhia acredita que, com as datas em Brasília, Anápolis, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Campo Grande, Uberlândia e Fortaleza, abre-se oportunidade de dar vazão ao que construíram ao longo desses anos, fortalecendo ainda mais o trabalho da cia. Durante a última década, por exemplo, foram realizadas diferentes frentes de trabalho, sempre de olho em construções que pudessem circular por outras cidades, estados e países. 


Segundo o diretor da Catavento, as escolhas das cidades tentam abarcar as regiões Norte e Sul brasileiras. “Para nós é importante expandir os trabalhos da Cia Catavento para outras cidades e estados e também garantir esses intercâmbios com grupos que já desenvolvem trabalhos em suas regiões. Porque isso soma muito com o trabalho de divulgação da circulação bem como da própria companhia e de seus trabalhos”, afirma o diretor. 


Haverão trapézios, tecido e passeio aéreo. Uma trilha sonora criada para “Hi.a.to” se carregará de criar ambiente auditivo que assegure às pessoas na plateia uma interessante experiência estética. Em cena, Nicknig narra seus sentimentos, como se estivesse compartilhando com o público uma espécie de monólogo das sensações distintas comuns à existência. Tudo, claro, mantendo-se próximo a principal característica da Catavento, talvez o que a tenha levado a conquistar, nos últimos anos, apreço pelo público da arte circense. O projeto foi contemplado pelo Fundo Estadual de Cultura de Goiás (FAC). 


Cia Catavento apresenta “Hi.a.to” – início da circulação nacional


Data: sexta e sábado


Local: Goiânia Ouro


Endereço: R. 3, 1016, Setor Central


Horário: 20h


Entrada franca


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