Concerto traz abertura-fantasia inspirada em Shakespeare
Marcus Vinícius Beck
Publicado em 17 de março de 2023 às 16:31 | Atualizado há 2 anos
Você sabe, o escritor inglês William Shakespeare (1565-1616) se tornou lenda e, mesmo após séculos de sua partida, Romeu e Julieta viraram sinônimos de amor romântico. No Brasil, dentre calhamaços de traduções realizadas por acadêmicos, uma – bem despretenciosa – merece atenção: a de Millôr Fernandes. Graças ao mestre do humor, para quem “Sheikispir, sim, é que era bão: / só escrevia citação!”, o famoso autor europeu se popularizou abaixo dos trópicos.
Tanto é que cita-se o dramaturgo para delimitar o início de um namoro, fala-se dele para expressar amor à pessoa amada e, hoje, a partir das 20h, pode-se-à ir ao teatro contemplar jovens músicos fazerem uma ode aos dois pombinhos mais famosos da literatura universal criados por… ele!. O palco do concerto será o Teatro Escola Basileu França, localizado na Avenida Universitária, Setor Leste Universitário, em Goiânia – entrada gratuita.
“Romeu e Julieta”, abertura-fantasia composta por Piotr Ilitch Tchaikovsky em 1880, é uma música descritiva que desenha imagens na cabeça de quem a ouve. Para a sua composição, Tchaikovsky achou interessante buscar inspiração no texto dramatúrgico que marcara o século 16, mas julgou pertinente abordar a tragédia por meio de três aspectos, diz ao Diário da Manhã o maestro Eliel Ferreira, da Orquestra Sinfônica de Goiás: o frade Lourenço, a guerra entre os Montéquio e os Capuleto e o amor impossível entre dois jovens.
Nascido por volta de 1840 em Vótkinsk, na Rússia, Tchaikovsky virou um célebre compositor do período romântico com suas sinfonias, concertos, óperas, ballets, música de câmera e obras corais feitas para liturgias da Igreja Ortodoxa Russa. Foi o primeiro compositor russo a ter fama internacional. E, bem relacionado, levou carreira aos palcos dos Estados Unidos e da Europa, tornando suas composições cada vez mais populares, antes de morrer em 1893.
A vida de Tchaikovsky, como se fosse guiada pela regência do maestro, ia do bom-humor às crises de depressão, algumas das quais, inclusive, capazes de tirá-lo do eixo. Também, olha só, pudera: o amigo Nikolai Rubinstein morrera e, em matéria de amor, fracassara com a viúva de posses Nadezhda von Meck, sua patrona, embora os dois nunca tivessem, digamos, nada que fosse lá capaz de queimar as labaredas do desejo – nunca nem se conheceram!
Desafiador
Só por isso, anote aí, vale assistir ao concerto “Jovens Solistas”, que será apresentado no Basileu França. Para Eliel, é desafiador mostrar em cada seção da obra o caráter e a emoção para transporte o ouvinte a essas cenas, proporcionando-lhes que a sensação de degustar a experiência filosófica e artística que, conforme o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, encontra na música a principal via de acesso. É uma forma privilegiada de conhecimento, diria o também filósofo Arthur Schopenhauer, autor de “Metafísica do Belo”.
Além da abertura-fantasia inspirada em William Shakespeare, a apresentação caminha para a composição “Concerto para Piano N° 21”, peça criada por Wolfgang Amadeus Mozart, no século 18. O maestro afirma ao DM que a escolha do clássico cumpre função pedagógica entre os músicos da Orquestra, uma vez que, ao tocar Mozart, os instrumentistas integrantes da Orquestra Sinfônica Jovem de Goiás desenvolvem qualidades necessárias para o ofício, como sonoridade, fraseado, precisão rítmica e articulação.
“Por causa da característica ‘cristalina’ que a música de Mozart possui, se torna essencial para o desenvolvimento dos estudantes”, afirma Eliseu à reportagem. Além disso, W. A. Mozart continua sendo um dos grandes gênios da história da humanidade. E humanidade e arte não podem funcionar sem o outro. A música nutre a alma, além de despertar diversas emoções no ser humano e ser um agente de transformação social.”
O repertório foi escolhido por cada ganhador do Concurso Jovens Solistas, importante instrumento para revelar novos talentos. No caso do pianista Óliver Romão, por exemplo, foi a mesma peça que ele apresentou no concurso, “Concerto de Mozart, N° 21 Para Piano”. Já para o tenor Samuel Martins, em função da duração da árias, Eliseu pediu para que ele escolhesse três do seu repertório. Para finalizar o concerto, o maestro Eron Calabrezi escolheu Tchaikovsky, que é um compositor amado pelo músicos e público.
Concerto ‘Jovens Solistas’
sexta-feira, 17
Às 20h
Teatro Escola Basileu França, Avenida Universitária, 1.750, Setor Leste Universitário
Entrada gratuita