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Conheça o single 'The Piper´s Call', nova música do guitarrista e cantor David Gilmour

Lenda das seis cordas elétricas, instrumentista britânico mantém parceria com esposa Polly Samson

David Gilmour se mostra desde os anos 70 um solista poderoso, com timbre inconfundível - Foto: Anton Corbijn/ Divulgação David Gilmour se mostra desde os anos 70 um solista poderoso, com timbre inconfundível - Foto: Anton Corbijn/ Divulgação

David Gilmour, 78, disponibiliza nas plataformas de streaming o single “The Piper´s Call”. Conhecido pelo timbre melódico de sua guitarra Fender Stratocaster preta (assinatura própria), o músico anuncia o lançamento do disco “Luck and Strange” para o dia 6 de setembro. Deve ser um dos trabalhos mais aguardados pelos fãs de rock neste ano.

Gravada durante cinco meses em Brighton e Londres, a canção reúne os atributos artísticos pelos quais Gilmour se tornou conhecido. Ouve-se a textura onírica de seu solo. Uma sensibilidade gostosa mas diferente toma conta de nós. Brilhantemente apreciável. É o tipo de som que quando termina se escuta de novo. E de novo. Nunca deixará de ser bom.

Gilmour se mostra desde os anos 70 um solista cheio de feeling. Formou-se no blues e no soul, numa banda que gostava de Eddie Floyd e Muddy Waters. Sabe-se que seus solos – sempre elegantes ou melódicos – estão nos melhores momentos do Pink Floyd. Mas ele também imprime um ritmo original, tal qual em “Have a Cigar”, do elepê “Wish You Were Here”, de 1975, ou “Another Brick in The Wall”, da ópera-rock lançada em 1979.

A obra teve produção assinada pelo próprio Gilmour e por Charlie Andrew, conhecido pelos trabalhos que desenvolveu com ALT-J e Marika Hackman. Tudo está ali: o brilho melódico, o slide, o tenor, a música progressiva, a letra bem colocada, a reflexão. Você sente o toque da guitarra e já imagina se tratar de Gilmour. Ou do inconfundível Pink Floyd.

Pink Floyd? Nem pensar. Gilmour diz que convidou Charlie para ir à sua casa. Escutou certas demos e foi questionado a respeito de alguns solos. “Ele tem uma maravilhosa falta de conhecimento ou respeito por esse meu passado. Ele é muito direto e nada intimidado – e eu adoro isso. Isso é tão bom para mim, porque a última coisa que você quer é que as pessoas simplesmente se submetam a você”, conta o guitarrista, num comunicado à imprensa.


		Conheça o single 'The Piper´s Call', nova música do guitarrista e cantor David Gilmour
Capa do disco “Luck and Strange". Foto: Divulgação


Nos anos 60, o Pink Floyd começou uma revolução psicodélica. Syd Barrett, então líder criativo da banda, conhecia Gilmour desde 1962, quando estudavam numa escola de artes em Cambridge, Inglaterra. Três anos depois, os dois embarcaram numa viagem pela França, apresentando canções dos Beatles nas ruas de Paris. Posteriormente, Barrett "fritou" a cabeça na loucura química e nem reconheceu o amigo quando ele apareceu no estúdio durante as gravações de "See Emily Play", do disco "The Piper at the Gates of Dawn", lançado em 1967.

“Éramos amigos primeiro. Depois, pegamos guitarras. Eu já tocava profissionalmente em grupos antes de Syd. Tecnicamente falando, eu era um pouco melhor que Syd quando estávamos na faculdade", disse Gilmour, nos anos 1990. É certo que um influenciou o outro. Influencia, aliás, até hoje. Maior exemplo, de fato, é o novo trabalho do guitarrista.

Como ocorreu no disco “The Division Bell”, lançado pelo Pink Floyd em 1994 e criticado à exaustão por Roger Waters, as letras de “Luck and Strange” são assinadas pela escritora e compositora Polly Samson, esposa de Gilmour. Para ela, o baixista não passa “de um antissemita até o âmago podre”. Roger, por sua vez, acha que os antigos companheiros – incluindo David Gilmour – simplesmente não tinham nada decente a ser dito em músicas.

Polly e eu compomos juntos há mais de trinta anos e as transmissões ao vivo do Von Trapped mostraram a grande mistura da voz de Romany e seu jeito de tocar harpa, o que nos levou a uma sensação de querer descartar parte do passado ao qual me sentia obrigado e de poder jogar fora essas regras para fazer o que quisesse David Gilmour, guitarrista

Lirismo

Dessa vez deixando as acusações pra lá, Polly Samson revela que o lirismo de “Luck and Strange” nasce da necessidade em falar da velhice. “A mortalidade é a constante”, confessa. Já Gilmour abre as portas da intimidade e comenta passar “muito tempo” conversando ou pensando “sobre esse tipo de coisa”. E, claro, a letrista gostou de trabalhar com Charlie.

Foram gravadas oito faixas inéditas, junto de uma reformulação de “Between Two Points”, dos Montgolfier Brother. Os músicos Guy Pratt e Tom Herbert no baixo, Adam Betts, Steve Gadd e Steve DiStanislao na bateria, Rob Gentry e Roger Eno nos teclados com arranjos de cordas e corais de Will Gardner colaboraram para que a obra mantivesse os arranjos pelos quais Gilmour virou um músico aclamado, seja no Pink Floyd ou fora da banda icônica.

Além de Samson, Gilmour vocaliza em “Luck and Strange” uma letra escrita por Charlie Gilmour. “Polly e eu compomos juntos há mais de trinta anos e as transmissões ao vivo do Von Trapped mostraram a grande mistura da voz de Romany e seu jeito de tocar harpa, o que nos levou a uma sensação de querer descartar parte do passado ao qual me sentia obrigado e de poder jogar fora essas regras para fazer o que quisesse”, elucidou o artista.

Querendo ou não, Gilmour é um vitorioso. Olhe para a carreira dele: o melhor trabalho (sem o Pink Floyd) saiu em 2006. “On An Island” parou na primeira posição nas paradas pan-europeias. Alcançou multiplatina em todo o mundo. A turnê do disco teve uma apresentação única nos estaleiros históricos de Gdańsk (é possível ver no Youtueb), na Polônia, com uma orquestra de 40 músicos e um show no Royal Albert Hall de Londres.

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