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Ator Marcos Palmeira interpreta protagonista na segunda fase da trama - Foto: Fábio Rocha/ Globo
Após o texto rocambolesco criado por Walcyr Carrasco em “Terra e Paixão” dividir opiniões entre noveleiros, o público fiel à novela das nove assiste a partir desta segunda-feira, 22, o remake da clássica “Renascer”. A trama marcou a televisão brasileira na década de 1990, apresentando um enredo situado nas plantações de cacau e tendo uma natureza exuberante ao fundo. Isso tudo ocorre ao som de “Toda Menina Baiana”, canção de Gilberto Gil, e “Trem das Cores”, consagrada pela voz inconfundível do tropicalista Caetano Veloso.
O Nordeste ainda se faz representado por Fagner e Chico César, Elba Ramalho e Geraldo Azevedo, Xangai e Quinteto Paraíba. Dispensando a música sertaneja, presente na trama de “Pantanal” e “Terra e Paixão”, a Globo selecionou agora Milton Nascimento, além de parcerias de Ney Matogrosso e Criolo também integrarem a trilha sonora. Agnes Nunes e Neo Beats, Juliana Linhares e Maria Maud se juntam a nomes como IZA e Alice Caymmi, Monica Salmaso e Dori Caymmi, numa profusão sonora de encantadora brasilidade.
Em comunicado à imprensa, o roteirista Bruno Luperi afirma que o enredo escrito pelo seu avô Benedito Ruy Barbosa em 1993 pisa num Brasil “mais profundo”. “É uma obra épica, atemporal e que está na memória afetiva do público e da televisão, que agora temos a possibilidade de trazê-las para os dias de hoje”, diz o autor. A direção artística tem assinatura de Gustavo Fernández, dupla que já trabalhou no remake de “Pantanal”, em 2022 - na ocasião, foram elogiados pelo realismo fantástico e pela fotografia da natureza.
“Renascer” retrata a história de José Inocêncio, personagem vivido na primeira parte da novela pelo ator Humberto Carrão, conhecido por atuar em “Aquarius”, do diretor Kleber Mendonça Filho. Trinta e cinco anos depois, é interpretado por Marcos Palmeira, o mesmo que fez sucesso na pele de José Leôncio. Demonstra personalidade obstinada, carregando a coragem e a vontade de melhorar a vida: é saga de mistérios, dramas, amores e vinganças.
O arco narrativo se inicia no início dos anos 1990 na região cacaueira de Ilhéus, no sul da Bahia, cenário famoso na literatura brasileira por ambientar romances do escritor Jorge Amado. Sem qualquer tipo de pertence, o protagonista leva apenas uma garrafa de vidro e, no coração, fervilham mil sonhos: quer melhorar sua precária condição financeira. Contudo, depara-se com os jagunços contratados pelo impiedoso coronel Firmino, vivido por Enrique Diaz, que o acusa de invasor daquelas terras - eis aqui conflito essencial à narrativa.
Tenta dissuadi-los do mal, mas é em vão e, então, sofre as consequências por ter sido, vamos colocar assim, tão afrontoso. Jogado ali para morrer, pendurado de cabeça para baixo e em estado deplorável, Zé Inocêncio é salvo por um anjo: Rachid, vivido por Gabriel e Almir Sater. De fato, o herói Inocêncio se revela, como veremos em toda a trama, um sujeito de muita sorte. Pessoas importantes cruzam seu caminho, como a interessante Cândida, interpretada por Maria Fernanda Cândido, essencial à ascensão econômica do protagonista.
Logo depois, o espectador conhece Maria Santa e, por ela, se vê loucamente apaixonado. Com Maria, o patriarca teve quatro filhos: José Augusto (Renan Monteiro), José Bento (Marcello Melo Jr), José Venâncio (Rodrigo Simas) e o caçula, João Pedro (Juan Paiva), o único que não teve a oportunidade de conviver com a mãe. Mas, numa tragédia, morre ao dar à luz ao caçula, o que torna a relação entre pai e filho nos próximos anos estremecida.
‘Novela da vida’
Segundo Gustavo Fernández, ainda em comunicado da Globo à imprensa, reviver um clássico é uma tarefa que define como desafiadora, porque se trata de produto cultural com alto valor emocional. “É uma grande responsabilidade refazer a ‘novela da vida’ de tanta gente. No fundo é uma história que trata de relações familiares, conflitos, amores, perdas de pessoas queridas, entre outros assuntos. A obra do Benedito é uma dramaturgia atemporal.”
Há, por se tratar de Benedito Barbosa, dor. E muita. Inocêncio culpa João Pedro pela morte da mãe. A mágoa entre eles adquire outro tom quando pai e filho se apaixonam pela mesma mulher, a misteriosa Mariana, papel da atriz Theresa Fonseca. Quando se passaram 35 anos desde que Inocêncio fincou seu facão aos pés do Jequitibá, o protagonista agora é bem-sucedido, com negócios prosperando, mas há um ponto que ficou estagnado: sua vida pessoal. Decidiu não se relacionar com ninguém a partir do momento que Maria morrera.
As gravações foram realizadas na cidade de Ilhéus, região na qual se desenvolve a trama principal do folhetim. Fazendas de cacau também serviram de cenário para boa parte das cenas. Segundo a Globo, “Renascer” retorna ao horário nobre com imagens captadas em 4K, ou seja, em alta qualidade. A emissora carioca destaca ainda o som imersivo e lembra que, em 1993, ano em que o folhetim foi ao ar pela primeira vez, a resolução não passava de 720x480 pixels, ao passado que as câmeras atuais possuem 3840x2160.
Em 93, a novela foi um dos destaques do ano ao abordar a saga de um agricultor que chega ao sul da Bahia e consegue construir um império por meio do cultivo do cacau. No elenco da primeira versão, estava nomes como Antônio Fagundes, Adriana Esteves, Marcos Palmeira, Fernando Montenegro, Luís Carlos Arutin, Chica Xavier, dentre outros. “Renascer” começa após o “Jornal Nacional”, que termina às 21h30. (Com informações da Agência Estado)
‘Renascer’
Criado por Benedito Ruy Barbosa
Remake de Bruno Luperi
Começa após Jornal Nacional
Às 21h30
