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“Coraline” retorna aos cinemas de Goiânia em 2D e 3D

Relançamento marca 15 anos da estreia do primeiro filme indicado ao Oscar do estúdio de animação LAIKA, especializado no stop-motion

Cena do filme 'Caroline' Cena do filme 'Caroline'

Uma das animações mais aclamadas do século XXI, “Coraline” será relançada nos cinemas de Goiânia por tempo limitado a partir de quinta, 15, em sessões 2D e 3D. Baseado no romance de mesmo nome escrito por Neil Gaiman (“Sandman”), o filme acompanha a trajetória de sua personagem-título, uma garota curiosa e rebelde de 11 anos que, ao se mudar para uma antiga casa entediante, encontra uma porta que a leva para uma realidade paralela. Lá, tudo que era enfadonho na vida real se torna atraente, com uma peculiaridade: os habitantes humanos têm botões costurados no lugar dos olhos. Não demora muito para Coraline perceber que este novo mundo deseja mantê-la presa lá, para sempre.

Lançado originalmente em 2009, o filme dirigido por Henry Selick (“O Estranho Mundo de Jack”) foi indicado ao Oscar de Melhor Filme de Animação e incluído entre os 10 melhores longa-metragens do ano em questão pelo American Film Institute (AFI), uma das instituições de cinema mais prestigiadas nos EUA. Juntamente com outro indicado ao Oscar, “O Fantástico Sr. Raposo”, “Coraline” foi responsável por um reavivamento da animação stop-motion, método que consiste na fotografia de várias imagens estáticas de objetos manipulados fisicamente, que geram movimento quando colocados em sequência.

Divisor de águas

“Coraline” foi o primeiro longa-metragem lançado pelo estúdio de animação LAIKA, adquirido em 2002 por Phil Knight, proprietário da Nike, e inaugurado oficialmente em 2005. Desde então, a LAIKA realizou cinco filmes animados em stop-motion (“Coraline”, “ParaNorman”, “Os Boxtrolls”, “Kubo e as Cordas Mágicas” e “Link Perdido”), todos indicados ao Oscar de Melhor Filme de Animação. “Kubo e as Cordas Mágicas”, em particular, foi marcante por ser a segunda animação a ser indicada ao Oscar de Melhores Efeitos Visuais, após “O Estranho Mundo de Jack”. O próximo filme do estúdio, uma adaptação do romance “O Bosque Selvagem”, de Colin Meloy, tem estreia prevista para 2025.

Com “Coraline”, a LAIKA se tornou o primeiro estúdio na história da animação a utilizar uma impressora 3D para as diferentes expressões faciais de seus personagens. Nos primórdios do stop-motion, isto era feito através do “claymation”, o clássico estilo massinha, método onde as expressões dos personagens eram meticulosamente manipuladas por mãos humanas em argila, como em “A Fuga das Galinhas”, do estúdio britânico Aardman. No total, 15 mil expressões faciais foram impressas pela LAIKA, sendo lixadas e pintadas à mão. Dessa quantidade, mais de 6.300 pertenciam à protagonista.

Como o stop-motion é um método muito mais complexo de animação, levou muito tempo para que “Coraline” finalmente chegasse à sua versão final. O seu desenvolvimento se iniciou em 2002, com o término da escrita do romance de Neil Gaiman, que convidou Henry Selick para adaptar a trama em um estilo similar à “O Estranho Mundo de Jack”. Para completar o filme, a LAIKA contou com mais de 500 empregados, que trabalharam por mais de quatro anos no projeto. Deste período, 18 meses foram dedicados somente à fotografia principal, com cerca de 2 anos e 6 meses entre o período de pós-produção e a estreia do longa em 2009.

“Coraline” foi um sucesso de crítica e bilheteria, conquistando o prêmio principal do Festival de Annecy, especializado em animação, e mais de US$120 milhões ao redor do mundo, sendo o terceiro filme animado em stop-motion mais lucrativo da história, após “A Fuga das Galinhas” e “Wallace e Gromit: A Batalha dos Vegetais”, ambos da Aardman. Além disso, a obra de estreia da LAIKA venceu 3 das suas 8 indicações ao Annie Awards, o “Oscar da animação”, por sua trilha sonora, design de personagens e direção de arte, a última criando uma dualidade marcante entre o tom sépia do mundo real e a estética vibrante do Outro Mundo.

Visuais remasterizados

A versão de “Coraline” que será relançada nos cinemas foi remasterizada em 4K, fazendo ajustes na iluminação e na paleta de cores para aumentar o nível de textura da animação, que já era bem presente em seu lançamento original em 2009. Este mais recente relançamento global é uma expansão de uma reestreia limitada nos EUA que arrecadou mais de US$7 milhões em somente quatro dias, em agosto de 2023. O retorno do filme aos cinemas é uma parceria entre a LAIKA e a Trafalgar, empresa responsável por trazer gravações profissionais de concertos de artistas como Billie Eilish, BTS e Coldplay para as telonas.

Um dos aspectos mais interessantes do relançamento é que ele se dará em sessões 2D e 3D, com a versão em 3D sendo a mais recomendada para uma melhor experiência. Inclusive, “Coraline” também foi o primeiro filme animado em stop-motion a ser concebido e executado em 3D estereoscópico, usando dois quadros em diferentes ângulos fotografados pela mesma câmera, para criar um senso de perspectiva e profundidade mais complexos. Os efeitos não só funcionam para um deslumbre visual, como também colaboram para uma imersão mais profunda do espectador e intensificam a atmosfera sombria da trama, fazendo a adaptação da história cativante e arrepiante de Neil Gaiman ser uma porta de entrada perfeitamente adequada para o gênero do terror.

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