David Byrne
Diário da Manhã
Publicado em 14 de maio de 2015 às 02:47 | Atualizado há 4 meses
Nascido na pequena cidade Dumbarton, na Escócia, no ano de 1952, David Byrne consolidaria-se como músico algumas décadas depois, tornando-se um membro formador da aclamada banda nova-iorquina Talking Heads. Aos dois anos, foi levado por seus pais para o Canadá, depois para os Estados Unidos. Byrne conheceu dois de seus parceiros de banda no curso de design na universidade da cidade de Providence.
Chris Frantz, baterista, era namorado de Tina Weymouth, que aprenderia a tocar baixo para entrar na banda, devido a dificuldade de encontrar um baixista ideal quando mudaram-se para a gigante cidade de Nova Iorque. Jerry Harrisson se juntou à banda no ano de 1977, assumindo backing vocals, teclado e guitarra. Nesse mesmo ano foi lançado o primeiro álbum, Talking Heads 77, que tinha entre as faixas a canção Psycho Killer, um dos maiores sucessos do grupo.
Psycho Killer foi lançada em um estranho contexto da cidade de Nova Iorque, quando um serial killer aterrorizava a cidade. Isso fez com que a música fosse constantemente associada ao fato. Byrne, em entrevista ao livro Once in a Lifetime: the Stories Behind Every Song, revelou que, apesar da coincidência, a canção havia sido escrita quatro anos antes da aparição do assassino. Nos últimos anos, foi possível observar pelas ruas e carros sonorizados de Goiânia um novo estouro de uma versão remixada da canção.
Remain in Light
O auge do sucesso entre público e crítica veio no final dos anos 1970. Fear of Music, lançado em 1979, contava com produção do músico Brian Eno, símbolo de experimentos com música do estilo ambient, conhecido principalmente por seus trabalhos próprios, na banda Roxy Music e na produção do disco Low, de David Bowie, lançado em 1977. O interesse de Eno pelo trabalho do Talking Heads rendeu uma colaboração de longa data entre ele e os músicos, que serviu de base para o lançamento do disco seguinte, que seria consgrado como a obra prima da banda.
Remain in Light abria o caminho para a banda na recém-chegada década de 1980. O disco possui enorme variedade de sons e mescla de gêneros músicais, influência do interesse de pesquisar sonoridades de lugares pouco explorados musicalmente nos Estados Unidos. Esse interesse era uma característica marcante de Byrne, Eno, e os membros da banda. Vários músicos do gênero afrobeat, popularizado por artistas africanos como Fela Kuti (introduzido por Eno à banda), eram convidados para as apresentações ao vivo, que adquiriram um aspecto de concerto exotérico.
De lá para cá, através da visibilidade e do envelhecimento do disco, é possível enxergar a influência do Talking Heads, que ia além da cena new-wave da época, passando por várias gerações de músicos que desaguam na atualidade. Músicos como R.E.M., Vampire Weekend, Primus, Bell X1 e Radiohead declaram ter sido influenciados pela banda. O nome da banda Radiohead surgiu, inclusive, de uma canção do Talking Heads que aparece no disco True Stories, lanado no ano de 1986.
Tom Zé
Um dos motivos pelos quais a carreira do músico brasileiro Tom Zé ter voltado ao cenário principal da música popular brasileira (onde já havia estado na época do estouro do tropicalismo) foi o fato de David Byrne ter adquirido por engano seu disco Estudando o Samba, em 1986. Quando o músico, interessado em world music, visitou o Rio de Janeiro em busca de vinis de samba e pagode, teve o disco inserido em seu pacote pois o vendedor da loja confundiu-se com o título meio que didático do LP.
De volta aos Estados Unidos, David Byrne surpreendeu-se ao ouvir o trabalho do tropicalista, e ficou ainda mais chocado em saber que Tom Zé havia caido no anonimato, e convidou-o a fazer parte de sua recém-criada gravadora Luaka bop. No ano de 1990, foi lançada a coletânea “Massive Hits – The Best of Tom Zé”, que deu ao ex-tropicalista a oportunidade de registrar seu trabalho em uma série de álbuns a partir da década de 90. O impulso dado por Byrne contribuiu ainda com a fama internacional do cantor.