Os Detonautas têm viajado pelo Brasil com o show “Elétrico”, no qual interpretam para o público hits que atravessaram gerações, caso de “Outro Lugar”, “Você Me Faz Tão Bem”, “Olhos Certos”, “Quando o Sol se For” e “Retorno de Saturno”. O grupo desembarca em Goiânia, no sábado, 13, para se apresentar na pista de skate do Itatiaia, a partir das 19h.
Em outubro, os Detonautas levam o show para a Europa, tocando em Porto (dia 11) e Lisboa (dia 12), em Portugal, além de Dublin (Irlanda), dia 14. Sabe-se qual é a matéria-prima deles: letras sentimentais, baixo costurando o compasso na bateria, guitarra melódica, arranjos delicados. Ouviu, balançou, esse é o lance ali. É pra ficar gravado na memória, realmente.
Ou seja, Tico Santa Cruz, Fábio Brasil, Renato Rocha, Phil Machado e André Macca criaram uma uma receita infalível – basta a música entrar duas ou três vezes nos tímpanos pra já levar o leitor-ouvinte a mexer as pernas. São canções marcantes, símbolos de uma geração, talvez um dos últimos momentos relevantes do rock brasileiro – comercialmente falando.
Bons sons costumam grudar. Um rock simples, então, nem se fala. Em duas décadas, os Detonautas fizeram toda uma geração crescer cantando seus refrões ou tocando em guitarras distorcidas seus riffs barulhentos. Se pensar na saúde do rock nacional durante os anos 90, quando Planet Hemp, Nação Zumbi e Charlie Brown tentaram nadar contra a maré do axé, o grupo mostrou que power chords e a força da poesia ainda eram capazes de emocionar.
Como é preciso celebrar a música, o grupo festejou a trajetória construída ao longo desses anos com o “Acústico 20 Anos”. O primeiro volume do projeto, disponível no streaming, conta com as canções “O Dia que Não Terminou”, “Por Onde Você Anda?” e “Lógica”. Já o segundo EP trouxe as faixas “Só Uma Canção”, releitura do grupo Som da Rua, e “O Retorno de Saturno”, sucesso de 2008 da banda e excelente escolha para abrir o repertório.
“As músicas nascem no violão, né? A grande maioria nasceu ali. Então, nosso processo criativo foi o seguinte: ‘vamos pegar essas músicas, vamos tocá-las só violão e voz e vamos ver o que disso, que foi escolhido como repertório, nos emociona. Se a música funcionar só violão e voz, você pode ter certeza que qualquer arranjo que entrar ali – claro que feito com bom-senso – vai emocionar as pessoas”, diz Tico Santa Cruz ao Diário da Manhã.
Carreira
A marca das duas décadas é celebrada conforme o lançamento do primeiro álbum nacional do Detonautas, pela WEA, que estreou em 30 de setembro de 2002. Quem produziu esse disco foi o guitarrista Fernando Magalhães, do Barão Vermelho, uma das bandas mais importantes do rock brasileiro. Os hits “Outro Lugar” e “Quando o Sol se For” estão nessa obra – ambas as canções foram executadas à exaustão nas rádios durante os anos 2000.
De lá pra cá, o grupo acumulou sucessos e tocou pelo mundo inteiro. Até chegou a abrir nos anos 2000 para os californianos do Red Hot Chili Peppers. Em 2010, Detonautas lançaram acústico no qual os números, ainda hoje, impressionam: músicas com mais de 150 milhões de visualizações somadas no YouTube. Canções que embalaram a vida das pessoas e impulsionam momentos. Após esse lançamento, a banda passou 10 anos independente.
Mas não deixou de criar, como se pode observar pela discografia do grupo: “A Saga Continua” e “Álbum VI” são desse período. E os sucessos “Um Cara De Sorte” e “Por Onde Você Anda” também. Numa das passagens mais marcantes da carreira, na faixa “Você Vai Lembrar De Mim”, a sambista Alcione se juntou à banda para um bolero.
Atento ao debate contemporâneo, Tico Santa Cruz afirma que é preciso sempre lembrar que o rock nasceu do blues. “E o blues, por sua vez, é uma música dos povos pretos. Ou seja, nasceu originalmente da música negra e de uma mulher”, pontua, referindo-se a Sister Rosetta Tharpe, criadora do gênero maldito. “Cabe a nós evitar que a opressão seja sustentada e combatê-la de alguma uma maneira, usando a linguagem própria do rock.”
Detonautas
Sábado, 13, a partir das 19h
Pista de skate do Itatiaia