A banda que tocou com a cantora britânica Amy Winehouse se reúne em Londres, na Inglaterra, para celebrar os 40 anos da artista, falecida aos 27 anos, em 2011. Uma das vozes mais marcantes deste século 21, Amy teve ascensão meteórica no universo da música, com os discos “Frank” (2003) e “Back To Black” (2006), ambos criados numa sonoridade soul, funk e r&b. Amy completaria, se estivesse viva, 40 anos nesta quinta-feira, 14.
Amy trabalhou com o grupo desde o início de sua trajetória profissional, até sua morte precoce, por causa de intoxicação alcoólica. O diretor musical e baixista, Dale Davis, atua ainda como consultor na produção da cinebiografia da estrela, que não possui data para estreia. “Back To Black” - como o filme se chama - é estrelado pela atriz Marisa Abela.
Semanas atrás, a família da cantora divulgou trechos de diário privado escrito por Amy durante a adolescência. Ela se define, numa das passagens, como “diferente” dos outros colegas e chega a se questionar se um dia “o amor vai cruzar meu caminho”. “Estou feliz por ser diferente. Não é como se eu quisesse ser como todo mundo. Eu amo ter meu próprio estilo individual. Eu amo falar alto e falar mal das pessoas. É assim que eu sou”, descreve-se.
Lá pelas tantas, a cantora manifesta contrariedade com seu temperamento. “Às vezes, isso me corrói tanto que fico fisicamente violenta com aqueles que amo. Por mais que eu diga que sinto muito, é algo que eles nunca podem esquecer”, destaca a artista, em “In Her Words”, título editado pela HarperCollins. São 288 páginas, onde os fãs conseguem compreender melhor o talento de Amy para a escrita. Segundo a casa editorial, a obra acompanha a evolução criativa da cantora desde o norte de Londres à chegada ao estrelato.
Se a mistura de R&B, jazz e soul lhe moldou o visual e fez dele um símbolo old school em pleno século 21, ouvir a música de Amy Winehouse pode, ainda hoje, levar nossa memória musical obrigatoriamente a retornar ao universo musical de Ella Fitzgerald e Etta James, duas divas do jazz. E, claro, soa aos tímpanos como se estivéssemos pendurados no balcão do bar chorando as dores do amor. Já em “Frank” (2003), seu primeiro disco, Amy dava pistas: era um som que ficaria marcado e, cedo ou tarde, alçaria voos exorbitantes.
O sucesso fonográfico veio com “Back to Black”, três anos depois. R&B moderno mas docemente retrô, com o qual vendeu milhões de discos, Amy demonstrava logo na primeira faixa sua essência debochada, contestadora e autodepreciativa. “Rehab” tornou os demônios internos da cantora um cartão de visitas e, cada vez mais, ela passou a ser vista publicamente bebendo e se drogando. Fazer shows virara propósito secundário.
“Gosto de ter o meu estilo individual. Adoro falar alto, mandar bocas às pessoas. É assim que eu sou”, explica a cantora, em trecho vazado pelo jornal inglês “The Telegraph”. Noutro dos pensamentos da artista, Winehouse está às voltas com tema abordado nas suas letras: o amor e suas decepções. “Será que há alguém por aí, um tipo que seja doido como eu? Um bom rapaz com cabelo negro, que use óculos para ler e que seja um miúdo indie? Os piercings são opcionais. Com preferência para pronúncia escocesa ou irlandesa.”
Nascida em Londres no dia 14 de setembro de 1983, Amy Winehouse cresceu em Southgate. Era uma criança judia filha de pais da classe trabalhadora e criada com os clássicos cantados por Frank Sinatra e Dinah Washington. Os pais se separaram quando ela tinha nove anos. Apesar de ter vivido a maior parte com Janis, a mãe, a cantora tinha fortes laços com o Mitch, o pai. Aos 10 anos, criou uma dupla de rap chamada Sweet´m Sour e seu talento para o canto já impressionava na época em que estudava no Sylvia Theatre School.
Aos 16, tendo tocado em algumas bandas, começou a se apresentar sozinha, apenas com violão. Talentosa e dona de uma voz que remetia à black music americana – que tanto ouviu em casa -, um amigo lhe ofereceu o estúdio para gravar. Amy ficou fascinada. “Não entendia que podia ir até um estúdio sem pagar nada e escrever o que eu quisesse. Eu simplesmente não entendia o porquê”, disse numa entrevista à Rolling Stone, saindo, com frequência, para ir ao toalete dar uns ‘tiros’ e deixando a jornalista preocupada ao voltar com o nariz branco.
“Eu costumava fumar muita erva”, justificou a cantora, em entrevista publicada na edição de agosto de 2011, num obituário assinado pela jornalista Jenny Eliscu. Ela revelou, na ocasião, que a mudança da maconha para a bebida foi o que transformou sua musicalidade. “In Her Words” ainda não tem data para sair no Brasil. Assim como a cinebiografia.