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Digo traz neste fim de semana filmes aclamados a Goiânia

Obras brigam pelo troféu Digo e, caso saiam vitoriosas do festival, podem ter contratos com Cinebrac

O Festival Internacional de Cinema da Diversidade Sexual (Digo) se inicia hoje e vai até o próximo domingo, 30, no Cine Teatro Zabriskie, St. Pedro Ludovico, em Goiânia. Só na edição deste ano, por exemplo, o público acompanha 27 produções selecionadas a dedo pela curadoria para competir nas mostras Goiana, Nacional, Internacional e Longa, numa das iniciativas mais importantes para estimular reflexões sobre sexualidade que se tem aqui.

As obras brigam pelo troféu Digo e, caso saiam vitoriosas do festival, podem ter contratos com Cinebrac - plataforma de streaming focada no cinema nacional. Foram inscritos, segundo a organização, 459 filmes. Boa parte deles - 45% - originam-se da região Sudeste brasileira, ao passo que a Espanha - 5% - é o país com mais envio dentre as nações que se aventuraram a fazê-lo. 27 produções são voltadas a espantar qualquer estímulo à lgbtfóbia.

Se realizamos recorte por gênero cinematográfico, vamos observar que há uma predileção pelo documentário, talvez o que justifique o total de inscritos nesta edição: 18%. Já as animações, estilo que possui alta procura nas plataformas de streaming, representa apenas 1% do montante de pessoas que mandaram suas obras à organização. Mas o que guia o diretor Cristiano Sousa são três pontos - qualidade, emoção e contemporaneidade.

“A expectativa é alta dos realizadores, pois veem o Digo como uma janela para seus filmes. O festival difunde e distribui produções audiovisuais para um público ávido por representação. O mesmo acontece com os eventos culturais e de serviço voltados para o público LGBTQIA+, que vê o evento como uma oportunidade para a difusão cultural”, afirma Cristiano, à frente do festival nas outras sete edições, algumas das quais ocorridas no antigo Banana Shopping, próximo ao lendário Bar Ponto 12 - um clássico do etilismo, aliás.

Cristiano faz ecoar frase atribuída ao cineasta Wim Wenders, conhecido pelo sucesso de público e crítica que conquistou nos anos 1980 com o filme “Paris, Texas”. Para Wenders, o papel do cinema não é entreter. “É fazer sonhar”, diz. Nessa vibe, os cinéfilos acompanharão hoje, a partir das 19h, no Teatro Zabriskie, o filme de abertura “Casa Izabel”, de Gil Baroni. Ambientado nos anos 70, homens da alta sociedade procuram mulheres em fantasia de luxo e exuberância - um leitor mais atento vê nisso uma espécie de spleen baudelairiano.

Participações relevantes

Feita essa consideração a você, saiba que “Casa Izabel” reúne ainda participações relevantes de expressivos nomes da cena cultural paranaense. A trama é envolta em suspense, a tensão só cresce ali e, como há um passado de natureza ditatorial, as coisas precisam ser entendidas à luz de uma mirada queer. É uma das grandes obras a ser vista no Digo, ainda que na sexta-feira, 28, lá pelas 17h, haja sessão do filme “A Cozinha”, dirigido pelo ator e cineasta Johnny Massaro. Às 18h30, o público vê os seis filmes selecionados da Mostra Internacional.

Massaro - olha só - é aquele ator que até outro dia estava na novela “Terra e Paixão”. Estrelado pela atriz Julia Stockler (“A Vida Invisível”) e pelo ator Felipe Haiut, a trama retrata a tentativa de Miguel (Haiut) em superar uma depressão. Em busca disso, ele chama Rodrigo, um velho conhecido, para jantar em sua casa. Mas Letícia, a ex, surge do nada. A atmosfera constrangedora, agora lá nas alturas, se intensifica ainda mais quando Rodrigo aparece com Carla, que é sua noiva - engazopada no vinho, Letícia suscita lembranças sobre sexualidade do antigo companheiro e traz uma memória que redefine os rumos da noite.

“A Leticia vai até o fim quando quer alguma coisa e eu tive sorte porque até hoje só fiz personagens muito fortes na minha carreira. Personagens que lutam por seu espaço, mulheres feministas. Fico muito grata pela estrada que a minha vida toma”, declarou Stockler, durante Festival do Rio, ano passado - Julia, inclusive, é cunhada de Johnny. “Como Johnny é ator, ele tem cuidado grande com a direção dos atores, que é uma coisa que a gente não tem tanto. O olhar dele com os atores e o nosso processo foi muito intenso.”

Ainda na sexta, o longa-metragem “Música + Amor + Dança + Sodomia", de Leonardo Menezes & Rian Córdova, vai poder se assistido pelo público. Já no sábado, 29, a partir das 15h, ocorre o lançamento do livro “Anos 80: A História de Uma Amizade Perdida”, de autoria do escritor Luiz Galvão. No mesmo dia, exibe-se as obras da Mostra Nacional. Já a Goiana, composta por seis curtas, será apresentada ao público depois das 20h.

No domingo, 30, às 15h, o longa-metragem “Afeminadas", do diretor Wesley Gondim, de Brasília, vai ser exibido no Digo. E, às 17h, será a vez de “Não é a Primeira Vez que Lutamos Pelo Nosso Amor”, de Luiz Carlos de Alencar, Rio de Janeiro. “Estamos aqui, resistentes e resilientes mais uma vez com o nosso propósito de luta e de esperança e com uma discussão: Para onde vai o nosso ‘pink money’”, afirma Cristiano.

Goiás marca presença

De Catalão, o ator Daniel Pires estreia como diretor de cinema com o lançamento do filme “Por Onde Eu For Não Haverá Rastros”. O curta-metragem será exibido pela primeira vez no Festival Internacional da Diversidade Sexual e de Gênero de Goiás (Digo), que acontece de 27 a 30 de julho no Cine Teatro Zabriskie, em Goiânia.

O filme retrata história de André, um jovem com sonhos de liberdade que está prestes a se mudar de Goiânia para São Paulo. Antes disso, ele precisa acertar as contas com seu tio Lázaro, um homem gay de meia-idade e figura central na vida de André. Em meio a esse encontro, o jovem encara seus conflitos internos, enquanto redescobre sua identidade.

O diretor afirma que Lázaro é peça crucial, representando a geração LGBTQIAPN+ dos anos 1980 e 1990, a quem ele toma por referência. O próprio apartamento em que Lázaro vive se torna um cenário fundamental para o enredo do filme, um lugar cheio de cor, permeado por memórias e onde a complexidade das relações familiares se engendra.

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