Em meio à Guerra do Vietnã, Michael Lang pôs de pé festival “paz e amor”
Estadão Conteúdo
Publicado em 9 de janeiro de 2022 às 23:13 | Atualizado há 3 anos
David Porter
Associated Press
Michael Lang, promotor e co-criador do festival musical de Woodstock em 1969, que marcou várias gerações de fãs, morreu. Michael Pagnotta, um porta-foz da família de Lang, disse no domingo, 9, que o homem de 77 anos estava lutando contra um linfoma não-Hodgkin e se foi no sábado no New York’s Memorial Sloan Kettering Cancer Center. “Ele foi uma figura absolutamente histórica e também um grande cara”, disse Pagnotta, que conheceu Lang por cerca de 30 anos, à agência Associated Press.
Junto
aos parceiros Artie Kornfeld, John Roberts e Joel Rosenman, Lang pôs de pé o
festival descrito como “três dias de paz e música” no verão de 1969 enquanto a
guerra do Vietnã avançava e levava ao aumento do número de jovens
norte-americanos insatisfeitos a se afastar de valores tradicionais e abraçar
um estilo de vida que celebrasse a liberdade de expressão.
Aproximadamente
400 mil pessoas foram ao vilarejo de Betel, cerca de 50 milhas (80 quilômetros)
a noroeste de Nova York, e enfrentaram engarrafamentos quilométricos, chuvas
torrenciais, falta de comida e instalações sanitárias superlotadas. Mais de 30
atos ocorreram no palco principal do festival na base de uma montanha situada
nas terras do fazendeiro Max Yasgur, e os espectadores assistiram a lendárias
performances de artistas como Jimi Hendrix, Carlos Santana, The Who e Jefferson
Airplane.
Lang,
ostentando uma cabeça cheia de cabelos castanhos, é visto ao longo do
documentário de 1970 de Michael Wadleigh que fez uma crônica do festival. “De
início, eu acreditei que se nós fizéssemos nosso trabalho direito, partindo do
coração, preparando o terreno e lançando a pedra fundamental, as pessoas
revelariam o alto de si mesmas e criariam algo maravilhoso”, escreveu Lang
em seu livro de memórias, The Road to Woodstock.
Lang e
outros tentaram organizar um concerto em 2019 comemorando o 50º aniversário do
Woodstock original, mas o esforço foi por água abaixo por questões financeiras
e a dificuldade em encontrar um local. Em uma entrevista à AP à época, Lang
chamou a experiência de “uma viagem realmente bizarra” e disse que
continuava a ter esperanças de mais um festival no futuro.
Apesar
de Woodstock ser geralmente visto como pioneiro criador dos festivais musicais
de larga escala, ele não foi o primeiro a ocorrer nos Estados Unidos. Dois anos
antes, o festival pop de Monterey atraiu cerca de 200 mil pessoas à Califórnia,
e em 1968 ocorreu o festival pop de Miami, o qual Lang também organizou. Mas
Woodstock, no entanto, ocupa um lugar cativo na história.
“Um monte deles foram modelados com base em Woodstock – Bonnaroo e Coachella, em particular”, afirmou Lang sobre outros festivais em entrevista de 2009. “Havia um ritual que nós criamos que continua sendo replicado.” (Via Estadão Conteúdo)