Valorizar a cadeia produtiva das artes visuais em um estado em que as galerias são escassas. Este é o intuito principal da já tradicional Feira de Arte Goiás (Fargo), que está em sua 5ª edição. O evento, desta vez, homenageia o artista plástico Amaury Menezes. Começa hoje - a abertura é apenas para convidados - e se estende até o próximo domingo, 28, nas galerias do Museu de Arte Contemporânea de Goiás, localizado no Centro Cultural Oscar Niemeyer.
A Fargo é considerada a maior feira de negócios em arte do Centro-Oeste. Desde 2017, por exemplo, somando quatro edições anteriores, recebeu presencialmente cerca de 25.000 pessoas e outras 50.000 acessam o site na versão online desde 2021.
Seu formato já é conhecido: stands de expositores, galerias, escritórios, coletivos de arte, espaços institucionais e de parceiros de segmentos relacionados. Ao visitar a mostra, pode-se conferir ainda lançamento de diversos livros e palestras, leitura de portfólios de nomes celebrados no cenário artístico e, claro, se deparar ainda com obras de grandes artistas, a exemplo de Armarinhos Teixeira, Siron Franco ou Poteiro.
“Além de fomentar as artes como um todo, a feira também é pensada para contemplar a diversidade e oferecer um variado mix de atrações, como experiência social, transcendendo as artes visuais; além dos espaços de convivência (lounges), DJs e um café”, conta Wanessa Cruz, uma das diretoras da feira, em entrevista ao Diário da Manhã.
Participam as galerias Arte Plena Casa Galeria (GO), Cerrado Galeria de Arte (GO), Aura Galeria (SP), Oca Goyaz Escritório de Arte (GO), Oto Reifschneider Galeria de Arte (DF).
Fortalecimento
De acordo com Sandro Tôrres, outro diretor da Fargo, a feira se torna necessária em uma cena que necessita de fortalecimento de seus profissionais e espaços. “Quando se vê o trabalho de um artista pronto se esquece da quantidade de pessoas envolvidas, como curadores, tipógrafos, críticos, jornalistas e fotógrafos, montadores”, afirma.
Nesse cenário, também busca a profissionalização das relações profissionais nas artes visuais em um momento de certa escassez de galerias em Goiânia. “Na década de 1980 tinha uma profusão delas, hoje são raras. Sem galerias, as relações artísticas se tornaram domésticas e menos profissionais foram desaparecendo os marchands, art advisor, curadoradores.”
O coordenador aponta ainda o enfraquecimento de instituições culturais, como os museus, que, para ele, é fruto da falta de uma política cultural fortalecida. “As coisas vêm de cima para baixo, quando acontecem gestões em todas as esferas dos aparelhos culturais de forma consciente e profissional, isso aparece para sociedade”, analisa.
Sandro acrescenta que, dentro de um cenário carente, a Fargo, em suas quatro edições e com a sexta confirmada, já tem um legado em favor da arte e seus profissionais. “Hoje podemos ter um mercado mais pujante, haja visto que veio uma galeria gigante para Goiânia e as pessoas começam a acreditar mais porque começam a enxergar mais possibilidades, mais profissionais para fazer negócio e fazer interlocução”, diz. A entrada é franca.
Evento homenageia Amaury Menezes
Durante os quatro dias da Fargo, os visitantes vão poder entrar em contato com a vida e obra de um dos artistas mais queridos e competentes na cena goiana: Amaury Menezes. Ele será o grande homenageado desta edição.
A mostra terá o lounge Amaury Menezes. Será um espaço em que vai haver uma pequena exposição de seus trabalhos, um texto escrito por Sandro Tôrres e, além de tudo, serão exibidos documentários sobre a vida do artista.
“Amaury é um grande artista e uma figura que é praticamente unanimidade no cenário das artes. Todo mundo gosta e tem grande respeito por sua generosidade e por tudo que representou pelas gerações artísticas. Está com 92 anos e lúcido e vai comparecer à feira. Acredito que temos que homenagear nossos grandes artistas em vida”, explica Sandro.
Desde que cursou a escola Goiana de Belas Artes, onde foi orientado por nomes como o DJ Oliveira, Gustav Ritter e Luís Curado, a trajetória de Amaury Menezes foi ascendente. Atuou como professor de Desenho e Plástica na lendária Escola Goiana de Belas Artes e foi autor do livro “Da Caverna ao Museu: Dicionário das Artes Plásticas em Goiás”.
Participou de diversas exposições em Goiás e fora do Estado. Dentre outras técnicas, utiliza, principalmente, a aquarela e a tinta óleo. Sua obra é uma espécie de crônica das cidades e seus indivíduos. Mas o seu tema preferido é, sem dúvidas, Goiás, sua gente e, sobretudo, a capital. “Goiânia é meu laboratório…”, disse o artista em entrevista ao DM, em 2015.
Fargo
Centro Cultural Oscar Niemeyer
Abertura: hoje (convidados)
Visitação: de quinta a domingo, 28
Horário: 14h às 22h
Entrada franca