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Feira literária celebra obra da poeta Cora Coralina no Martim Cererê

Evento quer se instalar no calendário cultural goiano para estimular a prática da leitura desde a infância

Martim Cererê recebe evento livreiro entre hoje e quinta-feira, 3 - Foto: Secult/ Divulgação Martim Cererê recebe evento livreiro entre hoje e quinta-feira, 3 - Foto: Secult/ Divulgação

Ponto importante da cultura goiana, o Martim Cererê (Setor Sul) recebe a partir de hoje a 1ª Feira Literária de Goiás, a Flig, a partir das 8h. O evento será realizado até a quinta-feira, 3.

Conforme os organizadores, a Flig é gratuita. É preciso, todavia, formalizar inscrição pelo site do evento (https://eventos.ifgoiano.edu.br/flig/). A feira quer se instalar no calendário cultural goiano para trazer diversidade, arte e, claro, literatura — razão de ser do rolê.

Em comunicado, a Flig reforça também que a programação foi pensada para atender a todos os públicos, com uma pluralidade de atrações — como rodas de conversa, teatro interativo, poesia encenada, shows de artistas locais, performances de dança, coral, entre outras.

Haverá ainda espaços dedicados às crianças, em que haverá contação de histórias e atividades lúdicas que estimulam gosto pela leitura na infância. As atividades terão início no dia 1º, a partir das 8h e seguem ao longo do dia, porém, a abertura oficial acontece às 19h30, no Teatro Yguá, com apresentação musical de Olliver Mariano e Mulheres Coralinas.

A feira também terá troca de livros, incentivando o intercâmbio literário entre os participantes. Nesta edição, a Flig abre espaço para a apresentação de trabalhos submetidos e aprovados, abordando temáticas relacionadas à literatura.

Neste ano, a poeta Cora Coralina é homenageada. Palestras falarão de sua trajetória. Haverá ainda mesas-redondas e oficinas, abordando assuntos como: a formação do professor leitor, literatura e relações étnico-raciais, interculturalidade indígena, dimensões pedagógicas e afetivas da literatura, a influência da digitalização na leitura e escrita.

Em 95 anos de vida, Cora fez um pouco de tudo: foi doceira, mudou-se para São Paulo e sentiu o gosto amargo do machismo. Seu marido Cantídio Tolentino Bretas, com quem teve quatro filhos, proibiu-a de participar da Semana de 22, após a escritora receber convite da turma de Oswald de Andrade. Sem escolha, sobrou-lhe as escusas daqueles dias lembrados até hoje como um marco que apresentara a modernidade estética ao Brasil.

Cora escreve desde a adolescência. Nascida em 1889 numa família com origens aristocráticas, a escritora teve educação em casa por uma mestre-escola, cursando apenas os quatro primeiros anos primários. Embora com pouca escolaridade, aos 14, publicou seus primeiros contos e poemas em jornais que circulavam na Cidade de Goiás, então capital goiana e berço da cultura local. Neste período, ao fugir da repressão familiar, optou por assinar Cora Coralina, conheceu o futuro esposo e continuou escrevendo, mas sem publicar.

Enviuvada em 1934, Cora passou a residir na capital paulista e, atrás de dinheiro para sustentar os filhos, ela virou vendedora de livros na editora José Olympio, uma das mais importantes do Brasil naquele tempo. Em 1956, com mais de sessenta anos, a escritora decidiu voltar para a cidade natal, onde escolheu a profissão de doceira e de cujo ofício extraiu a subsistência que lhe sustentou até o fim da vida, em 1985.

Onze anos depois de voltar à Cidade de Goiás, Cora publica pela primeira vez seus escritos, na obra “Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais”. “Agora ela era vista como velhinha metida a poeta”, diz Ebe. Em 1979, Cora recebeu uma carta do poeta Carlos Drummond de Andrade, que tomou para si a tarefa de apresentar a escritora vilaboense para o Brasil. Drummond não a conhecia, porém havia se encantado pelos versos coralinos.

Amanhã, a partir das 14h, as cantoras Cláudia Vieira e Maria Eugênia se apresentam no Cererê durante a Flig. As artistas interpretarão canções marcantes da música brasileira.

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