Cultura

‘Ficções’ perpassa história da humanidade em peça

Marcus Vinícius Beck

Publicado em 2 de junho de 2023 às 00:02 | Atualizado há 2 anos

Com mais de 23 milhões de cópias vendidas em todo o mundo, o livro “Sapiens – uma breve História da Humanidade”, obra escrita pelo filósofo Yuval Noah Harari (L&PM, 464 páginas, 2015), é o ponto de partida para o espetáculo “Ficções”, idealizado pelo produtor Felipe Heráclito Lima e escrito e encenado por Rodrigo Portella. 


O monólogo, sucesso de crítica e público no eixo Rio-SP, marca o retorno de Vera Holtz aos palcos e chega ao CCBB Brasília para uma temporada que vai de 15 de junho até 9 de julho. Em grande estilo, com charme, energia e força cênica, a interpretação da atriz deixa o espectador hipnotizado, convencendo-o de que o teatro pode ser uma ferramenta para transformar o mundo – isso tudo durante uma hora e meia, tempo de duração da peça. 


Vera se desdobra em cena. Ora interpreta personagens criadas por Yuval e, de repente, vive as criações de Rodrigo. Aos 70 anos, ela canta, improvisa, conversa com o filósofo, brinca, instiga, provoca e até interage com o músico Federico Puppi, autor da trilha original. Em outros momentos, encarna a narradora, mas às vezes é a própria atriz que fala. 


“Eu gosto muito desse recorte que o Rodrigo fez, de poder criar e descrever, de trabalhar com o imaginário da plateia”, afirma Vera. Publicado em 2014, o livro de Harari consegue, com linguagem leve, retratar o diferencial do homem em relação às outras espécies, que é a sua capacidade de inventar, de criar ficções, de imaginar coisas coletivamente e, com isso, tornar possível a cooperação de milhões de pessoas – o que envolve praticamente tudo ao nosso redor: o conceito de nação, leis, religiões, sistemas políticos, empresas etc. 


Mas também o fato de que, apesar de sermos mais poderosos que nossos ancestrais, não somos mais felizes que esses. Partindo dessa premissa, o livro indaga se estamos, ou não, usando nossa característica mais singular para construir ficções que nos proporcionem, coletivamente, uma vida melhor? “É um livro que permite uma centena de reflexões a partir do momento em que nos pensamos como espécie e que, obviamente, dialoga com todo mundo”, analisa Felipe H. Lima, que comprou os direitos para adaptar o livro, em 2019.


Questões trazidas


Instigado pelas questões trazidas pelo livro e pela inevitável analogia com as artes cênicas – por sua capacidade de criar mundos e narrativas – o encenador Rodrigo Portella criou um jogo teatral em que a todo momento o espectador é lembrado sobre a ficção ali encenada. “Um dos principais objetivos é explorar o sentido de ficção em diversas direções, conectando as realidades criadas pela humanidade com o próprio acontecimento teatral”, resume. 


“Ao começar a ler, entendi que não era isso. Era preciso construir uma dramaturgia original a partir das premissas do Harari que seriam interessantes para o espetáculo. Em nenhum momento, no entanto, a gente quer dar conta do livro na peça. Na verdade, é um diálogo que a gente está estabelecendo com a obra”, conta, em material de divulgação.


‘Ficções’ 


De 15 de junho a 9 de julho


Quinta a sábado, às 20h. Domingo, às 18h 


Teatro do Centro Cultural do Banco do Brasil


Setor de Clubes Especial Sul, em Brasília


Capacidade do teatro: 327 lugares 


7 espaços para cadeirante e 03 assentos para pessoa portadora de obesidade


Classificação indicativa: 12 anos


R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia)

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias