Irreverente na música, de personalidade inconfundível. Gal Costa é um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira (MPB) e deixa, nesta quarta-feira, 9, um país em luto com sua morte aos 77 anos de idade.
Nascida em Salvador, Maria da Graça Costa Penna Burgos iniciou sua carreira em 1965 quando se apresentou ao lado de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia, desde então, ela se dedicou inteiramente à música e completou 57 anos de carreira. Gal gravou 223 obras musicais de Caetano Veloso, dentre elas "Baby", "Divino Maravilhoso" e "Como 2 e 2".
Seus grandes sucessos foram marcados junto a parcerias de cantores da MPB, como as canções "Coração Vagabundo e "Lágrimas Negras". O disco "Tropicália" foi o divisor de águas da carreira da artista, o qual fez muito sucesso com as canções "Mamãe Coragem" e "Enquanto seu lobo não vem", sem falar no álbum "Legal", de 1970, com as famosas "Eu sou terrível" e "Falsa baiana".
Alguns clássicos que marcaram a carreira de Gal Gosta foram "Meu nome é Gal", "Meu bem, meu mal", "Barato Total" e "Pérola Negra" e a música de abertura da novela "Gabriela", da Rede Globo, intitulada "Modinha para Gabriela". Triunfava nas melodias do Brasil, então, uma artista que acumulava sucesso atrás de sucesso.
Sempre discreta sobre a vida pessoal, Gal optou por uma carreira minimalista, sem rebeldia, revelando, em entrelinhas, seu lado mais intimista. Em entrevista exclusiva ao Diário da Manhã em maio de 2022, Gal comentou sobre sua biografia fotográfica e o filme sobre sua vida "Meu nome é Gal".
“Eu sou todas as Gals juntas, não dá para desvincular uma da outra, mesmo que sejam em projetos que eu não tenha me envolvido, como na biografia fotográfica e no filme", disse.
Apesar de discreta, Gal era ousada, seu disco "Fa-Tal, por exemplo, foi considerado pelos críticos como o mais importante da artista. Em plena década de 1970, em uma sociedade mais conservadora, Gal era potência feminina ao lado de grandes nomes como Elis Regina e Rita Lee. De fato, fatal era a presença imponente de mulheres que contrariaram a ditadura e usaram a voz como protesto e resistência.
Eterna tropicalista
"Ser tropicalista é buscar sempre o novo", esta frase dita por Gal Costa ao Diário da Manhã revela a verdadeira paixão da cantora. O tropicalismo buscava uma renovação musical ao fundir gêneros como pop, rock, baião e caipira. E de renovação vivia Gal, que era tudo ou nada.
"Acho que ser tropicalista é buscar sempre o novo, não ficar na zona de conforto”, Gal Costa
Apaixonada pela música, ela viveu cada segundo se dedicando à arte, era onde encontrava sua essência.
“Tudo o que eu fiz está perfeitamente inserido na minha história como cantora. Acredito que isso se dê pelo fato de eu gostar de ousar sempre. É um coisa de ímpeto mesmo, da minha personalidade.”
Na entrevista, uma frase da cantora ficou marcada: "Meu projeto é trabalhar até quando eu puder, cantar até quando Deus quiser”. E assim ela fez, resistiu até o último segundo o exemplo de tropicalismo e triunfo da MPB, que renovou o cenário musical ao lado de vários artistas e serviu de influência para as gerações seguintes. A cultura andava de mãos dadas com Gal, que em ada álbum trazia uma nova reflexão, desde "Aquarela do Brasil" até "Nenhuma Dor".
Em maio deste ano, Gal estreou em Goiânia o show "As várias pontas de uma estrela"., no qual reavivou seus grandes sucessos junto ao público. Seu próximo show seria em São Paulo, no dia 17 de dezembro.
Gal Costa deixa o filho Gabriel, de 17 anos, principal inspiração para seu álbum "A Pele do Futuro".