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Go Home leva para Teatro Goiânia canções espiritualizadas do U2

Grupo promete percorrer sucessos e, quem sabe?, algumas faixas ‘lado B’ da discografia construída pelos irlandeses

Sons da espiritualidade: banda tem mesma formação desde início, nos anos 1970 - Foto: Danny North / Divulgação Sons da espiritualidade: banda tem mesma formação desde início, nos anos 1970 - Foto: Danny North / Divulgação

Uma das cenas mais transformadoras é BB King mostrando para Bono Vox e The Edge que uma nota, se tocada com alma e sentimento, vale por mil. Essa imagem comovente está no filme “Rattle and Hum”, lançado em 88. De fato, BB era um homem simples. E o blues, ao ouvirmos o som que sai daquela Gibson Lucille, se revela um gênero misterioso. O guitarrista se expressava por meio da música. Bono e Edge entenderam muito bem isso.

O U2 - talvez por isso - é uma boa banda. Bono é inteligente, audacioso, engajado, talentoso e inquieto. Já Edge construiu melodias bonitas, como “Walk On”, faixa do disco “All That You Can't Leave Behind”, de 2000. Mas não se trata de uma canção tão gravada assim na memória afetiva do fã mais antigo. Para essa figura, “Sunday Bloody Sunday”, “Pride”, “With or Without You” ou “New Year 's Day” falam mais alto e, por lógica, são melhores.

Só que a banda Go Home, que se apresenta neste sábado, 30, a partir das 20h, no Teatro Goiânia, inclui no repertório umas outras: “Beautiful Day” e “Vertigo”. Uma saiu no disco “All That You Can't Leave Behind” enquanto a outra integra “How to Dismantle an Atomic Bomb”, álbum que veio ao mundo em 2004. O espetáculo “Uma Viagem Musical”, que passa pela Capital no fim de semana, abrange ainda “Stay” e “Until the End of The World”. Bem que poderia rolar “When Love Comes To Town”, o tal dueto com a lenda do blues…


		Go Home leva para Teatro Goiânia canções espiritualizadas do U2
De olho na lenda: Bono Vox aprendeu com BB King a extrair sentimento das notas. Foto: Youtube

Rolando ou não, todas são boas. As letras, em grande medida com imagens poéticas de cunho espiritual, têm como foco discursivo temas existenciais e expressam também preocupações de cunho sociopolítico. Já no terceiro disco, “War”, de 83, o U2 colocou nas paradas a inconfundível “Sunday Bloody Sunday” e o hino pacifista “Pride (In The Name Of Love)”. As composições consolidaram no público uma imagem politizada e consciente.

Formada em 1976 no Mount Temple Comprehensive School, na cidade de Dublin, Irlanda, o U2 exibiu anos 1980 adentro enorme vocação para se apresentar em palcos grandiosos. Até hoje, o show do grupo no Live Aid, em 85, é citado por fãs como um dos maiores feitos da banda. Mas, além da capacidade de hipnotizar plateias, Bono e companhia têm bons discos no currículo: o melhor que fizeram, sem dúvida, é “The Joshua Tree”, lançado em 87.

Para se ter uma ideia da relevância musical, a revista “Rolling Stone” considera que a obra levou o U2 à condição de heróis e super-estrelas. É o maior feito comercial da banda, com 25 milhões de cópias vendidas, além da balada “With or Without You” e da gospel “I Still Haven't Found What I'm Looking For”, carros-chefe do elepê. Em 88, chegou às lojas “Rattle and Hum”, que possui, dentre tantas preciosidades, o já falado dueto com BB King, músico que emprestou o brilho de sua guitarra para iluminar o som dos irlandeses.

Pacifismo

Bono Vox sempre acreditou que, antes de The Who, Rolling Stones ou Led Zeppelin, bandas que viraram a Inglaterra de ponta-cabeça nos anos 60 e 70, já tinha se maravilhado pelo tom pacifista de “Imagine”. “Acho que tinha doze anos, foi um dos meus primeiros discos. Aquilo me incendiou. Era como se John Lennon estivesse sussurrando em seu ouvido as ideias dele do que era possível. Aos 14, me voltei para ‘Plastic Ono Band’ e Bob Dylan”, rememorou, numa entrevista ao jornalista Jann Wenner, fundador da “Rolling Stone”.

Nos anos 90, para não ser taxada como uma banda velha, o U2 enveredou pelos caminhos da música eletrônica no disco “Zooropa”. Segundo o cantor David Bowie, simpatizante do som tocado por Bono e seus amigos, o grupo pode ser só sobre shamrocks e marcos alemães para alguns. “Só que eu sinto que eles são uma das poucas bandas de rock tentando sugerir um mundo que vai continuar depois da próxima grande muralha — o ano 2000”, declarou.

Havia sensação, nessa época, de que ninguém queria escutar mais o som de guitarra elétrica. Isso se traduziu na musicalidade dos irlandeses. Os três discos feitos na década de 90 - “Achtung Baby” (1991), “Zooropa” (1993) e “Pop” (1997) - revelavam flerte desvairado com o universo techno, dance e eletrônico. A musicalidade orgânica, de guitarra, baixo e bateria, retornou na virada para o novo milênio, com o disco “All That You Can't Leave Behind”, obra que trouxe para o estúdio de volta os produtores Brian Eno e Daniel Lanois.

Tanto Brian quanto Lanois criaram sucesso de vendas: “All That…” acumulou 12 milhões de cópias. Eles trabalharam com Larry Mullen Jr (bateria), Adam Clayton (baixo), The Edge (guitarra) e Bono Vox (vocal) nos elepês “The Unforgettable Fire” (1984), “The Joshua Tree” (1987) e “Achtung Baby” (1991). “Havíamos tomado a desconstrução do rock para o enésimo grau absoluto”, declarou Edge, na ocasião. Nos discos seguintes, o U2 procurou não se distanciar das raízes sonoras. Linhas de baixo e guitarras melódicas, teclado e bateria.

“A intenção não é imitar, e sim homenagear. Se as apresentações remetem à banda original, isso acontece de forma orgânica e natural, pois a verdadeira intenção é divertir os espectadores por meio de um som singular e inconfundível”, afirma o vocalista do Go Home, Shidarta Fonseca. Ele é acompanhado por Rogério Tadeu (guitarra), André Rotondo (bateria) e Clifor Maciel (baixo). Ingressos a partir de R$ 70 pelo app Bilheteria Digital.

Uma Viagem Musical

Sábado, 30, às 20h

Teatro Goiânia

Rua 23, n. 252, St. Central

A partir de R$ 70

Bilheteria digital

Classificação: livre


		Go Home leva para Teatro Goiânia canções espiritualizadas do U2
De Minas e Goiás: Go Home afirma que homenageará grupo de rock irlandês, em vez de imitá-lo -. Foto: Jorge Pereira/ Divulgação

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