O festival Goiânia em Cena se inicia nesta segunda, 16, e vai até o próximo domingo, 22. Inserido no calendário que comemora os 90 anos da Capital, o evento basila-se na tentativa de fortalecer a cena cultural goianiense e, de quebra, possibilitar ao público um cardápio requintado de artes cênicas. São espetáculos baseados em livros da literatura regional (“Nega Lilu”), números de dança (“Aparecidas do Por Quá”) e shows (Débora di Sá).
Quem abre o festival é a Nu Escuro, uma das tradicionais de Goiânia, com “Plural”. A peça é montada nesta segunda, às 19h, no Goiânia Ouro, Rua 3. Com 50 minutos de duração e sob direção de Izabela Nascente, o espetáculo conta história da menina Maria: lembranças, universo rural que vai até o urbano, histórias vividas e sentidas. É bonito e, em igual medida, intenso - créditos aos atores Abilio Carrascal, Adriana Brito e Eliana Santos.
Eles vão - sem medo - na nossa jugular: encanto e medo, violência e coragem, lamento e alegria são sentimentos que “Plural” desperta na plateia. Isso ocorre pelo fato de a trama ser tensionada entre drama e poesia, tragédia e humor. Daí os atores e atrizes em cena cantarem, dançarem, tocarem cantigas populares, como numa brincadeira que perambula do aspecto cênico à animação, passando pela música que se cruza a um caleidoscópio infantil.
Findada a peça teatral, às 20h, artistas do teatro, da dança e circo recebem homenagem, numa cerimônia que, de acordo com a Prefeitura, pretende dar-lhes “reconhecimento pelos serviços prestados à sociedade goianiense”. Depois, no segundo dia de Goiânia em Cena, o palco se desloca à antiga Estação Ferroviária (Praça do Trabalhador), onde está localizado o Museu Frei Confaloni: lá rola, entre 15h e 17h, apresentação do Grupo de Teatro Arte & Fatos, com “Os Avessos”. Mais tarde, às 19h, o Laheto recebe “Circo Magia e Estripulias”.
Cenário
Para o secretário de cultura, Zander Fábio, o festival Goiânia em Cena apresenta ao público a evolução do cenário cênico da cidade, sempre de olho nas histórias de nossa gente, na tradição popular e nas personalidades inseridas nesse contexto. “É um festival que reúne grandes nomes do teatro, do circo, da dança e, o melhor de tudo, os espetáculos são oferecidos gratuitamente para a população”, afirma Zander, que assumiu a Secult em 2021.
Um dos melhores é montado na quarta, 18, a partir das 20h. Baseado no romance “Sem Palavras”, de Larissa Mundim e Valentina Prado, a peça coloca embaixo das luzes a coreógrafa Valeska Vaishnavi, que propõe materialização de estados emocionais que circundam uma história romântica vivida por duas mulheres: Nega e Lilu. O livro, publicado em 2013 pela negalilu, evoca os trejeitos estilísticos do escritor Henry Miller, autor do censurado “Trópico de Câncer” (1934), e da escritora Anais Nin, de “Delta Vênus” (1977).
Se você não sabe, a matéria-prima deles é o sexo. E Larissa e Valentina, com certeza, vão pela mesma toada, apostando no tempero do desejo. A narrativa percorre uma história de amor - e tesão - vivida por Laura Passing (Nega), cujos textos assinados por ela foram redigidos por Mundim, e Brisa Martin (Lilu), de autoria de Prado. É uma obra excitante, além de ser uma ode ao amor e sua diversidade. A classificação indicativa é 14 anos.
Já na abertura a prosa pega fogo. “Nos entreolhamos e temos pouquíssimo tempo. Me aproximo. Sem comentários, beijo cuida dosamente seu lábio superior antes de introduzir minha língua em sua boca. As línguas se encontram, existe tensão e diálogo ali. Você me quer. O beijo funciona. Começo a me excitar. Atenta às sutilezas, nos afastamos sem palavras”, escreve Passing, no primeiro capítulo, batizado de “Sem Palavras”.
O Circo Laheto ministra na quinta, 19, atividade formativa das 9h às 12h, na sede do projeto. A oficina gratuita será de malabares, tecido acrobático, acrobacias de solo e cama elástica. No Centro Cultural da UFG, de forma simultânea, ocorre oficina de dança contemporânea com o Colectivo La Vitrina, do Chile. As inscrições devem ser feitas até terça, 17, pelo Instagram do Goiânia em Cena. Às 19h, o espetáculo é no Circo Laheto com a Cia Malabariantes e às 20h, no Beco da Codorna, terá festa com a DJ Ingrid e a DJ Mastrella.
Para sextar, a cantora Débora Di Sá apresenta o show “Maria Grampinho”, às 20h, no Goiânia Ouro. O show gira em torno dos personagens, lendas e tradições da Cidade de Goiás. Já no Centro Cultural da UFG, de forma simultânea, vai ser exibido “Contos de Cativeiro” e, no dia seguinte, rola oficina sobre interpretação no teatro.
Beco
“Ocupa Gyn”, realizado no Lago das Rosas, artéria situada no coração de Gyn, fecha Goiânia em Cena no sábado, 21. Sete intervenções artísticas nas áreas de dança, teatro e circo darão brilho à cidade. Um pouco mais tarde, às 16h, o Giro 8 Cia de Dança sobe ao palco do Teatro Goiânia e apresenta “Cerrado Mundo Mágico”. A partir das 18h, no Beco da Codorna, fazem um som Cocada Coral e Terra Cabula. Bruno Caveira e Gabi Matos discotecam na festa. Já Igor Zargov mostra a animação “Latinidades e Afrofuturismos”.
“Nos últimos dois anos a cidade tem vivenciado uma ascensão cultural notória e isso é um grande motivo para comemorarmos e, claro, com eventos culturais, que levam ao público entretenimento, diversão, aprendizado, senso crítico, além de oportunizar o acesso gratuito ao teatro e fomentar a classe artística”, destaca o prefeito Rogério Cruz.
19º Goiânia em Cena
De hoje até domingo, 22
Manhã, tarde e noite
Teatro Goiânia Ouro, Circo Laheto,
Teatro Goiânia, Jardim Botânico,
Lago das Rosas e Beco da Codorna
Ingressos pelo Sympla