Goiânia Noise volta em formato online
Diário da Manhã
Publicado em 15 de fevereiro de 2022 às 01:48 | Atualizado há 3 meses
Rariana Pinheiro
Um dos grandes festivais da cena independente de Goiânia está de volta após dois anos de hiato devido a pandemia. O Goiânia Noise, que começa nesta terça, 15, e segue até o próximo sábado, 19, será inteiramente online e gratuito. Realizado pela Monstro Discos, nos próximos cinco dias vai receber 20 shows de bandas e artistas da cena local, além de palestras e oficinas voltadas à música e seu mercado.
Toda programação será realizada no Centro Cultural Martim Cererê, sem a presença do público. Para dar o gostinho de show presencial, a transmissão será em tempo real e transmitida pelo canal da Monstro Discos no YouTube (www.youtube.com/mostrodiscos).
Apesar da edição online bem vitaminada, era sentir o calor das bandas tocando no palco com a plateia ativa dos festivais de Goiânia o que os realizadores do Noise gostariam de estar fazendo. “Não ter o público é desagradável, até relutamos em fazer”, diz um dos idealizadores do evento, o produtor musical Léo Bigode, em entrevista ao Diário da Manhã. Porém, os organizadores viram no lançamento dos editais da Lei Aldir Blanc, do governo federal e estadual, a oportunidade de oxigenar o cenário musical goiano, que padecia na pandemia.
A banda Kamura está empolgada em voltar aos palcos e mostrar mais recente EP
“Na pandemia teve bandas que acabaram, outras que estavam desestimuladas. Agora, estamos vendo os artistas falando que com a grana vão gravar um clipe, fazer um álbum. Isso nos movimenta a fazer as coisas”, argumenta. Apesar de estimulante, Leo explica que essa será uma edição especial. A ideia é realizar o 26ª Goiânia Noise de forma presencial ainda no primeiro semestre deste ano. Dependendo, claro, de como vai estar a pandemia.
Mas não é porque é virtual, que evento não vai receber novidades. Se antes a programação do festival predominava o rock independente, dessa vez serão 20 bandas de diferentes linguagens, pesos, estilos e cidades goianas. A diversidade, conforme Léo Bigode, será o tom não apenas dessa edição, como o futuro do festival daqui para frente.
“O Noise tem que ter banda de mulher, pessoas pretas, gêneros diferentes, pois o rock abriga todos. A gente se concentrou nos últimos dez anos muito no rock, e quando fizemos show da banda Mulamba (sexteto feminino e feminista, de Curitiba, que faz uma MPB moderna) e Odair José, em 2019, foi um barato. Fizemos o show da Elza Soares que foi sensacional. Queremos abrir para todo tipo de som e estilos. Isso é amadurecer”, afirma.
Um exemplo do novo apreço pela mistura do festival é que a banda responsável por fechar a programação desta noite é o projeto de Sérgio Pato com o músico Can Kanbay, o Patocan, que faz um trabalho de música instrumental com foco nos ritmos regionais do cerrado. Já outro duo que opta pelos sons experimentais e estará nessa edição do festival é Manaié, formada por Ingrid Lobo e Emanuel Mastrella. Eles fazem um trabalho visceral, experimental, emotivo, que utiliza diversos elementos eletrônicos e orgânicos para falar sobre as sensações humanas.

Porém, no set list há ainda bandas familiares no festival, como Violins, Rollin Chamas. A banda The Galo Power, recorrente na história do festival, vai fazer, de acordo com o vocalista e guitarrista da banda Bruno Galo, sua 9ª ou 10ª apresentação no festival. Para essa edição, eles também vão trazer surpresas e mostrar as canções novíssimas do álbum “Matoumorro”. O trabalho deve ser lançado aos poucos, com uma música por mês a partir de março. “Inclusive a música que também é o nome do disco sai com clipe no mês que vem”, adianta Bruno Galo.
O disco representa uma ruptura com o som que faziam anteriormente. “É de praxe mudarmos de um disco para o outro, mas este, sem dúvidas, tem um abismo enorme entre os outros discos. Teremos participação do Weiler Jahmaika (Caboclo Roxo) nas percussões e efeitos, pd mostrar de vez essa pegada de batuques, percussões e brasilidades”, explica Bruno.
Já a banda Kamura, que é uma das expoentes do metal goiano com mais destaque, chega com o peso de seu mais recente EP “Prophets of Clay”, que foi lançado em 2019. E estão cheios de entusiasmo, por retornarem aos palcos, mesmo que virtualmente. “No final dos dias estamos felizes de tocar, independente do formato. Vai ser show”, diz Íkaro Staford.
Veja a programação do Goiânia Noise completa:
Terça-feira
16h00 – Palestra: Música e Mercado, com João Lucas (Fósforo Cultural)
18h00 – Oficina: Como gravar seu disco em casa, com Maurício Lavenère
19h30 – Melodizzy
20h30 – Rural Killers
21h30 –PatoCan
Quarta-feira, dia 16/2*
16h00 – Palestra: Marketing Musical, com Alexandre Ktenas
18h00 – Oficina: Como produzir vídeos para redes sociais e Youtube, com Sandro Almeida (Âncora Filmes)
19h30 – Murder
20h30 – Casa Bizantina
21h30 – Sunroad
Quinta-feira
16h00 – Palestra: A Cena Musical Pós Covid, com Leo Pinheiro e Leo Bigode
18h00 – Oficina: Técnicas de Palco para um Bom Show, com Leozinho Roadie
19h30 – Underdog Pack
20h30 – Sheena Ye
21h30 – Rollin’ Chamas
Sexta-feira
18h00 – União Clandestina
19h00 – Canto Violado (Anápolis)
20h00 – Manaiê
21h00 – Violins
Sábado
15h00 – Casulo Fantasma (Uruaçu)
16h00 – Vulture Bones (Jataí)
17h00 – Kamura
18h00 – Black Lines
19h00 – Fred Valle
20h00 – Jukebox From Hell
21h00 – The Galo Power