Goiás possui mais de 200 mil trabalhadores na cultura
Marcus Vinícius Beck
Publicado em 19 de julho de 2023 às 00:24 | Atualizado há 2 anos
Goiás registrou no primeiro trimestre deste ano 285.264 trabalhadores empregados na economia criativa, o que representa variação de 29% em relação ao mesmo período do ano passado, quando havia 220.465 profissionais empregados neste setor. Por causa desse montante, a casa do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) encabeça a décima posição dentre as unidades da federação que mais têm gente trabalhando na cultura.
Os números integram balanço divulgado em julho pelo Observatório do Itaú Cultural, painel de dados que ilustra o cenário econômico dos setores cultural e criativo brasileiros. A reportagem do Diário da Manhã obteve, em primeira mão, o levantamento que mapeia a relevância da cultura à economia.
Em comparação com Distrito Federal (DF), Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS), estados do Centro-Oeste do País, Goiás é a unidade da federação que mais possui profissionais atuando na indústria criativa. Só aqui, para efeito de comparação, o número é maior do que o contabilizado no vizinho DF, que seguiu a tendência goiana de aumento do primeiro trimestre do ano passado (137.848) a este ano (148.516). É uma alta de 8%.
Já MT e MS ficam atrás tanto de Goiás quanto do DF. O primeiro, por exemplo, registrou 54.120 trabalhadores na área da cultura no primeiro trimestre de 2022. Se comparar com o mesmo período do ano passado, verifica-se a tendência constatada em Goiás e também no Distrito Federal. MS, por sua vez, vai na contramão: 77.400 pessoas estavam empregadas na cultura no primeiro semestre de 2022. Hoje, são 67.301, variação negativa de 13%.
Localizados no Sudeste, São Paulo e Rio de Janeiro concentram a maior quantidade de pessoas empregadas na indústria criativa brasileira, com 2.328.368 profissionais fazendo a cadeia da cultura funcionar em SP, enquanto no estado berço da bossa nova são 696.652. Os dois são seguidos por Minas Gerais (674.719), Sudeste, e Santa Catarina (476.231), Sul.
Segundo o presidente da Fundação Itaú, Eduardo Saron, os dados traduzem a relevância da indústria criativa para a geração de emprego e renda no País. “Esperamos que as informações do Panel de Dados contribuam para nortear políticas públicas e ajudem a fortalecer e sensibilizar ainda mais a sociedade a respeito da importância deste segmento para o desenvolvimento sócio econômico no Brasil”, afirma Saron.
Cultura é investimento
Durante transmissão de sua live semanal nas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que dinheiro em cultura é investimento. “Dinheiro em cultura não é gasto, é investimento. O Ministério da Cultura não existia mais e nós o recriamos. Temos a Lei Paulo Gustavo e a Lei Aldir Blanc com investimentos recorde. Vamos criar comitês em cada capital para sair do eixo Rio-São Paulo. É preciso pensar a cultura também do ponto de vista econômico, quantos empregos gera”, disse Lula, no “Conversa com o Presidente”.
A economia criativa abrange os segmentos de moda e atividades artesanais, editorial e cinema, rádio, TV e música, desenvolvimento de software e jogos digitais, serviços de tecnologia da informação dedicados ao campo criativo e arquitetura. Inserem-se no setor também a publicidade e serviços empresariais, além de design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio. Ou seja, além do aspecto simbólico, a cultura movimenta recursos.
Como um todo, os dados levantados pelo Observatório Itaú Cultural mostram que o segmento fechou o 1° trimestre deste ano com 7,2 milhões de trabalhadores em atividade, ou seja, 123 mil a mais do que o contabilizado no mesmo período de 2022. Isso representa, em termos numéricos, um crescimento de 2% no intervalo. O segmento da cultura e indústrias criativas seguiu ainda a tendência da economia no geral, que apresentou crescimento de 3% no número de postos de trabalho nos 12 meses encerrados em março de 2023.
Segundo os dados, a maior parte das 123 mil novas vagas abertas foram de postos com carteira assinada. O saldo líquido aponta para geração de 86.273 postos formais, contra 36.953 vagas informais abertas entre o 1º trimestre de 2023 e o mesmo período do ano anterior. No entanto, mulheres negras que trabalham na cultura ganham, em média, três vezes menos que homens brancos, que recebem cerca de R$ 6,7 mil para ocupar postos na área. Homens brancos e mulheres brancas possui média salarial de R$ 4 mil.