Febre incontrolável nos anos 1980, o som futurista do Information Society se fará vivíssimo nas pistas em Goiânia. A banda norte-americana sobe nesta sexta-feira, 20, ao palco erguido no espaço Dois Ipês, Clube Jaó, a partir das 21h30 para apresentar seus maiores hits.
O Information conquistou as emissoras de FM nacionais e se tornou trilha sonora daquele tempo. Três músicas se disseminavam pelo latifúndio radiofônico brasileiro: “What’s On Yor Mind (Pure Energy)”, “Running” e “Repetition”. Sonorizavam beijos adolescentes, o êxtase dos corpos tremendo, a boca espumando desejo, lá vai, tá indo, te amo, tá indo, delícia.
“Information Society”, o disco, chegou forte na galera. O lance dele era sintetizador. Batidas soando repetitivas. Versos falando do que é possível procurar, energia pura. Assim abre esse elepê apaixonante pra muitos, lançado em 1988: “Está funcionando até agora, mas ainda não saímos. Quero saber no que você está pensando. Algumas não dá para esconder”.
Diante de perguntas sobre sonoridade que caracteriza Information, o tecladista Paul Robb afirma que o grupo faz música pop. Quem o acusa de superficialidade estética é agraciado pelo seu desdém insolente. É o verdadeiro cérebro por trás das pretensões artísticas do Information. Não sente, afinal, nenhuma vergonha pelo tino de fazer músicas às massas.
De Minneapolis — terra do popstar purple rain Prince —, Robb e sua banda são identificados com o tecnopop britânico, tipo ABC ou Human League, que despontaram no início dos anos 1980. Acompanharam ainda aquele estardalhaço causado pelo Pet Shop Boys, Depeche Mode e New Order. Ficou complicado se enfiar nesse seletíssimo grupo.
Mesmo assim, já foram produzidos por Karl Bartos, ex-Kraftwerk, e chegaram ao topo da Billboard. Mas quase ninguém os levava a sério nos Estados Unidos. Isso jamais incomodou Robb e sua turma, contudo. Para o músico, o Information deixou de ser relevante há bastante tempo — talvez desde que fizeram o segundo disco, “Hack”, publicado em 1990.
Ali, se bobear, o Information foi importante à música pela última vez. Faz o quê? Depeche Mode lançava o elogiadíssimo “Violator” e o New Order ainda se esmerava no sucesso alcançado com o aplaudido “Tecnique”. O Pet Boys também continuava no jogo e, de quebra, produzia um dos melhores álbuns de sua discografia, o festejado “Behaviour”.
Se o som excêntrico tornou Information querido por zilhões de pessoas, é certo que também o trouxe aos palcos brasileiros para shows de alta visibilidade. Um deles ocorreu no Rock in Rio, em 1991, em uma noite que contara com A-Ha, Capital Inicial, Nenhum de Nós e RPM — estourados à época. Desde então, Information Society se popularizou Brasil afora.
Seu próximo disco, “Peace & Love”, saiu em outubro de 1992. Robb, o cara da criação, dos arranjos e da programação, se desentendeu com James Cassidy, o baixista e tecladista: Paul Robb andava curtindo aquele lance de música eletrônica, enquanto Cassidy pensava em outro tipo de sonoridade. Tinha ainda Kurt Valaquen querendo trabalhar com música industrial, estilo áspero consagrado pela banda Cabaret Voltaire nos anos 1970.
Assim, com atmosfera tumultuada e ânimos aflorados, o Information anunciou que faria em 1993 seu último show. Cada um vai para um canto, logo depois. Robb apostou em projetos independentes, alguns dos quais envolviam produzir novas bandas. James, por sua vez, abandonou a música. Já Kurt, aberto ao novo, migrou para a indústria de videogame.
Em seguida, o artista anunciou que iria comprar o nome Information Society (extraído de livro assinado por George Orwell). Queria lançar um novo projeto. Sem Robb, a banda gravou “Don't Be Afraid”, lançado em 1997. Dez anos depois, saiu “Synthesizer” e, na década passada, publica “Hello World”, de 2014, e “Orders of Magnitude”, 2016.
Atrações
Dessa vez, o grupo está em solo brasileiro para turnê oito datas: Belo Horizonte (12/12), Rio de Janeiro (13/12 e 15/12), Ribeirão Preto (14/12), Brasília (19/12), Goiânia (20/12), São Paulo (21/12) e Porto Alegre (22/12). Além do Information Society, essas noites têm ainda Kon Kan e Double You, que possuem alta quilometragem no cenário internacional de dance music.
Kan, inclusive, se notabiliza pelos seus graves hipnóticos e compassos agitados. Liderado por Barry Harris, o duo canadense, expoente global do synthpop, está na estrada desde os anos 1980. É conhecido pelos hits “I Beg Your Pardon”, “Harry Houdini”, “Puss n’ Boots”, “Move to Move” e “Liberty!”, com os quais infestou as rádios brasileiras há quase 40 anos.
Como a nostalgia dará o tom do show, Double You levará o público a arriscar passinhos na pista. O grupo explodiu com Please Don’t Go”, “Run to Me”, “We All Need Love”, “Heart of Glass” e “Looking at My Girl”, que hoje são populares nas pistas. Assim como Information Society e Kon Kan, Double tem conexão com os brasileiros. Vamos cair na pista.
TRIO DOS SONHOS
Sexta-feira, 20, às 21h30
Espaço Dois Ipês, Clube Jaó
A partir de R$ 160
Bilheteriadigital.com