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Longa de Alberto Araújo aborda suicídio e depressão com sensibilidade e esperança

Filme ambientado em Goiânia reforça a modernidade e riqueza da capital com Othon Bastos e Emílio Orciollo Netto

Filme O Voo do Anjo - Vitor (Othon Bastos) e Arthur (Emilio Orciollo) conversam sobre o tempo Filme O Voo do Anjo - Vitor (Othon Bastos) e Arthur (Emilio Orciollo) conversam sobre o tempo

"O Voo do Anjo", escrito e dirigido por Alberto Araújo, estreia nos cinemas no aniversário de Goiânia, dia 24, trazendo reflexões sobre depressão, suicídio e a busca por sentido na vida. O filme é protagonizado por Othon Bastos e Emílio Orciollo Netto, e acompanha a história de dois personagens cujas vidas se cruzam em um momento crucial, resultando em uma amizade que transforma o destino de ambos.

Othon Bastos vive Vitor Almeida, um professor de física aposentado que leva uma vida tranquila e rotineira. Ele mora com seu filho, Renan, interpretado por Gustavo Duque, um cirurgião plástico absorvido pela carreira e emocionalmente distante do pai.

A vida de Vitor, marcada pela monotonia, muda com a chegada de Arthur, personagem de Emílio Orciollo Netto, um ex-professor universitário de sociologia que agora trabalha como entregador de comida após uma tragédia pessoal. Devastado pela perda da filha, Arthur mergulha em uma depressão profunda e contempla o suicídio como uma saída para sua dor.

Entretanto, ao conhecer Vitor, a amizade entre os dois começa a oferecer a Arthur um novo sentido. Embora Vitor, com 88 anos, esteja no fim de sua jornada, ele ainda encontra entusiasmo pela vida. Com sua visão de mundo e sensibilidade, Vitor ajuda Arthur a redescobrir motivos para continuar, mesmo enfrentando uma dor aparentemente insuportável.


		Longa de Alberto Araújo aborda suicídio e depressão com sensibilidade e esperança
Filme O Voo do Anjo - Vitor e Karina conversam sobre Arthur no restaurante. Foto- Beto Gerolineto


Em entrevista ao Diário da Manhã, Araújo falou sobre o desafio de abordar o suicídio de forma sensível. “Sabia que precisaria tratar esse tema com muito cuidado, pois é um tabu que a sociedade costuma ignorar ou fingir que não existe”, disse o diretor, que buscou tratar o tema com o respeito necessário. Araújo destacou que o foco não está apenas no ato, mas nas emoções que levam ao desespero. “Queríamos mostrar diferentes formas de reagir ao luto e como o apoio emocional é essencial", afirmou. Para ele, a amizade entre Vitor e Arthur é o ponto central do filme, mostrando como uma troca de experiências pode ser transformadora.

Othon Bastos também refletiu sobre a experiência de interpretar Vitor. Aos 91 anos, Bastos comentou como a solidão é algo que chega em uma fase da vida, mas é importante manter a alegria de viver. "Eu sei o que é solidão. Chega uma fase da vida em que ela bate à porta, mas você não precisa deixar que ela entre. A primeira coisa que você precisa ter é alegria de viver," declara o ator, destacando como a manutenção de laços familiares e amizades foi crucial para ele ao longo de sua carreira e vida pessoal.


		Longa de Alberto Araújo aborda suicídio e depressão com sensibilidade e esperança
Filme O Voo do Anjo - Dr. Marcos e Dra. Sônia conversam sobre a saúde do professor. Foto- Beto Gerolineto


Além disso, Bastos ressaltou a cumplicidade com Emílio Orciollo Netto, com quem já trabalhou em outros projetos. "A química que já tínhamos fora das telas ajudou a trazer mais profundidade para as cenas", disse o ator, enfatizando como essa relação prévia contribuiu para a autenticidade das emoções no filme.

Emílio Orciollo Netto, por sua vez, descreveu o papel de Arthur como um dos mais intensos de sua carreira. “É um personagem muito difícil. Conectar com essa dor exige uma entrega absurda”, afirmou Emílio, reconhecendo o desafio de interpretar alguém que passa por uma dor tão profunda quanto a perda de um filho. "Foi uma das entregas mais intensas da minha carreira", disse o ator, destacando como essa experiência afetou sua própria perspectiva.

Emílio também mencionou como a arte tem um papel transformador ao abordar temas como depressão e suicídio, e espera que o filme possa ser um ponto de partida para discussões mais amplas sobre saúde mental.

O diretor Araújo elogiou o trabalho com o elenco, ressaltando que a presença de atores experientes como Othon Bastos e Emílio Orciollo Netto tornou a direção mais fácil. "Dirigir grandes atores facilita o processo. Eles trazem suas próprias vivências para os personagens, e muitas vezes já sabem o caminho que devem seguir", explica Araújo.


		Longa de Alberto Araújo aborda suicídio e depressão com sensibilidade e esperança
Filme O Voo do Anjo - Vitor (Othon Bastos) e Arthur (Emilio Orciollo) cantam com Marcelo Barra. Foto- Beto Gerolineto


Além de Bastos e Orciollo Netto, o filme conta com a participação de Dani Marques, Gustavo Duque, Cida Mendes, Mauri de Castro e Franco Pimentel, compondo um elenco que colabora para dar vida à história de forma envolvente.

A abordagem do filme sobre depressão e suicídio é feita de maneira cuidadosa, sem perder a profundidade emocional necessária. Araújo espera que "O Voo do Anjo" possa servir como um ponto de partida para conversas sobre saúde mental e a importância de apoio emocional. "A mensagem do filme é sobre recomeço. Às vezes, uma pessoa que está em luto ou depressão precisa de alguém que acredite nela, que a ajude a ver que ainda há esperança", comentou o diretor.

O filme também utiliza Goiânia como cenário de maneira inovadora, mostrando a cidade de forma moderna e cosmopolita, além de fugir dos clichês associados à cultura sertaneja e rural. "Estamos acostumados a ver Goiânia retratada de forma caricata, mas ela é muito mais do que isso", afirmou Araújo, explicando que a cidade foi mostrada com sua diversidade e complexidade.

Algumas cenas também foram gravadas em Paraúna, famosa por suas formações rochosas exóticas e pela produção de vinhos finos, o que oferece uma nova perspectiva sobre o estado de Goiás.

"O Voo do Anjo" é uma produção que busca explorar a complexidade das emoções humanas diante da perda e do luto. Mais do que uma história sobre o suicídio, o filme é uma reflexão sobre a amizade, a solidariedade e a capacidade de encontrar novos caminhos mesmo nos momentos mais sombrios. Para Araújo, o filme busca sensibilizar o público sobre a importância do apoio emocional e da empatia, temas cada vez mais presentes em discussões sobre saúde mental.

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