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Marina Sena revela musicalidade cosmopolita em novo disco

Marina exibe sensualidade que lembra Tieta do Agreste, a personagem criada por Jorge Amado e interpretada no cinema por Sônia Braga

Cantora aposta em estética sensual e quer flertar com público no disco “Vício Inerente”, seu segundo disco solo - Foto: Sarah Leal/ Divulgação Cantora aposta em estética sensual e quer flertar com público no disco “Vício Inerente”, seu segundo disco solo - Foto: Sarah Leal/ Divulgação

Mais ou menos há um ano, a cantora Marina Sena ultrapassa o status de revelação. Graças ao disco “De Primeira” e aos shows em alta voltagem sedutora, como o público goianiense assistiu ano passado no Oscar Niemeyer durante o Festival Obalalá, Marina mostra vocação para ser pop star sedutora. E com sua música, na qual combina profundidade e sacanagem, leva os fãs a ficarem atraídos, diria o repórter apaixonados por ela.

Aos 26 anos, Marina exibe sensualidade que lembra Tieta do Agreste, a personagem criada por Jorge Amado e interpretada no cinema por Sônia Braga. E empodera-se, como se empoderaria Gal Costa, de quem é fã. E diz que quer tirar a roupa, que para deixá-la excitada basta beijarem-lhe as costas, que gosta quando o cara a olha. “Eu tô virando star/ do seu cinema particular”, canta a artista, em “Dano Sarrada”, síntese de “Vício Inerente”.

O novo disco, já disponível nas plataformas de streaming, mostra uma cantora em permanente inquietação criativa. Se “De Primeira” representava uma artista atrás da glória, sem grana e tampouco certezas sobre o futuro, “Vício Inerente” revela uma Marina impactada pela experiência de deixar o interior mineiro para morar na cidade grande, onde ganhou dinheiro, enveredou pelas cosmopolitas batidas eletrônicas e virou estrela.

Como um todo, o disco reserva ao ouvinte boas surpresas: “Tudo Pra Amar Você”, por exemplo, é uma delas. Afrobeat do início ao fim, é o flerte da mineira com o mercado internacional. A mesma receita se repete em “Tudo Seu”, só que funkeada, gênero aceito tanto no Brasil quanto lá fora - Marina não quer colocar filtros em sua arte e já deixou de compor com o violão no colo. Prefere pôr os versos nas batidas criadas por Iuri Rio Branco.

Todas as músicas demonstram uma cantora atrás do novo, mas que continua de olho na sensualidade característica do “De Primeira”. Escute “Me Ganhar”, capaz de causar algum arrepio em quem está a fim de alguém, ou “Partiu Capoeira”, uma espécie de pagode baiano com potencial para ser trilha sonora de trios elétricos e blocos carnavalescos Brasil afora. No mais, a artista escorrega, aqui e ali, como ao tentar soar meio Marisa Monte em “Beija Eu”, o que não funciona por conta, em grande medida, do timbre anasalado de sua voz.

Marina diz, em texto enviado aos jornalistas, que o novo trabalho representa “uma fase muito importante na minha carreira”. Ela está com casa nova, disco novo e composições que nascem de vivências diferentes das que tinha até dois ou três anos atrás. “Acho que este single é uma dose bem gostosa de muita coisa boa que está por vir”, emenda a artista, sobre o hit “Tudo Para Amar Você”, música que cresceu 13 posições no ranking do Spotify.

Rumo à metrópole

Nascida em Taiobeiras, município localizado no norte de Minas Gerais, Marina sentia-se excluída na infância e também durante parte da adolescência, uma vez que a viam como a maluca da cidade, com o sonho de ser famosa, lutar pelos seus desejos e brigar por aquilo que acreditava. Quando completou 18 anos, contudo, a sorte lhe sorriu: meteu o pé na estrada, like a rolling stone, e passou a morar em Montes Claros, maior que a cidade natal.

“De Primeira” solidificou a ruptura da artista com a banda Rosa de Neon. Foi um caso raro de artista estreante a provocar burburinho. Há quem defina o primeiro álbum como um dos grandes lançamentos de 2021. Os singles do trabalho, “Me Toca” e “Voltei Pra Mim”, pararam na boca do povo e tornaram-se obrigatórios em rolês alternativos. Era, por exemplo, o perfil do público que assistiu Marina se apresentar na Capital goiana em 2022.

Bem diferente do antecessor, em “Vício Inerente”, Marina Sena abre mão dos violões: não existe mais a brasilidade pop de antes, nem a falta de recurso financeiro ou a jovem que queria correr em busca dos holofotes. Agora, há uma mulher aclimatada ao ritmo alucinado de São Paulo. Essa mudança de ares e musicalidade se revela no cruzamento de gêneros, como trap, reggaeton e drill - é a percepção, aliás, que se tem já na primeira faixa do álbum.

Não chega a causar espanto algum. Como todos os ouvintes de Marina já sabem, ela tem facilidade em criar letras fáceis. São amores intensos, imagens de sexo, beijos roubos e comportamentos lascivos. É o universo lírico da mineira, deu certo até aqui. Suas composições, ao falarem sobre sedução, passam a ser - na mesma medida - tão sensual quanto populares. Ela lapida versos, brinca com as palavras e, de repente, eis uma canção.

Dificuldades

Só que é preciso separar um ídolo que coleciona milhões de seguidores, caso de Marina, de um artista de palco. O próximo passo de sua carreira, ao que tudo indica, será driblar as barreiras para se apresentar diante de grandes plateias, dificuldade evidenciada no último Rock in Rio. Neste mês, no dia 15, tocará em Paris. Depois, segue para Londres, onde cantará no dia 20. Será uma das atrações do The Town, em setembro. Nem sinal de Goiânia no radar.

“Ficou tudo tão lindo, com uma narrativa bem ao meu estilo. Muita sensualidade, movimento, tensão sexual, um casting só com gente linda, e eu sendo gostosa e curtindo a vida, do jeito que eu gosto”, comemora Marina Sena. “Vício Inerente” tem suas virtudes. “Meu nome em alta/ muita gente massa, muita gente chata”, canta, em “Olho No Gato”. Marina Sena, daqui para frente, precisa ser tratada como estrela.

Onde ouvir ‘Vício Inerente’

Spotify

Música brasileira, pop

12 faixas

Disponível nas plataformas de streaming

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