O Cine Ritz recebe neste sábado, 21, uma experiência cinematográfica com a Mostra de Documentários Coleção da Cidade, a partir das 20h, com uma seleção especial de filmes que capturam diferentes aspectos da vida urbana e as realidades muitas vezes invisibilizadas.
O evento contará com a exibição de duas curtas-metragens e um minidoc, seguidas de um bate-papo com os realizadores, proporcionando uma oportunidade de explorar novos olhares sobre a cidade e suas complexidades.
Um dos destaques da mostra é “O Lado Que A Cidade Não Vê”, dirigido por Thomas Toledo, que explora a exclusão enfrentada por pessoas trans no mercado de trabalho, num contexto de preconceitos transfóbicos, machistas e racistas. Toledo apresenta três protagonistas: Fernando, Gustavo e Cristal, que oferecem visão íntima de suas lutas.
A mensagem central do documentário é que, apesar das barreiras, todos lutam por sobrevivência e reconhecimento. "No fundo, estamos na mesma correria. Todos queremos pagar as contas e viver com dignidade, só que para alguns, essa batalha é ainda mais difícil", reflete Toledo. O diretor busca criar uma obra que não se limite a estereótipos, mas que traga uma visão humanizada das vidas trans, com foco nas suas conquistas cotidianas e não apenas nas dificuldades. Segundo Toledo, o documentário também é um lembrete de que nem todas as histórias LGBTQIA+ precisam terminar em tragédia.
Além de “O Lado Que A Cidade Não Vê”, a mostra também apresenta “Goiânia: Notas Pendulares sobre a Metrópole”, dirigido por O. Juliano Gomez. O filme documenta a vida de operários que dependem do transporte público para chegar aos seus trabalhos em Goiânia, oferecendo um olhar profundo sobre a rotina dessas pessoas e a relação com a cidade.
O projeto, que começou como um TCC na UEG, cresceu ao longo de três anos e se transformou em uma narrativa rica sobre o impacto do transporte público na vida dos trabalhadores. "O transporte público moldou minha visão de Goiânia, e o filme reflete essa perspectiva, buscando trazer à tona a realidade que muitos não enxergam", diz Gomez.
O título, “Notas Pendulares sobre a Metrópole”, sugere uma metáfora sobre a vida urbana. "O filme faz o público reparar nas pessoas que constroem a cidade, nos operários que são invisíveis no dia a dia", explica Gomez. Ele também reflete sobre o longo processo de produção do documentário e como isso o conectou ainda mais com Goiânia. "Entender a cidade através dos olhos dos trabalhadores foi um aprendizado importante para mim.”
Além dos documentários será exibido o minidocumentário “Não Preciso do Fim Para Chegar”, dirigido por Lorrana Flores e O. Juliano Gomez. O filme foca na peregrinação para a Festa de Trindade, explorando os aspectos invisíveis do evento.
A atriz e diretora, Lorrana explica que a inspiração veio da observação do esforço dos fiéis que percorrem longos trajetos a pé, movidos pela fé. "Quis mostrar os detalhes invisíveis, os que não aparecem nos cartões postais, mas que são a alma da festa", reflete ela. Ao lado de Gomez, Lorrana trouxe sua sensibilidade poética para a obra, retratando não só o evento religioso, mas também as vivências de quem trabalha e vive o cotidiano da festa.
Lorrana conta que a colaboração com O. Juliano Gomez foi essencial para a criação do minidoc, dado o conhecimento dele sobre o gênero documental. A experiência de Gomez, aliada à visão poética de Lorrana, resultou em uma obra que combina a sensibilidade da escritora com a objetividade da documentação. "Juliano me incentivou a não perder meu olhar poético, mesmo em um documentário, e isso tornou o processo criativo ainda mais enriquecedor", diz Lorrana.
O evento é uma oportunidade para o público se conectar com temas relevantes e atuais, além de refletir sobre as realidades invisibilizadas das cidades. A entrada é gratuita e os ingressos serão distribuídos por ordem de chegada.