Cultura

Notas Musicais

Redação

Publicado em 13 de outubro de 2015 às 22:13 | Atualizado há 4 meses

por Camilo Rodovalho

Dentro da nova música brasileira, o que surge em Goiânia tem ganhado cada vez mais destaque na mídia, e atualmente a cidade tem sido um dos maiores celeiros musicais do país. Esta coluna fará semanalmente uma leitura dos principais acontecimentos referentes à nova produção musical nacional, sempre dando atenção aos trabalhos que se destacam em Goiás. Festivais, lançamentos e novidades da arte em geral, nada passará em branco por aqui.

Vindo de Maceió, o Figueroas com certeza é uma destas novidades que mexeu com a música brasileira este ano. Lançado pelo selo capixaba Laja Records do ilustre Fábio Mozine (Mukeka di Rato, Merda, Os Pedrero), o grupo é composto pelo irreverente frontman Givly Simons e pelo tecladista Dinho Zampier, rosto conhecido da música alagoana e também tecladista do cantor Wado. Lambada a lá Adelino Nascimento e com uma identidade “meio cult meio popular’’, Figueroas resgata o balanço da guitarrada e foge dos clichês a respeito de “música boa”. Sucesso na internet, nada define tão bem este projeto como o nome do álbum de estreia: “Lambada Quente”, com certeza um dos lançamentos nacionais de 2016 que mais chamaram atenção dos veículos especializados e do público.

1 – Quais trabalhos o Overfuzz havia lançado alem do álbum “Bastard Sons Of Rock n’ Roll”?

        A Overfuzz possui 2 EPs físicos lançados (um homônimo, de 2013, e o “You Die Tonight”, de 2014), um single virtual, um Split em vinil 7″ (juntamente com a Corazones Muertos de São Paulo) e vários vídeos circulando na internet. Mas agora estamos completamente focados no nosso primeiro álbum de estúdio, o “Bastard Sons Of Rock ‘n’ Roll”. O trabalho contém 12 faixas e foi gravado no Rocklab Produções Fonográficas, em Pirenópolis (GO), durante janeiro de 2015.

        Tudo começou em 2010, no ensino médio. O Brunnim e eu estudávamos no mesmo colégio, ia rolar uma apresentação de final de ano e nos juntamos para tocar. Foi uma experiência muito boa, então decidimos continuar tocando juntos. Tudo muito despretencioso: gostávamos mesmo era de fazer um som e tomar cerveja, sem essa ideia de “banda” envolvida. Porém, com o passar dos ensaios (que eram mais brincadeiras no estúdio), compusemos algumas músicas próprias e resolvemos montar de fato uma banda. Escolhemos o nome, gravamos algumas músicas, passamos a tocar nos eventos menores da cidade, e assim tudo começou. Em 2011, o baixista da formação original resolveu deixar a banda, então o Bruno Andrade entrou pra compor o time da Overfuzz. E com essa formação seguimos até hoje.

3 – Quais as principais influências musicais e não musicais deste trabalho?

        O disco foi uma grande mistura de influências. Para citar nomes de bandas clássicas, preciso colocar: Black Sabbath, Led Zeppelin, Motörhead, Pink Floyd, Metallica e Rush. Bandas mais atuais como Rival Sons, Scorpion Child e Danko Jones também foram fortes influências. Durante o processo de gravação, a gente estava selecionando várias capas de disco pra tomar como referência para a identidade visual do nosso álbum, e isso também veio a contribuir com a sonoridade que ele tomou. Bandas clássicas, bandas atuais, capas de disco, e eu diria até que os filmes de terror que a gente estava assistindo na época! (risos)

4 – Em que foi baseada a capa do álbum?

        Nossa logo tem uma letra “O” estilizada, a qual usamos como um ícone da banda e queríamos levar para a identidade visual do álbum. A ideia da capa foi usar o “Ø” da Overfuzz como um componente central, e cercá-lo de elementos simbólicos. Optamos também pelo uso de cores mais escuras, mais fechadas, criando um ar de obscuridade. Mandamos essas ideias para o Itty e o Douglas, juntamente com algumas capas de álbum referência que selecionamos. A partir daí deixamos nas mãos deles. Desde os primeiros rascunhos que eles mandaram, nós da banda já sabíamos que o resultado iria nos agradar. E agradou muito.

5 – Dos shows feitos em Goiânia, quais foram os mais importantes para a banda e por quê?

        Tem alguns shows em Goiânia que ficaram muito marcados. O show de lançamento do nosso primeiro EP, por exemplo. Foi em 2013 na Diablo, e serviu pra mostrar pra nós três que nossa banda tinha muita força aqui em Goiânia, o que deu “um gás” para seguirmos com os trabalhos da banda. O lançamento do nosso segundo EP em 2014, na Roxy, foi incrível porque no mesmo dia lançamos também a cachaça da Overfuzz, estampa de camiseta nova, copo da banda, etc. Foi um dia importante pra banda. Outro show que não posso deixar de citar foi um que rolou na Diablo que eu (Victor) toquei pintado de capeta! Foi extremamente divertido.

        Os shows da Overfuzz nos últimos “Vaca Amarela”s (2012, 2013, 2014 e 2015) foram incríveis pra gente também. Conseguimos atingir muitas pessoas que não são fãs do nosso estilo, mas que viram o show, gostaram e passaram a acompahar a banda depois. Tocar em festival é sempre bom para arrematar público novo, e o Vaca Amarela é sempre marcante pra nós.

6 – Para a divulgação deste disco, o plano é fazer muitos shows? Já tem agenda marcada?

        Nossa intenção agora é viajar o máximo divulgando nosso disco. Já temos algumas datas marcadas, e mais estão surgindo. Devo dizer também que diminuiremos um pouco a frequência dos shows aqui em Goiânia, pois o foco agora está sendo mais em tocar em outras cidades. Mas temos datas marcadas aqui na terrinha também.

7 – Como foi o processo de gravação do disco?

        O processo de gravação do álbum foi uma imersão total. Nos mudamos para Pirenópolis em janeiro e lá passamos o mês inteiro gravando. Literalmente morávamos no estúdio. Vivíamos todos os dias respirando música, e isso fez toda a diferença. Nossa rotina de trabalho era das 10 às 22 horas. A gente acordava por volta de 9 horas, tomava café, pulava na piscina, e às 10 horas começava a gravar. Parávamos só para o almoço e para eventuais cafés na parte da tarde. O dia inteiro gravando, timbrando, experimentando diferentes sons, testando possibilidades e ouvindo álbuns de referência. Gravando, regravando, e gravando de novo! E era assim todos os dias, dia após dia, durante todo o mês. Música e só!
Esse lance de mudar de cidade para gravar foi a melhor coisa possível, pois nosso foco se voltou totalmente para a gravação. Se tivesse sido em Goiânia, cada um estaria vivendo sua vida normalmente, e focaria no álbum só quando estívessemos no estúdio. Em Piri não. Ali nós vivíamos o álbum, dormíamos no estúdio, tudo era voltado para o som. O clima da cidade contribuiu muito inclusive com músicas que surgiram lá e acabaram por entrar no disco.
Saímos de Piri no final de janeiro com o instrumetal do álbum finalizado. Durante o semestre, voltamos lá em três semanas distintas para gravar as vozes e acertar os detalhes. Em julho já estava tudo gravado e focamos nas conversas sobre mixagem. Em agosto o som estava pronto: mixado e masterizado.

8 – Quais outras bandas da cidade vocês indicariam para o leitor?

        Hellbenders, Dry, DogMan, Aurora Rules, Sheena Ye e Dogteeth. Vale as falecidas Black Drawing Chalks e MQN também?

9 – O que vocês escutam atualmente? E desde sempre?

Atualmente estamos ouvindo muito Queens of the Stone Age,  Kadavar, Graveyard, Danko Jones, Supergrass, Pink Floyd e Rush. Desde sempre ouvimos muito Beatles, Led Zeppelin, Motörhead, AC/DC e principalmente Black Sabbath. A gente é ridiculamente viciado em Sabbath!

10 – Mandem um recado para os leitores que se interessaram pelo trabalho da banda. Onde encontrar material da banda, etc.

Quer comprar uma camiseta da banda, um vinil ou um CD? Tudo isso você encontra na nossa loja online (disponível no site). Vale também fazer o pedido pelo inbox do facebook ou falar com a gente pessoalmente nos shows. A Overfuzz agradece (e muito) o apoio de todos vocês!

Camilo Rodovalho – Produtor da Fósforo Cultural formado em Direito mas que migrou para a área da comunicação. Desde 2012 escreve para sites de música.

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