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O Centro Cultural da Câmara dos Deputados em Brasília está atualmente hospedando uma exposição fotográfica comovente intitulada "Amor de Papelão"

A exposição fotográfica da artista Ana Claudia Figueiredo, dá um rosto humano aos sem-teto do Rio

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Através de uma série de 12 fotos em preto e branco, a fotógrafa, originária de São Luís mas residente no Rio de Janeiro há 24 anos, oferece um olhar íntimo e cheio de humanidade sobre o cotidiano dos casais sem-teto nas ruas do Rio. Essas imagens são fruto da tese de doutorado em ciências sociais que Ana Figueiredo acaba de defender na PUC-Rio. Durante vários meses, ela acompanhou e documentou a vida desses casais marginalizados, longe dos clichês habituais sobre os sem-teto.


		O Centro Cultural da Câmara dos Deputados em Brasília está atualmente hospedando uma exposição fotográfica comovente intitulada "Amor de Papelão"


"Meu objetivo é romper com os estereótipos e mostrar que também existem fortes laços afetivos nesse contexto de grande precariedade", explica Ana Claudia Figueiredo. "Essas pessoas têm uma vida íntima e amorosa, apesar das condições extremamente difíceis." As fotografias capturam momentos de ternura, intimidade e engenhosidade em meio à precariedade. Vemos, por exemplo, como esses casais improvisam uma espécie de "lar" no espaço público, com abrigos de papelão. Outras fotos mostram a preparação das refeições ou momentos de cumplicidade roubados ao tumulto da rua.


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"A rua é um espaço mutante, nenhum cenário é sempre o mesmo", destaca a fotógrafa. "Minhas imagens documentam essas transformações constantes, fruto dos deslocamentos das pessoas, de seus objetos e de seus significados." Se as fotografias revelam a miséria, a indigência e o isolamento, elas também iluminam "a existência de redes de afetos possíveis" na rua, insiste Ana Claudia Figueiredo.


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A exposição também aborda os desafios cotidianos para esses casais: a improvisação de um lar, a busca por um lugar para se lavar ou satisfazer suas necessidades, a preparação das refeições, a ocupação do espaço urbano. "Através dessas imagens, quis mostrar as tradições, práticas e ritos próprios à cultura desses casais de rua", explica a fotógrafa. "A ideia era capturar o que os aproxima ou os distancia dos casais domiciliados, bem como as particularidades da vida conjugal no espaço público." As fotos também documentam de forma crua a precariedade dos corpos, visível na aparência da pele, dos cabelos, das unhas e da dentição. Elas capturam fragmentos de intimidade, em toda a sua vulnerabilidade.


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Para Ana Claudia Figueiredo, cada imagem é "portadora de um pensamento" e transmite algo do objeto representado: "De um lado, a perspectiva de quem a produziu e, de outro, a de todos aqueles que já a olharam e incorporaram seus fantasmas, seus delírios e até mesmo suas intervenções", cita ela em referência à antropóloga Sylvia Caiuby. Esta exposição se insere na vontade do Centro Cultural da Câmara dos Deputados de promover artistas contemporâneos que abordam temáticas sociais. Todos os anos, um edital permite selecionar as exposições que serão apresentadas nos espaços culturais da instituição. "Queremos oferecer aos artistas e curadores de todo o Brasil a oportunidade de mostrar seus trabalhos em locais muito frequentados por visitantes de todo o país", explica a direção do Centro Cultural. "É uma forma de favorecer o exercício e a promoção da cultura e da cidadania."


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Assistente social de formação, a artista realiza há quase 20 anos pesquisas sobre as populações precárias no Rio. Ela atualmente ocupa um cargo de assessora técnica na Secretaria Municipal de Assistência Social da cidade. "Minha trajetória profissional alimenta meu trabalho artístico e vice-versa", explica ela. "A fotografia é para mim uma ferramenta para dar visibilidade às múltiplas facetas do cotidiano das pessoas em situação de rua, em particular os casais, e à sua maneira de ocupar o espaço urbano." Com "Amor de Papelão", Ana Claudia Figueiredo oferece um testemunho forte sobre uma realidade social muitas vezes invisível. Seu olhar sensível nos lembra da humanidade desses casais de rua, além dos preconceitos e das estatísticas.


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A exposição, visível até o 8 de Agosto de 2024 no espaço do servidor (Anexo 2), permite assim lançar um novo olhar sobre uma realidade muitas vezes ignorada no coração das instituições. Ela convida os visitantes e parlamentares a refletirem sobre as condições de vida dos sem-teto e o lugar que lhes é reservado no espaço urbano. Para Ana Claudia Figueiredo, essa visibilidade dentro da Câmara dos Deputados é importante: "Espero que essas imagens possam contribuir para a evolução das políticas públicas em favor das pessoas em situação de rua."


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