No livro "O Que Vejo da Vida", Moacir Lázaro de Melo reúne uma coletânea de crônicas sobre a vida, a sociedade e as experiências que moldam o ser humano. Publicado em 2024 pela DGM5 Editora, a obra contém observações que o autor desenvolveu ao longo de sua trajetória, abordando temas como memórias afetivas, críticas sociais e questões morais.
Moacir explora questões sobre a existência, desde o significado da felicidade até os problemas enfrentados pelo Brasil contemporâneo. O autor aborda aspectos pessoais de sua vida — a relação com a família, os eventos do cotidiano, como a florada do ipê no cerrado — e as crises políticas e sociais que afetam o país e o mundo. Ele apresenta sua leitura da realidade e busca um futuro melhor.
O resgate das memórias e as lições da vida
Moacir frequentemente revisita memórias que resgatam momentos importantes de sua vida. Na apresentação da obra, ele destaca o impacto de sua família e como sua relação com a esposa, filhos e netos foi essencial para seu desenvolvimento humano. Esses episódios pessoais são fundamentais para sua formação. Ele afirma: “O desejo que tive, ao transformar estes pensamentos em um livro, foi expressar, pela palavra, meus valores morais, experiências de vida, dúvidas e certezas, e até medos e ânsias.”
No texto "Flor do Ipê", o autor usa a analogia entre a florada do ipê e os ciclos da vida. “No mês de agosto, no centro-oeste brasileiro, suportamos um clima muito seco (...). Neste contexto, porém, alguma coisa nos surpreende e nos mostra a beleza da renovação da natureza e reforça nossa alegria de viver. Sim, refiro-me à flor do Ipê, que, em agosto, em suas variedades: branco, rosa, roxo, amarelo, com suas flores exuberantes, nos deixam extasiados de tanta beleza.” A cada agosto, o ipê floresce em suas várias cores, antecipando a primavera e simbolizando renovação e resistência. A florada do ipê representa um ciclo que se repete e incentiva a esperança.
As crônicas também apresentam críticas sociais. Moacir aborda temas como desigualdade, violência urbana, corrupção e a crise educacional no Brasil. Em textos como "Coxinhas e Mortadelas" e "Nem Direita Nem Esquerda, É o Brasil que Importa", ele discute as divisões políticas que fragmentam o país e sugere que essas divisões precisam ser superadas para que se encontrem soluções reais para os problemas sociais.
Sua crítica social vai além das questões estruturais e chama a atenção para a necessidade de engajamento individual. Ele afirma que o progresso requer o comprometimento com a verdade, a justiça e o respeito aos direitos humanos. Em "Nem Direita Nem Esquerda, É o Brasil que Importa", ele reflete sobre o papel do Estado e a responsabilidade de cada um: “Ambas as classes, contudo, têm certa razão: os de direita estão corretos em manter um orçamento equilibrado. Os de esquerda, por sua vez, descobriram o que era evidente: todos precisam se alimentar e ter acesso aos sistemas de saúde, educação e segurança.”
Na crônica "Laudato Sí", Moacir discute o saneamento básico no Brasil, destacando dados alarmantes sobre a falta de tratamento de esgoto e água potável. Ele questiona as prioridades dos governantes, utilizando a encíclica do Papa Francisco como ponto de partida para sua reflexão: “Nosso quadro reflete a caótica situação do saneamento básico no Brasil, como também uma cultura política brasileira de pouco ou quase nada investir em saneamento básico, até porque, afirmam os políticos carreiristas: 'Saneamento básico não gera votos porque não são vistos.' Triste sina de um povo!”
Ao longo da obra, Moacir estabelece diálogos com autores, filósofos e pensadores de diferentes épocas. Ele cita escritores como Dante Alighieri, Victor Hugo, Machado de Assis e Nelson Rodrigues, cujas ideias complementam suas reflexões.
Em "No Caminho com Maiakóvski", Moacir usa um poema de Eduardo Alves Costa, atribuído ao poeta russo Vladimir Maiakóvski, para discutir a omissão diante das injustiças sociais. Ele utiliza o poema para refletir sobre a inércia da população frente a problemas como a alta carga tributária e a desindustrialização do país. “Porque não dizemos nada e ficamos omissos, por medo ou acomodação, ou até mesmo por ignorância total, assistimos a carga tributária brasileira, em pouco mais de trinta anos, passar de 22 para 36% do Produto Interno Bruto (...). E não dizemos nada!”
A espiritualidade aparece de forma recorrente no livro. Moacir reflete sobre sua fé e a busca por um sentido maior na vida, utilizando textos como "Laudato Sí" e "Fraternidade e Superação da Violência" para discutir questões relacionadas à religião e à moralidade. Ele vê na espiritualidade uma força e base para enfrentar injustiças. Em "O Que Queres? Meu Presente de Natal!", o autor escreve uma oração em que pede por um Brasil mais justo e menos corrupto, “Por favor, meu grande amigo, olha pela sofrida nação brasileira e seu povo sofrido; conceda-nos a tua paz; livra-nos dos maus políticos que só pensam neles mesmos, sempre, porém, às custas do sofrimento da nação como um todo; desperte neles o sentimento de humanidade com a missão de conceder ao nosso povo educação de qualidade.”
O Que Vejo da Vida é um convite para refletir sobre questões do cotidiano e sobre como enfrentamos os desafios. Moacir Lázaro de Melo constrói suas crônicas de forma a incentivar a autenticidade e a integridade no modo de viver. “Espero sinceramente que as minhas palavras nesta obra, mais que reflexões daquilo que vejo da vida, sejam catalizadoras da curiosidade dos leitores.”
Os leitores encontrarão textos que abordam desde as questões do dia a dia até grandes problemas sociais que afetam o Brasil e o mundo. Com uma linguagem clara, o autor conduz o leitor em uma jornada de autoconhecimento e crítica social, sempre buscando incentivar reflexões sobre a vida.