Regina Casé vive mulher forte em ‘Três Verões’
Redação
Publicado em 8 de setembro de 2020 às 13:00 | Atualizado há 5 anos
Mais uma doméstica? Regina Casé não perde a cabeça e mantém o bom humor. Depois da Val de “Que Horas Ela Volta?” e da Lourdes na novela “Amor de Mãe”, ela volta ao cinema como a Madá de “Três Verões”. Dia 16 deste mês, o filme entra no streaming do Telecine, Now, Vivo Play e Oi Play. “Me aguardem que eu vou fazer uma madame”, brinca.
“Existem atrizes que passam a vida fazendo mulheres ricas e todo mundo acha natural. É mais uma discriminação contra as mulheres pobres. Tem gente que acha que são todas iguais, mas não. A Darlene de “Eu Tu Eles”, a Val, a Lourdes, a Madá, cada uma tem uma história. A Madá é uma empreendedora. E, na geografia da casa de “Três Verões”, se ela fica na cozinha, é numa posição muito particular. Madá é empregada dos patrões e patroa dos demais empregados da casa”, afirma.
Regina conversa com a reportagem de dentro do carro que a leva para as gravações de “Amor de Mãe”. Como atriz e apresentadora, ela sempre colocou a cara do Brasil na tela. O repórter pergunta pelo marido, Estevão Ciavatta, que fez um documentário produzido por Walter Salles – “Amazônia S.A”. -, disponível na Globoplay. “O Estevão está aqui comigo, no carro. O documentário é um trabalho de cinco anos dele. Começou sobre desmatamento, grilagem e virou um filme sobre os guardiões da floresta. Os indígenas são os zeladores desse patrimônio da humanidade que é a Amazônia.”
A volta ao cinema tem sido gratificante. Lá atrás, nos anos 1970, ela participou de um clássico – “Tudo Bem”, de Arnaldo Jabor. Nos 80, foi uma das filhas de Lima Duarte em “Os Sete Gatinhos”, que Neville D’Almeida adaptou de Nelson Rodrigues. Já em 2000, criou a Darlene, com três maridos, em “Eu Tu Eles”, de Andrucha Waddington. “Agora chega, vamos falar do filme, senão a Sandra me mata.” Há 25 anos – em 1995 -, Regina havia feito um curta com a diretora Sandra Kogut. Queriam trabalhar juntas de novo. E aí a Sandra veio com o roteiro de “Três Verões”.
Uma casa num condomínio de luxo, no litoral do Rio. A mesma semana, entre o Natal e o Ano Novo, em três diferentes verões – 2015, 16 e 17. A casa espelha as mudanças do Brasil em tempos de Lava Jato, de impeachment. No primeiro verão, a casa está cheia – de gente e objetos que espelham o poder econômico. Nos verões seguintes, a casa vai-se desnudando. Num passeio de lancha, Madá observa que todas as casas estão assim, depenadas. Os donos estão sendo investigados. Fogem ou são presos.
Rogério Fróes, que faz o patriarca, está preso no quarto, doente. Suas cenas com Regina são gloriosas. “O Rogério é uma maravilha”. Madá é igual a Val, a Lourdes? “Não, todas são pobres, mas têm a sua identidade. Viajando pelo Brasil, conheci todas essas mulheres. São nosso povo. A Madá é uma empreendedora. Tem consciência das transformações e quer abrir o próprio negócio.” O Brasil reflete-se na casa, que termina vazia, mas o processo – a transformação – quem documenta é a TV, que está sempre ligada no noticiário. A TV é personagem. “Foi ideia da Sandra. Tinha até mais coisas na TV, mas a Sandra cortou para deixar o filme mais enxuto.”
Pela Madá, Regina foi melhor atriz no Festival do Rio do ano passado. Subiu ao palco com o filho, que comemorou, como se fosse dele, a vitória da mãe. (Agência Estado)
Ficha Técnica
‘Três Verões’
Diretora: Sandra Kogut
Gênero: Comédia/ Drama
Ano: 2019