Começou neste sábado a décima edição do Rock in Rio Lisboa, versão portuguesa do festival de música carioca. O evento deste ano marca os 20 anos de sua existência na capital de Portugal. Este primeiro dia foi encabeçado pelos roqueiros do Scorpions, grupo criado nos anos 1960 que até hoje está em atividade.
Antes deles se apresentou a banda americana de rock alternativo Evanescense, fundada em 1995 e conhecida por poucos hits. A programação tinha ainda os portugueses do Xutos e Pontapés, grupo formado no fim dos anos 1970, e o Living Colour, criado em 1984.
Com isso, o Rock in Rio Lisboa reuniu neste sábado um público bastante específico --o de roqueiros saudosistas. Durante a tarde, quando o festival ainda estava vazio, passeavam por ali uma maioria de pessoas vestidas com camisetas dos Scorpions e de outras bandas antigas de rock.
Havia bastante a fazer caso os artistas nos palcos não chamassem atenção. O Rock in Rio funciona em Lisboa nos mesmos moldes que no Rio de Janeiro --como um misto de festival de música e parque de diversões.
Havia a tirolesa de sempre, por cima do palco principal, além da roda-gigante, também conhecida por quem frequenta o evento no Brasil. Foram espalhados por lá ainda estandes de marcas com jogos para o público e distribuição de brindes.
Mas houve uma diferença notável entre as duas versões do festival: o público. Quem acompanha a cantora Taylor Swift viu que nas últimas semanas viralizaram vídeos no Tiktok comparando a reação super eufórica da plateia brasileira com a recepção morna do público da Europa, por onde ela tem viajado com sua turnê. No Rock in Rio foi possível ver que nem artistas com décadas de carreira conseguem arrancar muitos berros ou rodas de bate cabeça da plateia portuguesa.
A timidez é estranha, mas também benéfica, de certa forma, dado que era possível ouvir os artistas cantando com clareza, sem que os maus cantores da plateia atrapalhassem, como é comum em shows no Brasil.
O parque Tejo, onde o festival ocorreu pela primeira vez, ficou lotado. O local foi escolhido como nova casa do festival após o prefeito de Lisboa Carlos Moeda tentar convencer a empresária Roberta Medina de que era o melhor local da cidade para isso, ela conta. Antes o evento ocorria no parque da Bela Vista. Medina, filha de Roberto Medina, criador do Rock in Rio, foi quem levou o festival a Portugal.
A visão dos palcos era boa, com elevações no solo que permitiam o público mais afastado enxergar os artistas, ainda que às vezes recorrendo ao telão. Andar pelo local não era tão fácil, porém, e o pico da sua lotação surgiu ainda sob o O Rock in Rio Lisboa recebeu 80 mil pessoas neste sábado, com ingressos esgotados. O festival ocorre ainda no domingo, 16, e no próximo final de semana, 22 e 23, com shows de Ed Sheeran, Jonas Brothers e Doja Cat. Entre os brasileiros da programação estão Jão, Luísa Sonza e Ivete Sangalo, que tem uma legião de fãs no país.
Em setembro, o festival celebra 40 anos no Brasil, numa edição que inclui um dia reservado somente aos artistas brasileiros. Na ocasião, o Rock in Rio receberá pela primeira vez cantores sertanejos, o que há anos é pedido por parte do público.
Mas houve também críticas à escalação de nomes como Luan Santana e Ana Castela, com pessoas dizendo que o festival está se descaracterizando e perdendo a essência roqueira.
"A pergunta não deveria ser 'por que sertanejo?', mas 'por que não sertanejo?'. É a música mais ouvida no Brasil", disse Roberto Medina, o criador do festival, em conversa com jornalistas brasileiros na tarde deste sábado.
"Tem uma coisa [de parte do público] com rock antigo que não tem nada a ver", segue Medina. "Tem que ter todo mundo no festival. Dizem 'aquilo já foi rock, depois foi se transformando em pop'. É mentira."
O jornalista viajou a convite do Rock in Rio