É permitido fumar a bordo, anunciou uma voz dessas robóticas, como se fosse uma gravação de avião, no início do show da banda Planet Hemp no Rock in Rio neste domingo (15). E, da plateia, a fumaça subiu.
O grupo, que tem Marcelo D2 e BNegão nos microfones, começou a apresentação no fim da tarde do dia, o mais roqueiro do festival. Cantaram logo "Distopia", carregada do senso libertário que sempre permeou seu repertório. "Desobedeça, obedeça, desobedeça", o público tentava cantar, sobre o barulho ensurdecedor dos instrumentos pesados da banda.
"Maconha não mata a gente", disse BNegão, antes de cantar "Jardineiro", que versa sobre o plantio da erva. Depois, convocou uma roda no público, com dezenas de pessoas girando uma atrás da outra.
Com "Legalize Já", fizeram os fãs gritarem pela legalização da maconha. "Uma erva natural não pode nos matar", eles diziam, antes de atirar um baseado enorme, inflável, que ficou flutuando sobre as cabeças da plateia.
Criado em 1993, o Planet Hemp tem um dos discursos mais políticos da música brasileira. Nas letras, eles discutem mazelas, criticam o preconceito que cerca os maconheiros e enfrentam figuras que consideram problemas para a sociedade —neste show, por exemplo, gritaram contra fascistas.
"Os caras dizem que são patriotas, né?", disse BNegão a certa altura, de novo falando de política, antes da apresentação de "A Culpa é de Quem?", faixa que denuncia um sem fim de injustiças sociais.
No terço final da apresentação, a roqueira baiana Pitty entrou no palco. Juntos eles cantaram uma versão um tanto mal remixada de "Admirável Chip Novo", hino da roqueira que os amigos regravaram numa parceria recente. O problema é que BNegão e Marcelo D2 mal deixaram ela cantar, e o resultado ficou esquisito.
Isso melhorou com "Teto de Vidro", em que Pitty teve liberdade para dominar o palco. Sua presença enervou um show que já está entre um dos mais intensos dessa edição do festival. A fumaça exalou até o final.