Cultura

Single gospel relembra época fértil dos Stones

Marcus Vinícius Beck

Publicado em 30 de setembro de 2023 às 16:14 | Atualizado há 4 meses

Nada foi melhor na última semana do que “Sweet Sounds of Heaven”, novo single lançado pelos Stones. Só deixou óbvio o que se já sabe desde os anos 60: Mick Jagger e Keith Richards são mestres. E Ron Wood toca muito. Eles ainda tiveram o lindo piano de Stevie Wonder e a voz poderosa de Lady Gaga. Uma sedutora prévia do que os fãs podem esperar do disco “Hackney Diamonds”, álbum que a banda inglesa anunciou para 20 de outubro.


 “Sweet Sounds of Heaven” possibilitou os melhores sete minutos e vinte e três segundos da semana. Lembra os melhores momentos do lendário grupo londrino, como “Shine a Light”, gospel gravado no disco “Exile on Main Street”, de 72, e “You Can’t Always Get What You Want”, lançada no “Let It Bleed”, de 69. Richards nunca deveria parar de tocar sua guitarra, nem Wood a dele e tampouco Jagger deixar de cantar. Nada supera os Rolling Stones.


A música nasceu com Jagger aproveitando uma tarde ensolarada em Londres. Como tantas vezes nas últimas seis décadas, Keith divide os créditos com o vocalista. A faixa foi gravada em três lugares: no Henson Recording Studios, em Los Angeles, onde Gaga e Wonder registraram suas partes. Depois, houve sessões no Metropolis Studios, na cidade de Londres, berço da banda. Até o caribenho Sanctuary Studios, nas Bahamas, fez parte do itinerário.


Gaga e Wonder são velhos conhecidos dos Stones. A cantora já se apresentou com a banda britânica em 2012, num número em que interpretou a sombria “Gimme Shelter”, clássico do disco “Let It Bleed”. O pianista empresta o brilho de suas teclas à sonoridade stoniana desde os anos 70 – época em que fizeram uma turnê juntos e o soulman executava com os Rolling Stones um medley que envolvia “Satisfaction” e “Uptight (Everything’s Alright)”.


Assim como foi possível perceber em “Angry”, single lançado pelos Stones no início de setembro, “Sweet Sounds of Heaven” revela que Charlie Watts é insubstituível, ainda que Steve Jordan tenha sido baterista indicado pelo próprio Watts a Keith quando o guitarrista formou a banda X-Pensive Winos, que o acompanhou na carreira solo, nos anos 1980. O compasso de Jordan acrescentou um ritmo mais acelerado ao disco “Talk Is Cheap”, de 1988.


 

  


O novo álbum de inéditas trouxe mais uma vez os Stones para os holofotes. Na última semana, Keith criticou a música pop. “Eu não quero começar a reclamar de música pop. Sempre foi uma porcaria. Esse é o ponto. Eles fazem da maneira mais fácil e barata possível e, assim, sempre soa a mesma coisa, tem pouco sentimento nela”, disse o músico, numa entrevista ao tabloide inglês “The Telegraph”. Sobrou até para o rap: “Eu não gosto muito de ouvir pessoas gritando comigo e dizendo que isso é música, também conhecida como rap”.


Quem voltou com tudo foi Jagger.  No que depender do vocalista, por exemplo, seus filhos não devem receber a herança de US$ 500 milhões, algo em torno de R$ 2,5 bilhões, após morrer. Ao “Wall Street Journal”, o músico foi questionado se pretende vender os direitos de suas músicas. Muitos músicos estão vendendo seus catálogos por quantias bilionárias.


Mas Mick Jagger, o cara que inventou essa coisa de rockstar, diz que não pretende vender catálogo da banda e dá a entender que prefere que o seu dinheiro seja doado para instituições de caridade “para fazer algo de bom pelo mundo”. “As crianças não precisam de US$ 500 milhões (R$ 2,5 bilhões) para viver bem”, responde Mick Jagger.


Com 80 anos de idade, o músico é pai de oito filhos. Karis, 52, Jade, 51; Elizabeth, 39; James, 38; Georgia, 31; Gabriel, 25; Lucas, 24, fruto do seu relacionamento com a apresentadora brasileira Luciana Gimenez; e o caçula, Deveraux, de 6 anos de idade. Jagger falou ainda sobre as suas expectativas sobre os Stones, após a sua partida. O cantor revelou que espera que o legado da banda continue, mesmo sem a sua presença. (Com Agência Estado)


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