Um clássico toca clássicos do Rock
Diário da Manhã
Publicado em 2 de setembro de 2016 às 02:52 | Atualizado há 9 anosTodo moleque que escolheu os caminhos irreverentes do rock’n’roll para suas vidas, desde o fim da década de oitenta até essa sexta-feira, já ouviu a banda formada no seio candango Raimundos. Na lida da música desde 1987, com pequenas pausas no trajeto; foi influência para muitas bandas nacionais posteriores. Letras e posturas escrachadas formaram um público fiel que constantemente se expandia assim que um moleque novo descobria o significado de rock e “puteiro”.
Da formação original da banda restam, Canisso e Digão, o atual front do Raimundos. Digão vem à casa Mr. Jones em Goiânia nessa sexta-feira para uma apresentação além Raimundos, uma viagem no tempo e estilo do rock’roll. Quem acompanha Digão nesse tributo é o mais jovem Raimundo, Caio. O caçula era um pequeno catarrento de seis anos quando a banda despontou e agora é o responsável pela bateria do grupo.
A partir das 21h o público da Jones poderá acompanhar o extenso repertório executado por Digão e Caio. O vocalista molda o show de acordo com o humor e o astral do público. Entre as bandas selecionadas estão Ramones, Red Hot Chili Peppers, Nirvana, Alice in Chains, Metallica, The Cure, The Smiths, The Offspring, Legião Urbana, Charlie Brow Jr, R.E.M, Paralamas, Sublime, Foo Fighters, System of a Down, O Rappa, Natiruts, Plebe Rude, Bob Marley, Green Day e, claro, Raimundos. Um verdadeiro panorama dos estilos que dominaram a música pop nas décadas de 1970, 80 e 90, com muito rock clássico, punk, pós-punk, metal, grunge, reggae e rock nacional.
Tributo old school
Digão conta que esse tributo ao rock não é um show incomum, que não raro ele fazer esse tipo de apresentação pelo País e que Caio o acompanha nessa empreita de vez em quando: “Sempre faço esse tipo de apresentação nas folgas do Raimundos e volta e meia o Caio faz comigo, como será nessa sexta.”
O vocalista conta que foi em um desses tributos que conheceu o jovem dentista/baterista candango, Caio, que integra o Raimundos desde 2007. “Inclusive foi através dessas apresentações que conheci o Caio e o fiz entrar no Raimundos.”
Além de baterista de uma das bandas nacionais mais importantes da cena rock, Caio atua como dentista em Brasília. “Minha outra paixão (além da bateria) é a odontologia. É difícil, mas dá pra fazer as duas coisas, graças a Deus.”
A escolha do repertório pra esse tributo é feita pelo próprio Digão a partir de seus gostos e preferências e ele deixa o Caio até dar uns pitacos: “Totalmente pelo gosto pessoal, não sou de pegar as músicas da moda pra compor repertório, até porque o repertório é bem ‘old school’, mas se eu gostar de algo novo também não vou embarreirar… O Caio dá umas ótimas dicas.”
O Raimundos foi influência para mais de uma geração que a partir do som dos caras decidiu se entregar ao rock. De acordo com Digão, essa relação, que conversa e influencia a molecada, ainda se mantém com um público mais jovem. “Engraçado como as duas coisas estão andando juntas, velhos e novos fãs têm aparecido em peso nos shows, então nosso público está mais se ampliando que qualquer coisa! Isso é ótimo”, relata Digão sobre a constante presença de seu público cativo desde os anos 80/90.
Jeitão de Raimundo
Algumas músicas do Raimundos muitas vezes foram apontadas como portadoras de conteúdo machista. Hoje as discussões de gênero são muito mais comuns. Uma das mais recentes músicas do grupo que suscitou esse tipo de discussão foi Gordelícia, que carrega trechos como “Essa menina é uma delícia/ E que delícia esse excesso de fofura/ Me alucina, me fissura/ Tua raba é toda dura / Enrubesce a minha cabeça é uma loucura/ Eu não consigo mais parar”. De acordo com a banda, a época dessa confusão, a música é uma homenagem às gordinhas.
Guardando as proporções do bom senso, música é uma expressão que está ligada diretamente à liberdade, mesmo que o rock tenha se afastado desse princípio de liberdade e subversão originalmente jogados à juventude. Falar bobagens, palavrões e escrachos não deixa de ser uma parte da expressão rock, desde que se comprometa a não incorrer em ofensa gratuita e mal direcionada.
Perguntei se esses discursos afastaram público e se os integrantes chegaram a fazer uma autocrítica nesse sentido, ao que Digão respondeu no velho estilo: “Deixa eu falar filha da puta.” “Em nenhum momento nos questionamos em mudar temáticas pra agradar, somos o velho e bom Raimundos falando o que dá na telha de um jeito tosco, mas com uma grande diferença: não há maldade. Em relação às discussões de gênero, políticas, etc, acho tudo muito regido por modinhas, bem fora da realidade de quem contribui palpavelmente para o País, pagando contas, impostos e tal… É fácil falar mal enquanto o outro segura o peso! Por isso prefiro ser quem eu sou, tosco e verdadeiro, gostem ou não.”
Digão e Caio (Raimundos) tocam clássicos do rock
Data: Sexta-feira, 2/9, a partir das 21 horas
Local: Mr. Jones (Rua 146, esquina com 140, Setor Marista)
Ingressos: R$ 30,00 (antecipados) e R$ 40,00 (na portaria)
Locais de venda: Tribo Restaurante (Rua 36, St. Marista), Seven Rock Shop (Shopping Buena Vista), Hocus Pocus (Av. Araguaia, Centro), Detroit Steakhose (Av. 136, St. Marista), Shuffle Mix (Av. Araguaia, Centro)
Vendas online: https://meubilhete.com/digaoraimundos
Informações: (62) 3086-6100