Cultura

Urias Magalhães, o setor dos violeiros

Diário da Manhã

Publicado em 26 de junho de 2016 às 02:43 | Atualizado há 4 meses

Duas avenidas movimentadas são responsáveis pelos principais pontos de acesso ao Setor Urias Magalhães, localizado na região Norte de Goiânia. Uma delas é a Avenida Marechal Rondon, que tem início no Centro da cidade e termina na GO-462. A outra é a Goiás Norte, atualmente em obras para a inauguração do BRT. O Urias fica próximo ao Morro do Além, o que torna suas ruas pouco niveladas, possibilitando nos pontos mais altos a vista de longo alcance para a região dos arranha-céus. Ainda existem várias chácaras instaladas nas proximidades do Rio Meia Ponte, alterando drasticamente a paisagem residencial das ruas principais do bairro. Nos anos 1960, a praça principal era ponto de encontro de violeiros da – então recém-criada – cidade.

A princípio, o que mais chama a atenção para a composição visual do Urias Magalhães são as dezenas de pequenos prédios que compõem alguns condomínios fechados. A maioria deles é simplória e possui um visual que remete à década de 1980. O bairro possui boa parte de suas ruas nomeadas a partir de capitais de unidades federativas do Brasil. A principal avenida, a Rio Branco, é a que concentra maior parte das salas comerciais. A primeira escola da região foi inaugurada ainda nos anos 1940. Ela ainda existe e atualmente se chama Escola Estadual Eunice Weaver. O asfalto chegou no Urias em 1985, na época da instalação do famoso Atacadão (antigo Carrefour). O Cemitério Parque Municipal foi construído nas proximidades do bairro nos anos 1960.

A desativação da estrada de ferro da cidade, que ligava o Setor Central ao Setor Campinas, é apontada pelo Programa Urbano Ambiental Macambira Anicuns, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, como uma barreira para a habitação das margens do Ribeirão Anicuns. Sua desativação, segundo o documento, proporcionou o surgimento de inúmeros bairros, como o Urias. “Com o passar dos anos, os bairros entre a estrada de ferro e o ribeirão Anicuns foram sendo ocupados e várias chácaras foram sendo parceladas em lotes urbanos”. A região do morro do além foi ficando cada vez mais densa, e bairros como Setor Urias Magalhães, Panorama Park, Gentil Meireles e Setor Progresso surgiram.

 

História

Urias Magalhães (1884-1980) foi um dos primeiros moradores da nova Capital. Era proprietário de uma extensa fazenda, que englobava a área onde hoje estão os setores Urias Magalhães, Crimeia Oeste, Crimeia Leste, Goiânia 2 e Setor Centro Oeste. Essas terras foram doadas para a construção de Goiânia. Os setor foi oficializado em 1968, e passou a ser vendido pela imobiliária Itacolomi para moradores pioneiros que acreditavam na prosperidade da nova cidade. Quando os primeiros habitantes chegaram não havia nenhuma infraestrutura de serviços básicos: água, esgoto, asfalto ou eletricidade só chegariam décadas depois. Atualmente, o Urias é um dos bairros mais tradicionais da cidade, e um dos mais importantes da Região Norte.

Segundo o Censo do IBGE de 2010, cerca de 23 mil pessoas habitam o setor. Um dos pontos mais conhecidos do Urias é a Praça dos Violeiros (conhecida oficialmente como Praça Cícero Romão), que fica às margens da Avenida Goiás Norte, atualmente em obras para a instalação do BRT. Segundo moradores, a praça ganhou esse apelido por tornar-se uma sede tradicional para o encontro de violeiros da cidade em meados dos anos 1960. No final dos anos 1980, a praça ganhou um novo símbolo visual: a escultura ‘O violeiro’, do artista Angelos Ktenas, fabricada justamente em homenagem às manifestações culturais da cidade, numa época que artistas sertanejos do Estado faziam um estrondoso sucesso no cenário musical do País.

Uma página no Facebook criada em homenagem ao setor traz curiosidades e informações sobre seus quase 50 anos de história. Numa postagem que comemora o aniversário do Urias em 2014, é lembrada uma dupla sertaneja célebre da região, de nome Rancho Grande e Beira Mar, que se apresentava com frequência na Praça dos Violeiros. Um episódio marcante que envolve a praça, segundo os organizadores da página, foi o dia em que o padre Vicente Duarte organizou uma procissão para que a praça ganhasse o nome de Padre Cícero Romão Batista, figura messiânica do Nordeste brasileiro. Segundo a narrativa, moradores impediram a chegada da procissão à praça com armas. O nome da praça mudou no papel, mas na prática ainda é dos Violeiros.

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