Praia do Preá (CE) - Praia do Preá funciona assim: vento te arrasta. Relaxe, meu caro, tire essa calça preta, ponha uma bermuda confortável, acomode-se num chinelo simples — e então encoste ali no balcão. Um boulevardier dissipará maiores “suplícios” cearenses.
Na Casa Siará, hotel de luxo à beira da praia, a recepção será personalizada. É certo que temperatura estará elevada. Mas brisa, deliciosa e refrescante, se achará a poucos metros. Kitesurfistas sambam enquanto sol se despede da paisagem diurna beijando mar.
São cerca de 20 minutos desde Aeroporto Regional de Jericoacoara. Voos de São Paulo aterrissam na pista do terminal aéreo. Há também um que decola do Rio de Janeiro, mas com menor frequência. Expectativa é que haja em breve rota operando a partir de Brasília.
Uma vez habituado ao ritmo litorâneo desse paraíso nordestino, há que se olhar para as águas calmas à frente oscilando entre belo e intimidador. Fim de tarde adquire significado exuberante. Deixe pra lá preocupações laborais, correria metropolitana, boletos a pagar, dentista necessário, médico inadiável. Melhor, nem pense nessas normalidades cotidianas.
Não existe no léxico dessa praia situada a 20 km ao sul de Jericoacoara neologismo “segundar”. A única providência a ser tomada, diante de tal constatação, é satisfazer-se na Casa Siará, com seu spa, suas piscinas, suas salas de estar (uma delas tem até PlayStation 5), suas quadras de beach tennis e tênis, suas mesas de ping-pong e sua banheira de gelo.
Idealizada pelo arquiteto Miguel Pinto Guimarães, a casa foi construída para ser residência de veraneio. Julio Capua, cofundador da XP Investimentos, não demorou a transformá-la num hotel refinado. Com diárias a partir de R$ 2,9 mil (baixa temporada) e R$ 4,9 mil (alta), oito luxuosas suítes oferecem requintada e aconchegante simplicidade ao hóspede.
Desse total, quatro se localizam nas laterais, duas acomodam famílias com crianças e, adivinhe, duas se posicionam na frente-mar. A estrutura arquitetônica remete às escamas de peixe, em sintonia com fotografias da fauna e flora locais emolduradas nas paredes.
Em busca da aventura a ser vivida, a adrenalina chega rápido: kitesurfe. Equipado com prancha, equilibre-se na água e, nas alturas, guie o kite. Ou, pelo menos, tente. Os mais experientes alçam voo, porém se exige habilidade avançada no esporte olímpico.
A Praia do Preá se torna meca da prática kitesurfista por sete meses. Ali, nesse tempo, o vento oscila de 30 km/h a 45 km/h. Sendo elemento imprescindível, a ventania joga na corrente sanguínea doses avassaladoras de epinefrina. Importante: mar é quentíssimo.
Orientando-se pelo espírito da emoção, a Casa Siará tem parceria com uma empresa que trabalha com rota de quadriciclos, UTVs (veículo off-road) e caminhonetes. Percorra alguns quilômetros à beira do mar sem carros à vista até o Parque Nacional de Jericoacoara. As dunas, elevações de areia, são fotografias memoráveis.
Mangues
No trajeto (cerca de 40 km), passamos por mangues com suas árvores retorcidas no vilarejo do Guriú. Sensação inenarrável, todavia, é descer pelas areias até as Lagoas Tatajuba, que se desenham no meio das dunas. Desestressante e sereno, o contato com natureza se fortalece ao molhar pés. Entre novembro e dezembro, ápice da seca, as águas se esvaziam totalmente.
Já na volta, essa coisa irritante, vira obrigatório dar tempo na Casa Uca, com trilha sonora se revezando entre canções indianas e jazz, blues e hip-hop. Aí, não tem jeito, a solução é recorrer à coquetelaria: peça ao garçom clássico whisky sour, inventado em 1870. Bourbon, suco de limão e xarope de açúcar explodem no paladar, antes de a refeição ser servida.
Gastronomia, aliás, se leva a sério ali. Na Casa Siará, os pratos enaltecem a cultura pesqueira, de forma que menus valorizam ingredientes da região. Lagosta, polvo, ceviche e moqueca são queridinhos dos hóspedes junto do gin tônica, drinques autorais e cerveja. Tudo pensado para revigorar e, claro, eliminar algum sofrimento que se tenha pelas atividades radicais, como andar de UTVs a 70 km/h nas dunas ou pegar aulas de kitesurfe no Rancho do Kite.
Firme na ideia de transformar Preá em destino turístico cobiçado Brasil afora, o empresário Julio Capua tem ainda nome ligado à Vila Siará, com diárias também a R$ 2,9 mil na baixa temporada. As acomodações, sofisticadas, ocupam terreno próximo à Casa Siará.
Perto dali, o Carnaúba Wind House (pensado para praticantes do kitesurfe), por sua vez, começará funcionar logo. Uma lagoa azul, ladeada por coqueiros e bangalôs, traz projeto de Miguel Pinto Guimarães em parceria com Sérgio Conde Caldas. Como se fossem casas de pescadores, mas com luxo, ou pós-luxo, o espaço terá também hospedagem. Para 2025, mais novidades: hotel Anantara, 60 bangalôs e 25 casas. Praia do Preá é o destino do Brasil.
Jornalista viajou a convite da Casa Siará