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Exposição “As Congadas de Goiás" - João Tavares
A Vila Cultural Cora Coralina será nesta quinta-feira, 10, o ponto de encontro de cultura e fé com a abertura da exposição “As Congadas de Goiás”, um evento que integra a programação do 1º Encontro Estadual de Congadas de Goiás. A mostra, que permanecerá aberta ao público até o dia 20, exibe 80 fotografias que capturam a essência dessa importante manifestação cultural. Com curadoria do fotógrafo Fernando Corrales, a exposição mergulha nas tradições, na devoção e na festa popular que são as congadas, levando ao público imagens que traduzem a emoção e a história dessa celebração.
O evento de abertura começa às 9h e conta com a apresentação de um terno de congada local, marcando o início oficial da programação. A exposição, que vai circular por outras três cidades do estado – Catalão, Ouvidor e Três Ranchos –, preserva a memória e a vivência dos congadeiros, transmitindo às futuras gerações a importância de suas raízes culturais.
Ancestralidade
As congadas são festas tradicionais de matriz africana, que misturam música, dança e religiosidade em devoção a santos católicos, principalmente Nossa Senhora do Rosário. Elas são realizadas há séculos em várias regiões do Brasil, mas em Goiás a tradição possui um significado especial. As imagens que compõem a exposição trazem à tona o colorido, o movimento e a fé dos congadeiros, retratando a força de uma cultura que resiste ao tempo.
Para Fernando Corrales, a fotografia é uma forma de manter viva essa tradição.
A congada é muito mais do que uma dança ou uma manifestação religiosa, é um patrimônio cultural que precisa ser divulgado e ensinado. Cada imagem dessa exposição é um pedaço da história das famílias e comunidades que mantêm essa tradição viva. Fernando Corrales
Corrales também destaca que o processo de curadoria envolveu não apenas fotógrafos profissionais, mas também pessoas que, por meio de suas lentes amadoras, registram a beleza da festa com devoção e paixão. “Quando recebi as fotos, fiquei impressionado com a qualidade e a sensibilidade. Mesmo aqueles que não são fotógrafos de formação capturaram imagens poderosas, com um olhar singular. Isso me fez acreditar que, na verdade, cada um deles tinha a alma de um fotógrafo de congada”, relata.
Entre os fotógrafos que contribuíram com suas obras estão Maysa Abrão, Fernanda Azevedo, Caroliny Anteria, Fernando Cândido, João Tavares, Pedro Paulo Ferreira, Lucas Machado e o próprio Fernando Corrales. Cada um trouxe sua perspectiva sobre a festa, mas o fio condutor que une todas as imagens é a vibração e a alegria que emanam das congadas.
“Cada fotógrafo trouxe um olhar diferente, mas o que unifica o trabalho de todos é a emoção. Todos capturaram a alegria, as cores, as expressões de fé que envolvem as congadas. Ao final, conseguimos uma narrativa visual que emociona e faz o público sentir a energia da festa”, explica Corrales.
Essa diversidade de olhares não compromete a coesão da exposição. Pelo contrário, ela enriquece a mostra, oferecendo múltiplas interpretações de um mesmo evento, reforçando o caráter plural das congadas. A exposição também traz uma forte conexão com a comunidade congadeira, que, ao ver suas histórias refletidas nas imagens, tem a chance de se reconhecer e celebrar sua herança.
A preservação da memória das congadas é um dos grandes objetivos da exposição. Para Fernando Corrales, registrar essa tradição por meio da fotografia é uma forma de garantir que ela continue viva para as próximas gerações. “As congadas são parte da nossa história, e, como tal, precisam ser preservadas. A fotografia tem esse poder de eternizar momentos e garantir que eles não se percam no tempo. Acredito que essa exposição contribui para que as futuras gerações compreendam a importância de manter vivas suas raízes culturais”, afirma.
Além de ser um espaço de celebração, a exposição "As Congadas de Goiás" funciona como um elo entre o passado e o presente, conectando os ancestrais que iniciaram essa tradição com os jovens que terão a missão de continuar o legado. As imagens retratam não apenas os momentos festivos, mas também o cotidiano e as vivências dos congadeiros, ressaltando a importância de manter viva a cultura popular.
O 1º Encontro Estadual de Congadas de Goiás não se resume apenas à exposição fotográfica. Como parte do projeto, foram planejadas outras ações culturais e educativas, como oficinas em escolas municipais, destinadas a professores e alunos do ensino fundamental, e a publicação de um livro infantil que apresenta a tradição das congadas de forma acessível às crianças.
Corrales vê essas iniciativas como fundamentais para o futuro das congadas. “É muito importante envolver as crianças e os jovens nesse processo de resgate cultural. A tradição das congadas não pode se perder, e uma das maneiras de garantir que isso não aconteça é educar as novas gerações desde cedo. Nas oficinas, as crianças vão aprender sobre as danças, os cânticos, as histórias e até a confeccionar instrumentos como tambores e pandeiros. Isso cria um sentimento de pertencimento e orgulho em relação à própria cultura”, destaca o curador.
A transmissão da tradição entre as gerações sempre foi uma característica marcante das congadas. Muitas vezes, a participação nas festas é passada de pai para filho, garantindo que a cultura continue viva. As ações educativas do evento reforçam esse elo, criando novas formas de transmissão desse saber ancestral.
O encerramento do 1º Encontro Estadual de Congadas será marcado pelo cortejo dos Ternos de Congada, que reunirá mais de mil dançadores de 20 ternos de várias cidades goianas. A grande celebração acontecerá na cidade de Ouvidor, onde a multidão de congadeiros marchará ao som dos tambores, pandeiros e cânticos, encerrando o evento com uma explosão de fé e cultura popular.
Para Corrales, essa celebração é um momento único. “O cortejo é o auge da festa. Ver centenas de congadeiros juntos, dançando e cantando em devoção aos santos, é uma experiência emocionante. É um espetáculo de fé, cultura e união que nos faz sentir parte de algo muito maior”, comenta.
