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Desafios de alimentar uma criança com APLV fora de casa

Redação DM

Publicado em 24 de abril de 2025 às 11:37 | Atualizado há 13 horas

A Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV) é uma condição que afeta uma parte significativa das crianças pequenas e exige cuidados especiais com a alimentação. Para pais e responsáveis, o desafio de garantir uma dieta segura para seus filhos fora de casa, em lugares como festas, passeios e escolas, é constante. A adaptação ao mundo fora do ambiente familiar demanda atenção e organização, além de envolver questões relacionadas à segurança alimentar e ao bem-estar da criança.

A APLV ocorre quando o sistema imunológico do bebê reage de forma exagerada à proteína do leite de vaca, causando uma série de sintomas que variam de reações gastrointestinais a problemas respiratórios e cutâneos. Isso significa que, além de excluir alimentos com leite de vaca da alimentação da criança, é necessário estar sempre atento aos ingredientes e à possibilidade de contaminação cruzada, especialmente fora de casa.

Desafios ao alimentar a criança com APLV fora de casa

Quando a criança com APLV começa a frequentar ambientes externos, como festas de aniversário, encontros familiares ou passeios, os pais enfrentam o grande desafio de garantir que a criança não seja exposta à proteína do leite de vaca, algo que pode ser difícil, já que o leite de vaca está presente em muitos alimentos e produtos consumidos socialmente.

Em festas ou eventos, por exemplo, a preocupação principal é que o alimento servido contenha leite, mesmo que de forma invisível, como em bolos, salgados, chocolates ou outros doces. Isso exige que os pais fiquem atentos à preparação dos alimentos, aos ingredientes usados e, muitas vezes, se envolvam diretamente na preparação ou escolha dos alimentos para garantir que eles sejam adequados para o seu filho.

Além disso, é importante sempre ter um kit de emergência, com medicamentos como anti-histamínicos ou até mesmo epinefrina, caso haja uma reação alérgica inesperada.

O maior desafio, porém, é garantir que a criança com APLV se sinta incluída socialmente. Muitas vezes, os pais se sentem inseguros ao solicitar que a comida da criança seja preparada de forma especial, temendo que isso crie um ambiente desconfortável para o filho ou até mesmo para os outros.

Além disso, os pais precisam educar as pessoas ao redor sobre o que é esta condição e como evitar a contaminação, o que pode ser desafiador, principalmente em eventos com grande quantidade de pessoas.

A alimentação no ambiente escolar

Outro local onde os pais enfrentam dificuldades é no ambiente escolar. A escola, sendo um lugar onde a criança passa uma parte significativa do seu tempo, precisa ser um ambiente seguro e inclusivo para a criança com APLV.

Contudo, garantir que isso aconteça envolve vários desafios, desde a conscientização de todos os envolvidos — professores, funcionários e colegas — até a adaptação do cardápio e a criação de estratégias para evitar contaminações cruzadas.

Um grande passo para melhorar esse cenário foi dado pela Danone Nutricia, em parceria com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), que promoveram um encontro imersivo para debater o tema das alergias alimentares no ambiente escolar. A agenda desse evento contou com palestras, bate-papos e dinâmicas voltadas para a conscientização, inclusão com segurança e nutrição, com o objetivo de criar um projeto prático e eficaz para escolas.

Além das ações institucionais, os pais podem (e devem) participar ativamente desse processo. Uma boa prática é manter um diálogo constante com a equipe escolar, fornecendo informações detalhadas sobre a alergia, sintomas de reação e cuidados específicos. Também é útil elaborar, junto com a escola, um plano de ação em caso de emergência, que inclua a identificação da criança, contatos de emergência e, se necessário, a disponibilização de medicamentos como anti-histamínicos ou adrenalina autoinjetável.

Outro ponto essencial é a educação dos colegas de sala. Atividades educativas simples podem ajudar a promover empatia e respeito, tornando o ambiente mais acolhedor para a criança com APLV. Materiais didáticos, histórias infantis e rodas de conversa são formas eficazes de trabalhar o tema de forma lúdica.

Por fim, a inclusão alimentar pode ir além da simples substituição de ingredientes: pensar em comemorações e lanches coletivos onde todos possam participar igualmente, sem distinções, é uma forma poderosa de garantir que a criança com APLV se sinta parte do grupo.

Como as escolas podem apoiar as crianças com APLV?

Para que as crianças tenham uma experiência positiva na escola, a conscientização e a preparação são fundamentais. A escola precisa estar ciente dos riscos relacionados à APLV e implementar medidas preventivas para evitar exposições acidentais. Isso pode incluir:

  • Treinamento de professores e funcionários: Sensibilizar toda a equipe escolar sobre o que é APLV, como identificar uma reação alérgica e o que fazer em caso de emergência.
  • Políticas de alimentação segura: Estabelecer regras claras sobre a alimentação na escola, garantindo que alimentos com leite de vaca sejam evitados e que a alimentação da criança com a condição seja cuidadosamente preparada e monitorada.
  • Inclusão social: Promover atividades que incluam a criança nas festas e eventos escolares, sem que ela se sinta excluída devido às restrições alimentares.

Alimentar uma criança com APLV fora de casa é um desafio constante que exige atenção, paciência e muita organização. Seja em festas, passeios ou no ambiente escolar, os pais precisam garantir que seus filhos possam se alimentar com segurança e ao mesmo tempo se sentir incluídos nas atividades sociais.

Com mais conscientização, educação e práticas inclusivas, é possível proporcionar a essas crianças uma vida social ativa e saudável, sem abrir mão de sua segurança alimentar.

Referências:

ALERGIA À PROTEÍNA DO LEITE DE VACA. Vida social. Disponível em: https://www.alergiaaoleitedevaca.com.br/vida-social.

BRASIL. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Alergia alimentar: o desafio diário que exige atenção e apoio especializado. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/ebserh/pt-br/comunicacao/noticias/alergia-alimentar-o-desafio-diario-que-exige-atencao-e-apoio-especializado.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Alergia ao leite de vaca. Rio de Janeiro: SBP, jan. 2018. Disponível em: https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/alergia-ao-leite-de-vaca/.

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