Sem muitas cerimônias, já vou logo dizendo: O Citroen C3 Aircross 2024 é um excelente carro em termos de espaço para passageiros, porta-malas e motorização. Portanto, ideal para o dia a dia das famílias. O novo SUV compacto é ruim nos demais pontos? Não mesmo, mas deixa a desejar em itens considerados importantes para um modelo de uma marca que sempre entregou o melhor para seus consumidores. O que mudou no C3 Aircross para não ser mais o mesmo. Simples: o novo modelo chegou ao mercado mais limpo para poder custar menos e, assim, vender mais no segmento em que atua.
A Citroen sempre teve bons carros, mas poucos compradores no Brasil. Empacava nos números de vendas e estava sempre na berlinda das estatísticas. Com a criação da Stellantis, nascida da fusão FCA e PSA, o grupo passou a controlar as marcas Fiat, Jeep, Peugeot, Ram, Mopar e a Citroen, dentre outras. Nas mãos da Stellantis, a Citroen passou a chamar mais a atenção dos consumidores ao compartilhar motor, câmbio e outros equipamentos vindos especialmente da Fiat. O Aircross é um SUV familiar com muitas qualidades.
Quer um bom exemplo do mencionado compartilhamento? Anota ai: o motor 1.0 Turbo, de três cilindros, batizado de T200, com 130 cv (etanol), e o câmbio CVT simulando 7 marchas que o novo C3 Aircross utiliza é o mesmo conjunto dos Fiat Pulse e Fastback. Se veio caprichado na mecânica, o mesmo não se pode dizer de outros equipamentos que se encaixariam bem no Aircross, mas que foram preteridos no modelo para dar lugar a custos menores de produção. Outro ponto que deve ser considerado no C3 é seu visual bonito e imponente.
Redução de custos faz parte do jogo empresarial com a finalidade de granjear mais lucros e com a Stellantis não é diferente. A decisão final fica nas mãos dos consumidores: comprar ou não um carro menos equipado para desembolsar menos dinheiro, mas abrindo mão de itens de segurança e comodidade importantes no dia a dia. Com a troca de dono, a Citroen melhorou as vendas, mas perdeu em pontos que garantiam o status de conforto e tecnologia que a marca carregava.
O novo Citroën C3 Aircross que o DMAutos acabou de testar é a versão Shine, a mais completa da linha. Para ter uma na sua garagem o comprador tem que desembolsar R$ 130 mil e mesmo assim não terá um SUV nos trinques em equipamentos. Algumas ausências são evidentes, como o botão de partida, star/stop e regulagem de profundidade da direção. A marca foi posicionada no segmento dos carros acessíveis, longe das tecnologias e do acabamento mais luxuoso que sempre marcaram a história dos seus modelos.
O Citroen C3 Aircross não só perdeu. O modelo de cinco lugares também conquistou coisas boas, como o conjunto propulsor emprestado da Fiat e seu espaço interno. O SUV robusto é grande por fora e por dentro tem espaço o suficiente para levar uma família confortavelmente. Quem vai no banco traseiro tem espaço de sobra para as pernas e o porta-malas, com capacidade para 493 litros, é generoso no tamanho. Sua ¬abertura é ampla e o piso baixo facilita o embarque de objetos.
Dirigir o C3 Aircross é prazeroso. O banco do motorista é alto e conta com regulagem manual. O ar-condicionado analógico não oferece saídas de ar para a segunda fileira. Os passageiros que vão no bando traseiro ao menos têm duas portas USB-A para recarga de smartphones. Um detalhe: por um instante tive que girar os detalhes à procura dos comandos dos vidros elétricos traseiros. Eles ficam entre os bancos dianteiros, onde estão mal posicionados. Por que não nas próprias portas? Vai entender! O painel tem um desenho moderno, mas utiliza materiais mais simples, assim com as portas e os bancos em sintético.
O Citroën C3 Aircross 2024, iniciando sua nova fase sob o comando da Stellantis, aposentou o motor 1.6 aspirado. Agora, o modelo, assim como o Peugeot, utiliza o motor Firefly 1.0 turbo com 125 cv (G)/130 cv (E) e 20,4 kgfm, ligado ao câmbio automático CVT com simulação de 7 marchas. Com esse motor, conhecido como T200, o C3 Aircross é o SUV 1.0 turbo mais potente do mercado, juntamente com os Fiat Pulse e Fastback. O consumo na cidade, com gasolina no tanque, chegou a 10,5 km/l e fez 12,3 na rodovia. Considerando o porte do C3, o consumo é bom. Se tivesse o start/stop seria bem melhor.
Desenvolvido sob a plataforma CMP, que serve também outros modelos da Stellantis, o C3 Aircross apresenta excelente desempenho, apesar do seu peso de 1.216 kg. O motor 1.0 turbo trabalha em sintonia perfeita com o câmbio CVT e tem fôlego de sobra. Tem boa arrancada, é bastante ágil na cidade e na rodovia se impõe com uma pegada forte. As respostas quando exigido são imediatas. O motor vibra como todos os três cilindros, mas o que chama atenção é a ventoinha de refrigeração. Ele vibra alta e faz barulho quando acionada.
Além das faltas do botão de partida, start/stop e ajuste de profundidade da coluna de direção (é apenas de altura), o C3 Aircross não oferece também acendimento automático dos faróis, retrovisor fotocrômico, chave canivete, ar-condicionado automático, faróis em LEDs ou mesmo pacote de assistentes de condução. O SUV da Citroen, por outro lado, traz modo sport, painel de instrumentos de 7", central multimídia com tela de 10" com espelhamentos sem fios, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, quatro airbags e carregador por indução, dentre outros.
Citroën C3 Aircross Turbo CVT
Motor: dianteiro, transversal, 3 cilindros, 12 válvulas, 999 cm3, duplo comando de válvulas com variador no escape e MultiAir na admissão, injeção direta, turbo, flex
Potência e Torque: 125/130 cv a 5.750 rpm; 20,4 kgfm a 1.750 rpm
Transmissão: automática CVT, com simulação de 7 marchas
Tração: dianteira
Suspensão: McPherson na dianteira, eixo de torção na traseira; liga leve aro 17" com pneus 215/60 R17
Dimensões: Comprimento (4.320 mm); Entre-eixos (2.675 mm). Largura (1.796 mm), Altura (1.651 mm)
Peso: 1.216 kg em ordem de marcha
Tanque: 47 litros
Porta-malas: 493 litros
Aceleração: 0 a 60 km/h: 4,4 s; 0 a 80 km/h: 6,9 s; 0 a 100 km/h: 10,4 s
Retomada: 40 a 100 km/h (em S): 7,9 s; 80 a 120 km/h