Teste: Ford Territory 2024 muda tudo e passa a incomodar a concorrência

Quando a Ford trocou de posição, deixando a condição de fabricante para se tornar importadora, uma nuvem de desconfiança sobre a marca foi inevitável. A decisão de fechamento das fábricas, em janeiro de 2021, e o consequente encerramento da produção de veículos no Brasil chocou o mercado, em especial, seus consumidores. Mas a recuperação da sua imagem foi uma questão de tempo e se deu muito mais por conta da qualidade dos modelos que foi buscar lá fora para atender os anseios do mercado.

A lembrança de um momento ruim vivido pela Ford no Brasil é só para mostrar a reviravolta dada pela marca no País e como ela conseguiu superar os obstáculos em um período muito mais curto do que se imaginava. A importação de bons produtos, priorizando o segmento premium, como o SUV Ford Territory, somado à um custo benefício atraente, fizeram a diferença. Assim, a Ford saiu do que parecia ser um abismo e hoje se mantém bem colocada na disputa entre as picapes, SUVs e esportivos e faturando alto, mesmo com volume menor de vendassem relação ao passado.

O Territory, citado no parágrafo acima, vem da China, mas traz a DNA da Ford pelo fato de ser desenvolvido com a participação da engenharia brasileira. Sua estreia no mercado se deu no andamento do segundo semestre de 2020, ainda num período de resistência aos carros chineses. Naquele momento o Territory não foi bem em vendas. Para piorar sofreu ainda com as consequências do anúncio do encerramento das atividades de produção da Ford no Brasil e com a Covid 19 em alta.

Começo difícil

O consumidor estava um tanto assustado e com receio de arriscar achando que a Ford estava deixando o Brasil. Essa desconfiança se juntou à crise do mercado como um todo diante do período pandêmico que praticamente parou o País. Pelos motivos expostos fica evidente que a vida do Ford Territory no começo da sua história no Brasil não foi fácil. E não foi mesmo. Sua nacionalidade chinesa, a situação vivida pela Ford e a pandemia foram os maiores entraves.

O primeiro SUV Territory que chegou ao mercado era vendido nas versões SEL e Titanium, ambos equipados com motor 1.5 Turbo EcoBoost de 150 cv e 22,9 kgfm de torque e câmbio CVT, com relação continuamente variável, simulando oito marchas e dono de um visual e acabamento interno elogiáveis. Apesar dos atrativos, o modelo não vendeu bem, situação bem diferente dos dias atuais.

SUV da nova geração

O Territory da nova geração que desembarcou no Brasil no ano passado como modelo 2024 mudou tudo em relação ao modelo anterior. Chegou por aqui todo renovado no visual e no acabamento interno, além de ganhar novos motor e câmbio. O SUV de tamanho avantajado que já tinha bons atributos ganhou um belo up grade, inclusive nas suas medidas. Se já tinha uma aparência grande para sua categoria ficou maior ainda no modelo 2024, agora vendido unicamente na versão Titanium, com preço de R$ 209.990.

O Ford Territory 2024, que concorre diretamente com o Jeep Compass e não perde de vista o Toyota Corolla Cross, Volkswagern Taos e o Caoa Chery Tiggo 7, dentre outros SUVs médios, trouxe pouco do seu antecessor. O modelo chegou surpreendendo pelas mudanças. Visualmente, mescla um conceito inovador de sobriedade com linhas esportivas, conforto e espaço interno. Ele concorre com os SUVs médios, mas seu porte está mais próximo dos utilitários de sete lugares, como o Jeep Commander.

Teste

Nós já havíamos testado o novo SUV da Ford, em São Paulo, quando do seu lançamento para a imprensa especializada, mas recebemos o carro em Goiânia para mais um período de teste. O novo utilitário foi desenvolvido com a participação maciça de engenheiros brasileiros, com uma proposta tentadora para se consolidar no mercado. Dá para afirmar que seu conforto, tamanho, conjunto de tecnologias e comodidades são de um modelo de categoria bem superior.

Além de mudanças no visual, o SUV Territory cresceu de tamanho, ampliou o conforto, ficou mais moderno e tecnológico. Externamente, ganhou uma nova grade e conjunto óptico em Led e novo capô. A traseira também é nova no desenho e as rodas são de 19”, diferente do antecessor que tinha rodas de 17”.

Potência e torque

Sob o capô tem um novo motor 1.5 EcoBoost Turbo, a gasolina, que rende 169 cv de potência a 5.500 rpm e torque de 25,5 kgfm, na faixa de 1.500 a 3.500 rpm, com injeção direta e comando variável, de Ciclo Otto, de características mais esportivas. É associado à também nova transmissão automatizada de 7 velocidades de dupla embreagem a oléo, altamente eficiente e suave nas trocas.

Durante o período de teste com a versão Titanium tive o cuidado de sentar no banco traseiro para sentir o espaço para as pernas. Sobrou espaço e olha que até mesmo um passageiro um pouco mais alto e encorpado não tem do que reclamar do espaço. A coluna traseira foi elevada. A mudança trouxe mais espaço para a cabeça, além de afastar de vez uma leve, mas então perceptível semelhança lateral com o Range Rover Evoque.

Acabamento interno

O tom claro interior da geração que estreou no Brasil deu lugar ao escuro do teto e o preto no painel e nos bancos, mesclado com tonalidade azulada, compondo o chamado biton. É de muito bom gosto o acabamento interno e a cor escura adotada combina com seu visual aerodinâmico e esportivo. Abro aqui um parêntese para deixar minha preferência pelo acabamento em tom claro do primeiro modelo importado pela Ford.

A acústica interna chamou a atenção pela falta absoluta de ruídos externos. Todos os comandos ficam bem posicionados e de fácil acesso, incluindo o já conhecido seletor rotativo da transmissão no console central. No painel, com desenho horizontalizado, chama a atenção a nova e ampla tela interligando a nova central multimídia e o painel digital personalizável, ambos com generosos 12.3”, o maior da categoria.

Completo em equipamentos

Ford Territory é bastante completo nos itens de comodidade, entretenimento, segurança e conforto. Os bancos dianteiros contam com ajuste elétrico em 10 posições no do motorista e em quatro no do passageiro, além de serem ventilados. A direção é elétrica, com controles no volante, e a pilotagem, bastante confortável, pode ser na preferência do motorista na utilização de um dos modos de condução: Normal, Eco, Serra/Colina e esportiva.

Na lista de equipamentos do Territory Titanium 2024 estão teto solar panorâmico, painel digital, carregamento de celular por indução, ar-condicionado digital de duas zonas, porta-malas com capacidade para 448 litros (cresceu 100 litros), com abertura elétrica e sensor de abertura handsfree, freios a disco nas quatro rodas, assistente de partida em rampa e de descida, controles de estabilidade e tração e muito mais.

Segurança

Nos itens de segurança passiva destaque para os seis airbags (frontais, laterais e de cortina). Dentre outros itens, a segurança ativa do novo SUV da Ford inclui câmera 360º, controle de cruzeiro adaptativo com Stop & Go, monitoramento de ponto cego com alerta de tráfego cruzado, assistência de permanência em faixa, sensores de estacionamento traseiro e dianteiro e frenagem autônoma de emergência com alerta de colisão frontal, dentre outros.

Oficialmente, o conjunto propulsor garante um consumo de gasolina de 9,5 km/l na cidade e de 11,8 km/l na estrada e uma performance de 10,3s de 0 a 100 km/h. Durante nosso teste, porém, registramos um consumo de 8,6 km/l na cidade e de 11,5 km/l na estrada. Vale lembrar que foi durante um período de muito calor, o que interfere no consumo por conta do uso excessivo do ar-condicionado e de outros fatores externos.

Suspensão

A suspensão é outro ponto alto na nova geração do Ford Territory. Bem calibrado, o sistema atua de forma bastante eficiente na absorção do piso, o que ficou demonstrado durante o tempo que rodamos no maior tempo na cidade. Na dianteira a suspensão é independente do tipo Macpherson, com amortecedores hidráulicos, e Multilink na traseira.

O Territory da nova geração mede agora 4.630 mm de comprimento, 1.706 mm de altura, 1.936 mm de largura e 2.726 mm de entre-eixos, além dos 1.935 mm de largura e 1.706 mm de altura. Como referência, o Jeep Compass tem 4.404 mm de comprimento e 2.636 mm de entre-eixos.

Amplo espaço interno

O SUV da Ford é maior do que seu concorrente Compass em tudo e deixa para trás o Commander, com seus sete lugares, na altura e na largura, o que confirma seu espaço interno amplo e diferenciado para cabeça e ombro. Nessas medidas, o Jeep Commander é 24 mm menor na altura e 77 mm na largura.

Dentre os principais equipamentos do Ford Territory 2024 estão a direção elétrica, bancos revestidos em couro, bancos do motorista e passageiro com regulagem elétrica, quadro de instrumentos digital de 12,3 polegadas, multimídia de 12,3 polegadas com conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay e câmera 360 graus.

Equipamentos

Constam ainda na lista dos equipamentos a climatização digital de duas zonas, difusor de ar para segunda fileira, três portas USB (2 USB-A e 1 USB-C), partida sem chave, vidros elétricos nas quatro portas, retrovisores elétricos, com rebatimento automático, carregamento por indução, teto solar panorâmico e abertura elétrica do porta-malas.

A lista com os itens de segurança traz seis airbags, freios ABS, controle de estabilidade, controle de tração, Isofix, monitor de pressão dos pneus, assistentes de condução, controle de cruzeiro adaptativo (ACC), alerta de ponto cego, monitor de permanência em faixa, alerta de tráfego cruzado, park Assist e farol alto automático

Conclusão

O Ford Territory oferece o essencial de um SUV desejado pelos consumidores. É bonito, espaçoso, confortável, bem completo em equipamentos de segurança e comodidade e sua dirigibilidade é prazerosa. Sem falar, claro, no desempenho e economia que o conjunto motor e câmbio proporcionam. Afinal, um SUV do seu porte rodar em média 9 km/l na cidade e alcançar 12/km/l na estrada não é para qualquer um. Cabe bem na garagem.

Ficha técnica - Ford Territory Titanium 2024

Motor: 1.5, injeção direta, comando variável, gasolina
Potência: 169 a 2.500 rpm
Torque: 25,5 kgfm a 1.500 rpm
Câmbio: Automatizado, 7 marchas
Freios: Discos ventilados (diant.), discos sólidos (tras.)
Suspensão: McPherson na dianteira e multilink na traseira
Comprimento: 4,63 m
Largura: 1,93 m (com retrovisores)
Altura: 1,70 m
Entre-eixos: 2,72 m
Porta-malas: 448 litros
0 a 100 km/h: 10,3 segundos
Consumo Oficial: 9,5 km/l na cidade, 11,8 km/l na estrada