Teste: Impressões ao dirigir o Honda ZR-V Touring 2024

Quando tirou o Civic nacional de linha, a Honda viu abrir uma lacuna no seu portfólio de produtos, deixando órfãos os tradicionais consumidores do então queridinho sedã. Numa ponta ficaram os modelos City e sua versão sedã e o HR-V e, em outra, os importados eletrificados Civic e Accord híbridos e o Civic Type R. Qual seria o veículo ideal para preencher o buraco? O ZR-V, importado do México em versão única Touring, foi a solução encontrada e visto como como o modelo idealizado para trazer de volta os órfãos do sedã.

O SUV ZR-V chegou ao Brasil no ano passado como um dos mais importantes lançamentos da marca naquele ano e seu papel era o de ocupar, como veículo médio, a faixa deixada pelo Honda Civic. O novo modelo da marca japonesa desembarcou no Brasil como SUV, mas acabou criando um certo questionamento por não esconder semelhanças, em alguns pontos, com um sedã. Mas não se preocupe: o ZR-V é um SUV e pronto. O que traz do irmão de três volumes só ajuda no seu caso e tanto que não seria exagero chamá-lo de SUV do Civic.

A Honda cedeu o ZR-V 2024 para avaliação e foi exatamente o que fizemos ao longo de 10 dias a bordo do carro. De pronto vou logo dizendo: definitivamente não é o modelo mais bonito na linha da marca japonesa no Brasil. Seu visual não é daqueles que enche os olhos das pessoas, mas nos quesitos conforto, com um bom gosto de tirar o fôlego no acabamento interno, e consumo não cabem reclamações. Uma coisa é certa: o Honda ZR-V não se firmou ainda no mercado e nem parece ter chamado tanto a atenção assim, nem mesmo dos órfãos do Civic.

Dos pontos que o ZR-V pega emprestado do Civic o primeiro é a plataforma, sendo a mesma do sedã da 11ª geração. Além disso, traz também elementos utilizados no seu interior. Seriam os pontos de semelhanças suficientes para atrair os consumidores do Civic? Pouco provável, até pelo fato de que o perfil dos usuários do Civic não se encaixa no SUV mexicano em função do seu visual mais conservador e chega até ao motor 2.0 que fica devendo muito em desempenho.

Quando muito, o Honda ZR-V poderia tirar consumidores do Jeep Compass, Toyota Corolla Cross, Volkswagen Taos, de qual modelo está mais próximo na medida de comprimento, e do próprio irmão HR-V. Mas é importante considerar, ainda em seu desfavor, o motor 2.0 exclusivamente a gasolina, enquanto os modelos mencionados têm motorização flex, uma vantagem da qual o consumidor não abre mais mão na hora de compra. Você, por exemplo, compraria um carro somente a gasolina em detrimento de um com motor que bebe gasolina e etanol ou os dois juntos?

Enquanto no mercado norte-americano o ZR-V, que lá é chamado de HR-V, é um SUV do segmento de entrada, o modelo que chega ao Brasil ocupa posição intermediária oferecendo refinamento interno acima do nosso HR-V. Mesmo com dimensões de um SUV de tamanho médio, o ZR-V pesa menos do que parece, o que ajuda no seu baixo consumo de gasolina. Ele pesa 1.446 kg na versão completa que chega ao nosso mercado e isso se deve ao uso de alumínio e aço de alta e ultra resistência. Apenas como comparativo, o HR-V Touring pesa apenas 24 kg a menos e é menor.

O motor que está sob o capô do Honda ZR-V é um 2.0 aspirado, batizado de K20Z5. É a mesma motorização, mas evoluída, que foi utilizada no Civic da 10ª geração. Sem injeção direta, tem 161 cv de potência, a 6.500 rpm, e 19,1 kgfm de torque, a 4.500 rpm, e trabalha associado a uma transmissão CVT que simula sete marchas. O ZR-V é o único do seu segmento com motor 2.0 que usa apenas gasolina no tanque e mede O SUV ZR-V Touring mede 4.568 mm de comprimento, 1.840 mm de largura, 1.611 mm de altura e 2.655 de entre-eixos.

O propulsor 2.0 aspirado que equipa o Honda ZR-V mostrou-se tão econômico ao ponto de chamar a minha atenção quando o marcador de consumo registrava 10,4 km/l rodando na cidade. Para um SUV do porte do ZR-V é considerável. Na estrada não é diferente sua falta de vontade de beber. No painel, depois de um tempo de estrada, o registro de 12,3 km/l causou outra surpresa. Vale lembrar que durante todo o período de teste fizemos uma condução mais comedida, evitando acelerações mais fortes.

Se o Honda ZR-V chama atenção na economia, o mesmo não se pode dizer do desempenho. Não espere esperteza do motor do ZR-V na estrada. Grita muito e não anda como um legítimo 2.0. Em alguns momentos tivemos que acelerar forte nas ultrapassagens e aproveitamos também a pista livre para sentir a força do motor 2.0 aspirado do Honda ZR-V. Não empolga mesmo, ficando bem claro que sua calibragem busca tão somente conforto.

O isolamento acústico do SUV entra na lista dos itens positivos, favorecido pelo parabrisas especial e os isolamentos nas caixas de rodas. Nem quando o motor tá gritando em busca de forças para responder o que o pé no acelerador pede o som invade a cabine. Outro ponto de destaque é o câmbio CVT, que trabalha de forma suave, com trocas de marchas imperceptíveis.

Vamos à suspensão do SUV de condução bastante prazerosa pela leveza da direção elétrica, posição de dirigir e conforto dos bancos na cor clara e revestidos com material que imita couro. É independente nas quatro rodas e mais elevada para deixar o ZR-V mais parecido com um SUV. Ela absorve bem às imperfeições do piso e transmite não só segurança, mas também uma dose boa de conforto para o interior do SUV.

O Honda ZR-V é generoso no espaço interno, mas os 389 litros de capacidade do porta-malas estão aquém do espaço que atende de forma mais satisfatória os consumidores do segmento dos SUVs menores. Talvez a Honda quisesse mesmo era priorizar o espaço para os ocupantes do SUV e os que viagem no banco traseiro, com piso quase plano, não têm do que reclamar, exceto da ausência de saídas de ar-condicionado. Ao menos quem vai no banco de trás tem à disposição duas portas USB-C para recarga de smartphones e outros aparelhos.

Os faróis full-LEDs finos do Honda ZR-V acompanham uma grade colmeia, com os detalhes pintados em preto brilhante. Na lateral, as linhas limpas dão modernidade ao design do carro, que ganha mais destaque com as rodas de 17” calçando pneus 215/60. Na parte de trás as lanternas em LEDs com a carcaça preta comunicam-se com os elementos pretos e com a ponteira de escape cromada.

O interior lembra em vários elementos o Civic da 11ª geração. Vamos lá, por exemplo, citando a grade das saídas da ventilação, os comandos do ar-condicionado de duas zonas e o volante, além do posicionamento dos acabamentos e os materiais utilizados. Do HR-V e do City mais caros, o ZR-V pegou emprestado o painel de instrumentos o velocímetro analógico e a tela de x” com outras informações do computador de bordo, navegação, sistemas de condução e de som. Até o sistema multimídia com tela de 9” e espelhamentos sem fios vieram do Civic.

A posição mais baixa de dirigir o ZR-V lembra um pouco o conforto proporcionado pelos modelos sedãs, o que é bom porque a direção de veículos trêis volumes é sempre prazerosa. O banco do motorista, bastante confortável, tem regulagem elétrica que permite ajuste de altura e distância, possibilitando encontrar a posição ideal para uma condução sem fadiga depois de algumas horas de viagem.

O consolo central alto, característica dos veículos de luxo, conta com duas portas USB-C, freio de estacionamento eletrônico com autohold e modo ECON, abem como de porta-objetos e um carregador por indução.

A cor o comprador escolhe entre o Azul Aurora Perolizado, Cinza Titanium Perolizado e Branco Topázio Perolizado (com interior cinza claro) e Preto Cristal Perolizado, Prata Platinum Metálico, Cinza Barium Metálico e Vermelho Adrenalina (com interior preto).

Principais equipamentos - Honda ZR-V Touring 2024

Ar-condicionado de duas zonas;
Oito airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelhos para motorista e passageiro dianteiro);
{Chave presencial com partida por botão e partida remota;
{Faróis full-LEDs;
Lanternas em LEDs;
Sensores de estacionamento dianteiro e traseiro;
Banco do motorista com ajuste elétrico;
Acendimento automático dos faróis;
Sistema multimídia com tela de 9" e espelhamentos Apple CarPlay e Android Auto sem fios e MyHonda Connect;
Carregador por indução;
Painel de instrumentos com tela de 7";
Teto-solar;
Freio de estacionamento eletrônico com autohold;
Controles de tração, estabilidade, de subida e de descida de rampas;
Câmera de ré;
Monitor de atenção do motorista;
Alerta de verificação do banco traseiro;
Lane Watch - câmera no retrovisor direito;
Monitor de pressão dos pneus;
Piloto automático adaptativo com low speed follow;
Frenagem automática de emergência;
Assistente de permanência em faixas;
Farol-alto automático;