Teste: Renault Duster Iconic Plus 2024 é a certeza da mudança certa no SUV veterano

Ficou lá atrás o tempo em que o Renault Duster era um SUV rústico e sem muitos atrativos, exceto pela robustez, característica que sempre acompanhou o utilitário ao longo da sua história. Antigo no mercado brasileiro e resistindo bravamente às mudanças e ao crescimento das vendas do segmento dos SUVs, o Duster vem construindo sua trajetória sem muito estrelismo. O utilitário, que um dia foi um “suvão” grosseiro na aparência e no acabamento, hoje ocupa a posição de SUV topo da marca no Brasil.

A posição de destaque do Duster na linha Renault foi conquistada depois que o seu irmão Captor, mais sofisticado, saiu de linha. Mesmo com o lançamento do novíssimo Kardian, nada mudou e o Duster se mantém firme lá na ponta. O SUV veterano da Renault não briga entre os mais vendidos do segmento, mas tem seu público cativo, consumidores que não abrem mão da robustez. Em 2020, com a mudança de geração, o Renault Duster deu um salto na melhoria da sua imagem e, consequentemente, viu suas vendas fiarem mais aquecidas.

O Renault Duster é um SUV compacto, mas com aparência de médio exatamente pela robustez. Com o novo modelo, nascido em 2020, o Duster passou a contar não só com um novo visual, mas também com novos equipamentos e como atração principal o motor 1.3 Turbo TCe, com transmissão CVT no modelo Iconic, o mesmo que acabamos de testar. As demais versões permaneceram com a motorização 1.6 aspirada e câmbio manual ou CVT.

A chegada do motor turbo na versão topo do Duster foi sem dúvida a maior novidade na renovação do modelo. O propulsor, que já estava sob o capô do Captor, deu vida ao Duster. As recentes mudanças no modelo garantiram um up grade ao modelo e o que deve vir pela frente, com a nova geração, apresentada recentemente na Europa, garantirá mais sobrevida ao SUV. O Duster da geração atual continua não tão urbano, mas está muito avançado em melhorias em relação ao modelo que lá trás provocava pouco apetite de consumo.

O atual modelo do Duster tem muito do Dacia, como os faróis e lanternas em LEDs que deram um novo efeito visual no SUV, que traz também uma nova grande, com a inscrição Iconic na cor laranja. As lâmpadas dos faróis de neblina e dos faróis de longa distância são halógenas, mas com o pacote Outsider. Na traseira do atual Duster apenas as lanternas são novas. As mudanças, embora poucas, foram significativas e asseguraram mais oxigênio ao Duster na sua jornada diante de utilitários compactos mais avançados, mas talvez nenhum com seu porte atlético.

Nas ruas, o novo Duster, nascido com a geração lançada em 2020, passou a ser mais notado. Para um modelo que estava atrasado em relação à concorrência, o pouco que foi feito em termos visuais surtiu efeitos positivos. O SUV compacto, com cara de médio, ficou mais robusto e moderno e suas novas rodas de 17 polegadas, com acabamento diamantado escuro deram um forte empurrão para fazer o modelo alcançar os olhos dos consumidores. A nova geração do Duster deve deixar o modelo ainda mais moderno e forte na disputa entre os SUVs compactos do mercado.

O interior do Renault Duster foi melhorado na recente reestilização. A nova central multimídia com tela de 8" e espelhamentos sem fios já existira, mas agora ganhou novo grafismo no painel de instrumentos e um console central em posição mais elevada, carregador por indução e duas portas USB para o banco traseiro, peças emprestadas do modelo europeu. O SUV nacional ganhou também seis airbags e sensor de chuva.

No texto acima dissemos que o Duster é um SUV compacto com porte de médio. Suas medidas o colocam em vantagem nas dimensões, sendo um dos maiores do segmento. Ele mede 4.376 mm de comprimento e 2.673 mm de entre-eixos, o que justifica seu amplo espaço interno e a folga generosa no espaço entre o banco traseiro e o dianteiro. Para se ter uma ideia do seu tamanho, o Citroën C3 Aircross, lançado recentemente, mede 4.320 mm de comprimento e 2.675 mm de entre-eixos. Observe bem que o modelo francês com essas medidas é de sete lugares.

Se o Duster é bom de espaço interno traseiro, peca por não oferecer saídas de ar-condicionado para quem vai no banco de trás. Seu porta malas tem capacidade para 475 litros, espaço mais do que suficiente para levar toda a bagagem de uma família nas viagens. Para um SUV que nasceu de projeto que faria dele um utilitário barato, o Duster surpreende a cada lançamento. Ele melhorou de forma significativa nos aspectos visuais e de motorização na versão topo Iconic. De 2020 até aqui os avanços não passam despercebidos.

Não falamos da suspensão do Duster ainda, não é? Pois bem, nesse quesito o Duster não deixa nada a desejar a nenhum outro modelo do segmento. Tem acerto focado no conforto, o que é notável na direção do veículo. Mesmo em pisos esburacados seu acerto é louvável. A altura de 237 mm do solo, com a ajuda dos pneus 215/60 R17 ajudam a transpor obstáculos sem muitas dificuldades, sem provocar trancos na direção elétrica.

No geral, o Duster da nova geração, agora no modelo 2024, é outro carro. Sua versão mais completa Iconic Plus não deve nada aos concorrentes e leva boa vantagem na robustez, o que modelos do segmento precisam ter para transitarem com mais segurança e conforto no transito urbano e rodovias.

O motor 1.3 Turbo flex da versão Iconic Plus, que o DMAutos acabou de avaliar, rende 162 cv com gasolina e 170 cv com etanol e 27,5 kgfm de torque, associado a um câmbio CVT com simulação de 8 marchas. O conjunto garantiu fôlego à versão e se quer um pouco mais de economia de combustível o modo de condução Eco ajuda bastante.

No trânsito urbano o modelo mostra agilidade com um torque elevado em baixas rotações. Na estrada responde bem nas acelerações, mesmo carregado, e transmite segurança ao motorista pelo seu porte e suspensão bem calibrada. Durante o perído de avaliação, o Duster Iconic registrou consumo de 6,6 km/l na cidade e 9,8 km/l na estrada, abastecido com etanol.

A versão Iconic Plus testada, vendida na casa dos R$ 157 mil (sem o Pacote Outsider), é bem completa em equipamentos. Ela conta, dentre outros itens, com presencial com partida por botão, acendimento automático dos faróis, piloto automático, alerta de ponto-cego e bancos em couro. Conta ainda com airbags, controles de tração e estabilidade, mas não há itens como um alerta de colisão ou de saída de faixa, equipamentos comuns nos modelos concorrentes.

O Renault Duster 2024, em especial na sua versão Iconic Plus, é definitivamente um SUV muito melhor e mantém ao longo dos tempos uma personalidade forte. Avançou bastante em todos os quesitos e só é veterano no tempo de mercado. O modelo robusto está mais moderno, sem, no entanto, oferecer ainda tudo aquilo que o consumidor do segmento busca em um SUV. O mercado cobra um interior mais refinado e mais tecnologias de segurança e de assistência ao motorista.

Ficha técnica - Renault Duster Iconic Plus 1.3 Turbo

Motor: dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16 válvulas, 1.332 cm3, comando duplo variável, injeção direta, turbo, flex
Potência e torque: 162/170 cv @ 5.500 a 6.000 rpm; 27,5 kgfm @ 1.600 a 3.750 rpm
Transmissão: câmbio automático CVT com simulação de 8 marchas
Tração: dianteira
Suspensão: McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira, rodas de liga-leve aro 17" com pneus 215/60 R17
Dimensões: Comprimento (4,376 mm), Entre-eixos (2.673 mm), Largura (1.832 mm), Altura (1.693 mm)
Peso: 1.353 kg em ordem de marcha=
Tanque: 46 litros
Porta-malas: 475 litros
Aceleração: 0 a 60 km/h: 4,4 s; 0 a 80 km/h: 6,7 s; 0 a 100 km/h: 9,9 s
Retomada: 40 a 100 km/h (em D): 7,0 s; 80 a 120 km/h (em D): 6,4 s
Consumo de combustível (teste): cidade: 6,6 km/litro; estrada: 9,8 km/litro (etanol)