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Anora, filme de Sean Baker lançado em 2024, é uma obra cinematográfica visceral que aborda amor, desigualdade de classe e as armadilhas do capitalismo. Com atuações memoráveis de Mikey Madison (Anora) e Mark Eydelshteyn (Vanya Zakharov), o filme se divide em dois atos distintos, construindo e desconstruindo uma história de amor e ambição social.
No primeiro ato, acompanhamos o vínculo entre Anora, uma prostituta de baixa renda em Nova York, e Vanya, um jovem herdeiro bilionário russo. Eles se conhecem em um clube de strip-tease, onde Vanya contrata Anora, mas a relação rapidamente evolui para algo mais profundo. A direção de Sean Baker imprime um ritmo vibrante e alegre, lembrando videoclipes, com cenas de festas, sexo e drogas que capturam o frenesi do relacionamento.
A dinâmica entre Anora e Vanya evoca referências de clássicos como Uma Linda Mulher, Romeu e Julieta e Cinderela, onde o amor parece superar barreiras sociais e preconceitos. Essa fantasia romântica ganha força até o casamento impulsivo dos protagonistas, quando o filme toma um rumo mais sombrio.
No segundo ato, a trama muda drasticamente. A família de Vanya, controlada pelo pai (Aleksei Serebryakov) e a mãe (Darya Ekamasova), intervém para separar o casal. Eles enviam capangas, liderados por Igor (Yura Borisov), para forçar Anora a assinar os papéis do divórcio. É nesse ponto que o filme revela o verdadeiro caráter de Vanya: um hedonista egoísta, mais preocupado com seu próprio prazer do que com Anora ou qualquer outra pessoa.
O desenlace trágico de Anora se intensifica quando, após uma resistência desesperada, ela é forçada a assinar o divórcio. Em uma cena devastadora, Vanya confessa que ela foi apenas uma diversão passageira, descartando-a sem remorso. Anora, que havia sonhado com uma ascensão social e um futuro diferente, percebe que foi usada como um objeto.
Um dos pontos de destaque da trama ocorre na relação entre Anora e Igor, o capanga que a leva de volta para casa. Na cena final, Anora, já despedaçada, transa com Igor de forma crua e abrupta, um ato que simboliza sua resignação ao papel que a sociedade e o sistema capitalista lhe impuseram. Após o ato, ela o agride, chora e desaba emocionalmente, reconhecendo a ilusão do "sonho americano" e sua realidade como um ciclo inescapável de opressão e objetificação.
Anora, dirigido por Sean Baker, é um filme que mistura romance e drama social, explorando temas de poder, desigualdade e as desilusões do sonho americano. A protagonista Ani, vivida por Mikey Madison, é uma stripper que trabalha no clube Headquarters e vê sua vida mudar drasticamente ao conhecer Vanya Zakharov (Mark Eydelshteyn), um jovem bilionário russo em busca de liberdade.
Do glamour ao caos
Ani Mikheeva, que prefere ser chamada de Ani, conhece Vanya, um herdeiro de 21 anos de um império bilionário russo, no clube onde trabalha. Inicialmente, a relação entre eles é estritamente profissional, com Ani atuando como acompanhante. No entanto, Vanya logo faz uma proposta inesperada: contratá-la para ser sua namorada exclusiva por uma semana.
A relação começa como um acordo financeiro, mas evolui para um casamento impulsivo após uma semana de festas e luxo em Las Vegas. Vanya propõe o matrimônio como uma forma de escapar das pressões de seus pais, Nikolai e Galina Zakharov, que querem que ele assuma responsabilidades na empresa familiar. Ani aceita, acreditando que está iniciando uma nova fase de sua vida, mas logo percebe que a realidade é muito diferente.
Família Zakharov
A felicidade do casal é interrompida quando a família de Vanya descobre o casamento. Determinados a preservar a reputação do clã Zakharov, os pais de Vanya enviam capangas, liderados por Igor, para forçar Ani a anular a união. Enquanto Ani luta para proteger seu casamento, Vanya revela seu verdadeiro caráter: irresponsável, hedonista e alheio às consequências de seus atos.
Ani é capturada e confrontada pela família de Vanya, que exige a assinatura dos papéis de divórcio. Apesar de sua resistência inicial, Ani percebe que foi usada por Vanya como uma saída temporária para seus problemas. Ele nunca a viu como algo além de um meio para alcançar seus próprios objetivos.
Final amargo
Ani finalmente cede à pressão e assina os papéis de anulação. Galina Zakharov, em uma demonstração de poder, humilha Ani, deixando claro que ela nunca teve chance contra a influência dos Zakharov. Ani sai do casamento de mãos vazias, emocionalmente devastada.
O filme, no entanto, reserva um momento inesperado de humanidade. Igor, o capanga que inicialmente foi enviado para capturá-la, demonstra empatia e entrega o anel de casamento de volta a Ani, simbolizando um pedido de desculpas silencioso. Em uma cena carregada de tensão emocional, Ani tenta seduzir Igor, mas é surpreendida por sua resposta genuína e respeitosa.
Anora termina com Ani retornando à sua vida anterior, mas agora mais ciente das crueldades do mundo ao seu redor. A transição final entre Ani e Igor simboliza sua luta interna para aceitar a realidade e abandonar as ilusões de um futuro idealizado.
O filme tem uma reflexão poderosa sobre o preço das escolhas e as armadilhas de um sistema que promete mobilidade social, mas frequentemente mantém as pessoas presas em ciclos de opressão. Sean Baker apresenta uma obra visceral, deixando ao público a tarefa de imaginar o futuro de Ani e refletir sobre sua jornada.
O filme conclui como uma crítica poderosa às dinâmicas de classe e às promessas vazias do capitalismo. A trajetória de Anora reflete a ideia de que o sistema cria fantasias de mobilidade social, mas, no fundo, perpetua desigualdades estruturais. A direção de Sean Baker é habilidosa ao expor essas questões de maneira visceral, deixando o público reflexivo e desconfortável.
Anora foi aclamado pela crítica, recebendo a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2024. O filme foi elogiado por sua narrativa envolvente e pelas performances destacadas do elenco, especialmente a de Mikey Madison no papel de Ani.
