Eles não precisam ter curso superior, mas são indispensáveis numa obra de construção civil e ganham muito bem, em média R$ 5 mil por mês, segundo a agência de empregos Catho, mais do que muitos diplomados. O mestre de obras, profissional que ganhou reconhecimento nos últimos anos devido ao crescimento do setor imobiliário, celebra o seu dia na próxima quinta-feira (19.3) com as boas oportunidades que o mercado oferece a eles.
Em Goiás, mesmo os índices brasileiros de emprego e desemprego estarem em queda, há destaque para o setor de construção civil, de acordo com o relatório mensal apresentado em janeiro de 2015 pelo Instituto Mauro Borges de Estatística e Estudos Econômicos com base em informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Ao todo foram criadas 714 vagas na área de construção civil, o que representa aumento de 0,78% de empregos formais do setor. Deste montante, cerca de 43% das vagas estão relacionadas à atividade de construção de edifícios.
Entender de leitura de projetos, fiscalizar o andamento da obra, ter habilidade de liderança e equilíbrio psicológico para trabalhar sob a grande pressão dos cronogramas são habilidades exigidas deste profissional, observa o engenheiro Ariosto Moraes que, em seu dia a dia, seleciona candidados para o cargo da construtora onde trabalha, a FR Incorporadora. “Os gestores valorizam ainda mais quem possui estas habilidades emocionais”, afirma Ariosto.
Para quem está de olho nas oportunidades, a Secretaria de Trabalho do SINE de Goiânia, divulgou nessa semana que a formação para mestre de obras está na grade de cursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), que são gratuitos. Os cursos são um caminho para quem deseja conquistar este espaço no mercado de trabalho, mas a experiência continua sendo fundamental, lembra o engenheiro. “Os salários são altos porque as obras de grande porte necessitam de profissionais acima de 15 anos de experiência. Para se tornar um mestre de obra, é necessário passar todas as funções da construção e conhecer muito bem esse universo”.
Conheça duas histórias de trabalhadores que chegaram a esta função por caminhos diferentes. Pedro Caldas, de 44 anos, chegou ao topo apenas com a formação prática. Já Lucimar Linhares, de 40, resolveu investir agregou os estudos à sua experiência.
Sonhos
O mestre de obras, Lucimar Linhares, mais conhecido como Mazinho, percorreu um caminho diferente para chegar ao cargo. Com 40 anos e outros 24 de experiência na área, Mazinho pisou pela primeira vez em um canteiro ainda no ano de 1991. “Comecei com o servente, mas logo passei a ser carpinteiro. Então passei a investir em qualificação, me tornei encarregado de obra e não parei mais de estudar. Fiz um curso intensivo de mestre de obras e, finalmente, conquistei este espaço”.
Atualmente, ele coordena da obra Cora Alto do Bueno, da FR Incorporadora, um edifício com apartamentos de alto padrão que exige atenção minuciosa com os detalhes do acabamento. Com oito anos de experiência como mestre de obras, Lucimar afirma que o ideal para desempenhar bem a profissão é associar os ensinamentos da sala de aula com os da prática.
“A experiência é indispensável. No entanto, o curso dá uma bagagem rica, que nos permite ter mais habilidade na condução dos problemas do dia-a-dia. Em sua avaliação, esta área também está crescendo em Goiânia, principalmente pelo anúncio dos salários atrativos. No entanto, Mazinho diz que é preciso ter persistência. “O mercado é exigente, tem que ter preparo. Conheço muitos que iniciaram curso comigo e que até hoje não conseguiram uma oportunidade. Para mim, o salário é uma consequência do trabalho”.
Agora que chegou ao maior cargo possível para quem não tem curso superior, Mazinho quer ir além. Estimulado pelos filhos - um é formado em Contabilidade, outra é estudante de Arquitetura e uma adolescente -, pretende continuar estudando e cursar Engenharia Civil. “Nunca é tarde para começar. Quero concluir o Ensino Médio e dar mais um passo na minha carreira”, destaca.
Experiência
Com 44 anos e mais da metade de sua vida dedicados à construção civil, o mestre de obras Pedro Caldas começou a trabalhar no segmento ainda em 1989, como servente de pedreiro. Na escola, não chegou a concluir o Ensino Médio mas, curioso e pró-ativo, logo teve seu perfil de liderança detectado pelos gestores, passando a ser armador, encarregado de obras e, finalmente, mestre de obras - apenas com a formação prática.
“Mesmo com pouco estudo, cheguei ao topo da minha profissão. Acho que porque eu gosto de aprender coisas novas e a obra, muito dinâmica, me proporciona isso diariamente”, diz. Com 10 anos de experiência como mestre de obras, atualmente coordena uma equipe cujo tamanho varia de 80 a 130 funcionários na obra Bueno América, um edifício residencial com 102 unidades habitacionais.
“No meu dia a dia, comando equipes de encarregados, distribuo tarefas e confiro a qualidade do serviço. Além disso, promovo o relacionamento das equipe para deixar todo mundo sintonizado e ainda fico em cima do pessoal para cobrar o serviço pronto”, descreve Pedro.
Além de conhecer como poucos os detalhes de uma construção, dosar pulso firme, flexibilidade agilidade e serenidade é sua receita para se dar bem nesta função. “O profissional tem que ser forte física e psicologicamente para aguentar o serviço e a pressão. Deve saber resolver os problemas em pouco tempo e toda hora surge um diferente. Além disso, não pode ter medo e deve se relacionar bem com a equipe. Sem ela, o mestre não faz nada”.