Com técnicas cada vez mais a favor do homem do campo, o que antes era impossível, hoje se torna realidade para produtores rurais que tiram sua renda por meio do leite. Em 2012, o produtor Carlos Roberto de Castro tirava de 19 animais, 110 litros de leite por dia e, em 2015, a produção dobrou. O segredo, segundo ele, está na metodologia – Balde Cheio – que implantou em sua propriedade de 46 hectares localizada no município de Caçu, a 333 quilômetros de Goiânia, há três anos.
Aos poucos, sua propriedade (Fazenda Cervo) começou a ganhar destaque na região e, no último sábado (4), recebeu cerca de 800 produtores da cidade e de municípios vizinhos para o 8° Dia de Campo Goiás Mais Leite – Metodologia Balde Cheio, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural em Goiás (Senar Goiás), além da parceria com o Sindicato Rural e prefeitura municipal.
As dificuldades em aumentar a rentabilidade de sua produção foram discutidas e levantas por meio da metodologia. Com o mapeamento do solo e o uso de um capim adequado, os animais, que antes não passavam de 13, hoje superam mais de 50. "Mesmo com um espaço pequeno e as técnicas de mudança no solo, o resultado foi alcançado em pouco tempo", destacou Carlos Roberto de Castro. O capim ideal é o Mombaça, que, com o auxílio do programa, ensina a cultivar o solo e consequentemente eleva a produtividade do gado leiteiro.
"Esse tipo de pasto compensa bastante, pois o custo é menor e a lucratividade e qualidade são maiores. Mesmo sendo uma pequena área, consigo ter bons rendimentos durante todo o ano. Montei um sistema de irrigação que deixa o mato verde sempre. Ele é abastecido pela represa que fica próxima do pasto", conta o pecuarista Carlos Roberto.
Depois de ter plantado mais de um hectare do capim e mais um de cana-de-açúcar, além da adequação da propriedade nas técnicas de manejo, pastagem e nas tecnologias como a ordenha, o produtor comemorou os resultados. Ele afirma que atualmente retira, diariamente, 270 litros de leite, 140 litros a mais em relação ao período em que o gado se alimentava com outro tipo de planta e localização da fazenda.
Ele ainda revela que pensou em desistir das criações por causa de prejuízos anteriores e sem as técnicas necessárias para uma produção rentável e de qualidade. "Tinha pensado em parar com a criação de gado leiteiro. Antes, minhas vacas produziam no máximo oito litros cada uma e, com isso, acabava tendo prejuízos. Porém, hoje por meio do programa elas chegam a produzir até 17 litros. Melhorei 50% minha produção", ressalta o pecuarista.
O técnico do Balde Cheio da região, Rogério Trevisolli, responsável por acompanhar os produtores assistidos pelo programa, ressalta que o trabalho desenvolvido pelo produtor foi rápido e com qualidade. "Em três anos, conseguimos resultados expressivos na propriedade do Carlos. Em 2012, a receita líquida de produção era de R$ 8.900 e hoje está fechando em R$ 33 mil, ou seja, resultado muito mais do que o esperado", destacou Rogério.
municípios
O presidente da Faeg e do Conselho Administrativo do Senar Goiás, José Mário Schreiner, salientou a importância da metodologia no aumento da renda dos produtores rurais, principalmente na rentabilidade do leite. "Por meio de ações e programas famílias e moradores do campo conseguem se destacar trazendo renda pela a própria casa e para o município".
De acordo com o presidente, 85% da renda dos municípios representa a produção de 15% dos moradores da zona rural. "São poucos as pessoas envolvidas nas produções de alimentos, leite e carne, mas os resultados são enormes", ressaltou.
O evento
No Dia de Campo, os visitantes foram orientados sobre como produzir mais e com qualidade, além de poderem acompanhar de perto o exemplo da fazenda em destaque. Durante toda manhã, eles percorreram os stands dos parceiros do evento como Italac, Agroquima, Maqnelson e Syngenta, que na ocasião apresentou por meio de palestras de seus representantes, novas técnicas de auxílio à plantação.
Durante o evento, 18 produtores integrantes do Goiás Mais Leite em Caçu receberam quadros de controle de reprodução. Para os produtores, o quadro reprodutivo é importante porque, por meio dele é possível realizar um manejo reprodutivo. Informações como: data de inseminação, parto, período de lactação, entre outros são inclusas no quadro. Estes quadros foram adquiridos por meio de uma parceria fechada com a Nova Zelândia, em 2014.
Goiás Mais Leite
Desenvolvido pelo Senar Goiás e pela Faeg desde 2010, o Programa Goiás Mais Leite – Metodologia Balde Cheio leva conhecimento técnico aos produtores. Dessa forma, muitas vezes é possível aumentar os ganhos reduzindo despesas e até mesmo rebanho. Em Goiás, o Programa Goiás Mais Leite já atende a cerca de 600 produtores e envolve cerca de 60 técnicos.