Manifestantes estiveram concentrados em frente ao Ministério da Fazenda, na manhã de ontem, para protestar contra as medidas de ajuste fiscal estabelecidas pelo governo. O ato foi convocado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT). Segundo a CUT, há 2 mil pessoas no local. A Polícia Militar calcula em 300 o número de participantes.
Os participantes erguem cartazes com os seguintes dizeres: "Contra o retrocesso", "Contra os juros altos", "Contra a retirada dos direitos dos trabalhadores" e "Abaixo o Plano Levy".
A CUT informou que o protesto ocorre hoje por ser a data do início da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a nova taxa básica de juros (Selic) da economia. A reunião do Copom termina hoje. Os manifestantes planejam, à tarde, sair da área em frente ao Ministério da Fazenda e seguir até o Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal.
Juros
De acordo com o presidente da Executiva Nacional da CUT, Júlio Turra, a alta dos juros é "desastrosa". Segundo ele, a trajetória de elevação de juros paralisa a produção e provoca o desemprego. "A CUT - conforme acrescentou - discute em todos os fóruns, seja de trabalhadores ou patrões, mudanças [na política de juros] em uma conjuntura internacional nada favorável".
Para Júlio Turra, a saída da crise que vem ocorrendo no Brasil depende do reforço no mercado interno e dos mecanismos que permitam a população continuar consumindo. Acrescentou que a atual política do governo não tem êxito porque se baseia apenas no controle da inflação. "Não vemos luz no fim do túnel", disse.
Hudson Hélio, integrante do Sindicato dos Empregados no Comércio e Serviço de Sobral (CE), disse que os trabalhadores filiados à CUT querem chamar para a necessidade de mudança na orientação da economia. "Estamos aqui sensibilizar o ministro [Joaquim Levy e tentar persuadi-lo de que é necessário] mudar de ideia e não destruir nossos sonhos", discursou.
Rosane Silva, Secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, lembrou que houve avanço em termos de conquistas sociais durante os períodos de governo do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff. No entanto, disse ser que os trabalhadores são contrários à mudança que vem ocorrendo na política econômica. "Quando votamos em 2014 no projeto [desse governo] votamos para garantir os direitos da classe trabalhadora", disse.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que era aguardado pelos sindicalistas na manhã de hoje, no ministério, participa de evento na Escola Superior de Administração Fazendária.