Agência Brasil
Ontem em Belo Horizonte o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, disse acreditar que as exportações são a chave para a retomada do crescimento econômico do Brasil. "Exportar nada mais é do que contratar demanda externa", explicou. O ministro participou ontem da cerimônia de lançamento do Plano Nacional da Cultura Exportadora, em Belo Horizonte, com a presença do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, e do presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado Junior.
A ação é o braço regional do Plano Nacional de Exportações - lançado pelo Governo Federal em junho deste ano - e tem o objetivo de aumentar o número de empresas mineiras que operam no comércio exterior e, consequentemente, aumentar as exportações de produtos e serviços do Estado. Minas Gerais foi o primeiro estado a receber o Comitê Gestor do PNCE, que será responsável por monitorar a performance do programa com as empresas do estado. Inicialmente, 2 mil empresas de 15 setores econômicos estão aptas a participar do programa. A meta é cobrir todos os estados brasileiros até o final de 2016. Os próximos estados a receber comitê gestor são Rio Grande do Sul e Pernambuco.
Minas Gerais é o segundo maior exportador do País. Armando Monteiro ressaltou a importância das empresas do estado para o comércio exterior brasileiro . "Minas Gerais já realizou exportações na casa dos US$ 40 bilhões", disse o ministro enfatizando que a pauta do estado é muito concentrada em minério de ferro e que, no momento, os preços internacionais têm prejudicado o desempenho do estado. "Se estivéssemos com os preços de um ano atrás, nos primeiros sete meses do ano, Minas Gerais teria exportado US $ 4 bilhões a mais".
Habitualidade
O secretário de Comércio Exterior do MDIC, Daniel Godinho, explicou que o principal objetivo do plano é aumentar e diversificar as exportações. "Vamos focar em três frentes: identificação das empresas com potencial exportador; trabalhar para que o comércio exterior se torne uma atividade habitual dessas empresas; e incentivar a diversificação - tanto da pauta quanto de destinos - de empresas que já exportam com regularidade", disse.
Godinho explicou ainda que as empresas participantes do PNCE contarão com uma gama de ferramentas de treinamento, capacitação, consultoria para adequação de produtos, e identificação de mercados. "Estaremos bem próximos das empresas de Minas Gerais, oferecendo as ferramentas necessárias para que consigam fazer com que a exportação passe a fazer parte do dia a dia delas".
As empresas participantes do PNCE vão contar também com apoio dos parceiros na elaboração de avaliação de seus produtos e serviços, consultoria de inteligência comercial (que avalia em quais mercados aquele produto ou serviço tem potencial de venda), participação em missões comerciais e rodada de negócios com compradores estrangeiros; e outros.
O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, disse que vê uma grande oportunidade para as empresas mineiras. "Vejo com muita alegria e esperança Minas Gerais ter sido o estado escolhido para o lançamento do PNCE".
Para Olavo Machado Junior, o plano abre mercado nos quatro cantos do mundo para as empresas do estado. "Mas entendemos que é muito importante nos aproximar de mercados como o do Paraguai, que tem muita complementação com o nosso estado". Olavo citou como exemplo o custo da energia elétrica no Paraguai, que segundo ele, é menor que no Brasil.
Em Minas, o programa conta com o apoio de 20 parceiros - entre regionais e nacionais - como os ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC); das Relações Exteriores (MRE); da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa); e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); a Fiemg; Governo do Estado; Sebrae; Apex-Brasil; ABDI; Correios; Banco do Brasil; Caixa Econômica; ACMinas e outros. As empresas participantes do PNCE contarão com uma cesta de produtos e serviços, voltados para o aumento da competitividade em mercados estrangeiros.
O PNCE é desenvolvido em cinco etapas bem definidas - sensibilização, inteligência comercial, adequação de produtos e processos, promoção comercial e comercialização. O programa conta ainda com três temas transversais para o direcionamento das empresas: financiamento, qualificação e gestão. Algumas das ações previstas:
Brasil avança em negociações comerciais com países do Pacífico
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, disse ontem que o país tem tido "avanços concretos" na agenda de negociações comerciais e citou o esforço para estreitar relações com países da Aliança do Pacífico - Colômbia, México e Peru - além da perspectiva da troca de ofertas para um acordo comercial entre Mercosul e União Europeia.
O ministro fez as declarações ao fim da reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex), vinculada ao ministério. "O Brasil vem dando passos para fazer com os países da Aliança do Pacífico um marco muito amplo, no sentido de termos quase um regime de livre comércio. As negociações avançam muito bem com o México, para ampliação do acordo de complementação econômica, e também com o Peru e a Colômbia", disse Armando Monteiro.
O ministro visitou a capital colombiana, Bogotá, em julho, e a ministra do Comércio, Indústria e Turismo da Colômbia, Cecília Alvarez Corrêa, virá ao Brasil na próxima semana. Na sua viagem, o ministro também visitou Lima, capital peruana. O objetivo da viagem foi ampliar as relações comerciais com os dois países. O Brasil pretende antecipar o cronograma de desgravação (redução tarifária) com Peru e Colômbia. "Estamos muito animados com a perspectiva de antecipar o cronograma [que é até 2019] para até 2016", disse Armando Monteiro Filho.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que deu entrevista ao lado de Monteiro após a reunião da Camex, falou sobre o possível acordo comercial entre Mercosul e União Europeia. Vieira confirmou que a troca de propostas entre os dois blocos deve ocorrer no fim de 2015, conforme já havia sido divulgado pelo governo. "No último trimestre do ano, haverá a reunião para a troca de oferta entre os dois lados", afirmou. De acordo com o ministro, a Argentina - por muito tempo considerada um obstáculo às negociações - "está negociando, participando de todas as reuniões e continuará participando".