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Governadores do Brasil Central assinam criação de consórcio

Os governadores de seis estados que compõem o Movimento Brasil Central (MBrC) devem assinar nessa sexta-feira (10/09), em Palmas (TO), o protocolo de intenções para criação do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento do Brasil Central. Os secretários das áreas de gestão, planejamento e assuntos estratégicos de Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia e Tocantins já ajustaram os últimos pontos do documento que será assinado. Depois disso, caberá a cada um dos governadores o envio de mensagem às casas legislativas locais para aprovação do texto e criação efetiva do consórcio. A expectativa é que até novembro essa etapa esteja concluída.

Além dos encontros de governadores que já ocorreram em Goiânia, onde o MBrC nasceu oficialmente, e em Cuiabá (MT), os secretários e técnicos já participaram de algumas reuniões, principalmente em Brasília, para avançar na construção do protocolo. "Todos os pontos foram muito bem discutidos. Creio que chegamos em um texto que atende as expectativas de cada um dos seis estados e dos seis como um todo. Procuramos identificar, nos programas, aquilo que mais nos identifica regionalmente", destacou o titular da Secretaria de Gestão e Planejamento de Goiás (Segplan), Thiago Peixoto, um dos principais articuladores do movimento.

O consórcio será constituído de forma a fomentar o desenvolvimento econômico e social dos estados da região com base em ações, programas e projetos em várias áreas: agropecuária, industrialização, infraestrutura e logística, educação, empreendedorismo, inovação (ciência e tecnologia) e meio ambiente. "A consolidação desse movimento, quando as ações efetivas começarem a ser aplicadas, vai fortalecer os Estados do Brasil Central", acrescentou Thiago Peixoto. Posteriormente, a tendência é que seja criada uma agência para captação de recursos públicos e privados para financiar projetos.

Batismo em Goiás

O MBrC teve sua primeira reunião oficial no início de julho deste ano em Goiânia, quando foi assinada a Carta do Brasil Central, na qual os governadores de Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins se comprometiam a compor um bloco regional com o objetivo de construir políticas de desenvolvimento comuns. "A ideia é nos aproximarmos naquilo que nos unem e não focarmos no que pode nos distanciar. Temos que nos unir e não concorrer entre nós. Não podemos ter, por exemplo, foco em interesses particulares e nem em diferenças político-partidárias", esclarece Thiago Peixoto.

O secretário, que é deputado federal licenciado pelo PSD, participou das discussões para a criação do bloco desde o início. A ideia, aliás, já tinha sido discutida por ele com Mangabeira Unger no final do ano passado quando o deputado foi à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, dar uma palestra sobre os avanços educacionais do Estado de Goiás quando ele, Peixoto, foi secretário estadual de Educação. Mangabeira é professor titular da universidade. "Naquela época, nem eu era secretário estadual e nem o professor Mangabeira era ministro. Conversamos bastante e descobrimos que tínhamos pensamentos convergentes: era possível construir uma agenda de desenvolvimento regional a partir de Goiás", relembra Peixoto.

thiago peixoto (1)

Em junho passado, durante um evento em Goiânia com a presença de Mangabeira Unger, o ministro retomou a pauta da conversa com Thiago Peixoto e fez um desafio: Goiás deveria liderar um movimento regional de desenvolvimento para superar o discurso de crise que prevalecia no Brasil. O governador de Goiás, Marconi Perillo, aceitou a provocação e, menos de um mês depois, no início de julho, foi anfitrião do 1º Fórum dos Governadores do Brasil Central, em Goiânia.

Além do aspecto político da presença de todos os governadores das seis unidades da federação na capital goiana, foi assinada ainda a Carta de Goiânia, que definiu as intenções gerais do movimento. Na reunião seguinte, em Cuiabá (Mato Grosso), em agosto, ficou definido que o braço executivo de operações do MBrC será um consórcio interestadual de cooperação.

Além disso, em Cuiabá, onde novamente todos os governadores estiveram presentes, além dos presidentes dos legislativos estaduais, também ficou claro que os Estados já se comportam como bloco de cooperação regional. Na terceira região, em Palmas (Tocantins), cada um dos governadores confirmou novamente presença. Estão programados ainda encontros no Mato Grosso do Sul, Rondônia e Distrito Federal até o fim do ano, além de um possível encontro de encerramento em Goiás.

Características em comum

Apesar de Tocantins e Rondônia pertencerem à região geográfica Norte e os demais Estados serem da região Centro-Oeste, o bloco foi criado com base nas semelhanças entre seus componentes. Além de estarem no centro do país e de não terem acesso ao litoral, os Estados têm entre si várias outras características como, por exemplo, terem em seus territórios o bioma Cerrado, que é o segundo mais extenso do Brasil.

Além disso, as unidades da federação têm ocupação humana extensiva mais recente, principalmente a partir dos anos 1930, quando o ex-presidente Getúlio Vargas criou a versão brasileira da Marcha para o Oeste, incentivando a ocupação do interior. O desenvolvimento, neste caso, foi focado na agricultura e na pecuária, que até hoje são a grande força da região (à exceção do Distrito Federal, que pelas características de capital da República tem perfil administrativo e com força econômica no setor de serviços).

Os números confirmam que o potencial da região, que detém 25% do território nacional e que corresponde a 11,27% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, está de fato no setor agropecuário. Nada menos do que 25,68% do que é produzido pela agropecuária no país sai do Brasil Central (dados de 2012). A região, sozinha, tem significativa participação nacional em alguns produtos importantes: algodão (66,21%), soja (44,59%) e milho (26,16%) – dados de 2012/13. Nos rebanhos, a participação também é representativa: 41,89% dos bovinos estão no Brasil Central; 14,84% dos suínos e 10,74% das aves (dados de 2013).

Os números levaram a uma expressiva presença na balança comercial nacional. No ano passado, enquanto as exportações do Brasil como um todo tiveram déficit de R$ 4 bilhões, o Brasil Central registrou saldo de R$ 15 bilhões. A boa situação econômica reflete-se na qualidade de vida. Os estados da região têm média de 0,739 no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) que é acima da nacional: 0,727 – o indicador leva em consideração três fatores: longevidade, educação e renda.

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