Foto:Reprodução/Folha de S.Paulo
Um balanço apresentado pelo Ministério do Desenvolvimento ao Palácio do Planalto nesta quarta-feira, 22, aponta que as exportações brasileiras de carne passaram de US$ 63 milhões por dia a US$ 74 mil. Segundo o ministério, o valor de US$ 74 mil representa toda a venda de carnes ao exterior na terça-feira, 21. Esse valor corresponde a quase zero comparado ao movimento habitual do setor.
O levantamento mostra que a média diária de exportações em dias úteis neste mês de março era de US$ 63 milhões e caiu após as informações divulgadas em âmbito mundial durante a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal (PF), na última sexta-feira, 17.
A queda é demonstra cautela dos importadores estrangeiros diante da crise no setor, independente dos esforços do governo para tentar derrubar as barreiras de compra do produto nacional.
Segundo o ministério, os compradores aguardam a premissa final do desfecho do caso. Os importadores temem comprar as carnes brasileiras e serem obrigados a manter os produtos estocados nos portos de destino, o que implicaria em altos custos de armazenamento. Os dados apontam que na segunda-feira, 20, os embarques já haviam ficado levemente abaixo da média, com cerca de US$ 60 milhões enviados ao exterior.
Em entrevista à Folha de São Paulo, o ministro da Indústria, Marcos Pereira, informou que pediu aos técnicos da pasta do estudo, um monitoramento diário das vendas de carne, além de pedir cautela aos exportadores em relação aos embarques neste primeiro momento da crise no setor.
"Nossa análise é que os empresários estão aguardando. Eles estão muito cautelosos. Se eles exportam, correm o risco de ficar com a carga presa nos portos de destino, por exemplo. O custo de armazenagem é muito maior do que se guardar os produtos com ele. Isso segundo as conversas que vemos tendo", afirmou.
Para ele, ainda é cedo para saber com clareza o impacto para a balança comercial, mas caso a crime se prolongar, há risco de que o resultado do comércio exterior brasileiro seja comprometido.
Preocupação
A possibilidade de que as carnes brasileiras possam estar sendo comercializadas sem a devida fiscalização e estarem adulteradas, deixou o país em estado de alerta. Os dados fornecidos pelo Ministério do Desenvolvimento também apontam queda do consumo dos produtos do setor em âmbito nacional.
Operação Carne Fraca
A operação da PF do último fim de semana se deu após investigações que apontaram a participação de funcionários dos Ministérios da Agricultura de Goiás, Minas Gerais e Paraná, em um esquema de propina para fraudar a licença de carnes para comercialização sem a devida fiscalização do órgão. O esquema também envolvia servidores de alguns frigoríficos.
Segundo o delegado da PF, Maurício Moscardi Grillo, as irregularidades encontradas nas empresas do setor vão desde o uso de produtos químicos para mascarar carnes impróprias para o consumo até ao excesso de água para aumentar o peso dos produtos.
A ação ocorreu em 6 estados, além do Distrito Federal e resultou na prisão de 35 pessoas, sendo que ainda há foragidos da Justiça.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) afastou 33 servidores que são investigados pela PF, além de interditar 3 dos 21 frigoríficos investigados pela corporação. Entre os locais fechados por tempo indeterminado está uma unidade da BRF em Mineiros (GO), uma da Peccin, em Curitiba (PR) e outra unidade em Jaraguá do Sul (SC).
Os frigoríficos investigados são:
- Big Frango Indústria e Com. de Alimentos Ltda.
- BRF - Brasil Foods S.A. (dona de marcas como Sadia e Perdigão)
- Dagranja Agroindustrial Ltda./Dagranja S/A Agroindustrial
- E.H. Constantino
- Frango a Gosto
- Frigobeto Frigoríficos e Comércio de Alimentos Ltda.
- Frigomax Frigorífico e Comércio de Carnes Ltda.
- Frigorífico 3D
- Frigorífico Argus Ltda.
- Frigorífico Larissa Ltda.
- Frigorífico Oregon S.A.
- Frigorífico Rainha da Paz
- Frigorífico Souza Ramos Ltda.
- JBS S/A (dona das marcas como Friboi, Seara e Swift)
- Mastercarnes
- Novilho Nobre Indústria e Comércio de Carnes Ltda.
- Peccin Agroindustrial Ltda. (dona da marca Italli Alimentos)
- Primor Beef - JJZ Alimentos S.A.
- Seara Alimentos Ltda.
- Unifrangos Agroindustrial S.A./Companhia Internacional de Logística
- Breyer e Cia Ltda.
- Fábrica de Farinha de Carne Castro Ltda. EPP