O segmento que tem contato direito com a população sente de perto as reações dos consumidores. E diante da crise precisa se precaver e ao mesmo tempo garantir a permanência da empresa no mercado.
Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas, Geovar Pereira afirma que a entidade faz constantes campanhas de recuperação de crédito, além de defender o consumo consciente. “A entidade estimula o consumo consciente e não o consumo que afeta a renda familiar”, diz ao DM.
Ele informa que nos últimos anos, apesar da crise aguda, perda de emprego e restrição ao crédito, os índices de inadimplência ficaram estáveis. “Em Goiás, esse índice tem apresentado queda em relação a 2016. No último mês de setembro, por exemplo, tivemos redução em Goiás de -0,89% em relação ao mesmo período do ano passado”.
Ao lado da burocracia e da carga tributária, a inadimplência forma o triunvirato desafiador do segmento empresarial.
Everaldo Leite, economista, diz que a inadimplência é algo ainda mais grave, pois significa “um estrangulamento não planejado de suas operações”.
Ele explica que as empresas necessitam remunerar fornecedores, bancos, colaboradores, recolher tributos, enfim, cobrir custos operacionais e administrativos. Não obstante, ainda tem que enfrentar a falta de pagamento: “A inadimplência, a depender do nível em que se encontra, poderá inviabilizar a eficiência de todos esses desembolsos, sendo que em alguns casos poderá inviabilizar o próprio funcionamento da empresa”.
Everaldo explica que quanto menor é a empresa mais a inadimplência impacta negativamente seu caixa.
Controlá-la é essencial. Caso não consiga, o pequeno empresário começa a caminhar para seu fim: “Ele passa a constantemente renegociar dívidas, reduz faturamento com promoções desesperadas e por fim demite funcionários”.
Esta situação acaba por levar o empresário para as cordas: eles não conseguem sustentar por muito tempo o negócio se não puderem renovar estoque ou se enfrentarem constantes acertos trabalhistas.
CAMPANHAS
Para Everaldo, os empresários sobrevivem mediante o consumo da sociedade, mas não conseguem realizar ao mesmo tempo um papel de educadores do consumo. “Por isso é importante o papel das associações empresariais e da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), que precisam veicular campanhas de orientação aos consumidores, insistindo para que não se decidam por comprar de forma compulsiva, mas observando seus orçamentos e capacidade de endividamento”.
“Em Goiás, esse índice tem apresentado queda em relação a 2016. No último mês de setembro, por exemplo, tivemos redução em Goiás de -0,89% em relação ao mesmo período do ano passado" Geovar Pereira, presidente do CDL
Ele afirma que o próprio consumidor pode ajudar o mercado ao saber o valor exato de sua capacidade de consumo: “É importante que o endividamento se restrinja ao máximo de 25% da renda, para que não comprometa o custo de vida das famílias”.
Geovar Pereira, presidente do CDL, afirma que além das campanhas de recuperação de crédito, a CDL Goiânia orienta seus associados a se aproximar do consumidor: “Em um momento, ele está inadimplente, mas depois pode voltar a consumir e ser um cliente fiel da empresa”.
A contadora Camilla Gonçalves afirma que o descontrole financeiro individual agrava os sintomas negativos da macroeconomia, como o emprego, taxa de juros e mesmo a poupança: “Em 2016 foi feito um levantamento pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), onde se concluiu que 40% da população brasileira entre 18 e 95 anos está com restrições de créditos”.