A revista "Veja", em sua coluna "Radar", disse hoje, 30, que a gestão do Governo Jair Bolsonaro tentará desfazer a venda da Celg, empresa estatal goiana repassada para a Enel por R$ 2,1 bilhão em 2016.
A Celg era a empresa mais antiga e duradoura de Goiás, criada em 1955 na gestão de Pedro Ludovico. Considerada um orgulho pelos goianos, nos últimos 20 anos foi completamente sucateada.
Conforme a informação, o governador Ronaldo Caiado (DEM) estaria descontente com os serviços prestados pela empresa sob comando da multinacional italiana.
Ele se reuniu hoje com Luis Eduardo Ramos, ministro da Secretaria de Governo, e recebeu "aval" para divulgar que o Governo Federal articula a cassação da concessão dos serviços da multinacional. O estado teria duas ações: ou refazer o processo licitatório de venda, com garantias para o povo goiano, ou assumir os serviços de volta.
A primeira hipótese é a mais factível, já que Goiás enfrenta hoje grande endividamento e necessita cumprir requisitos para aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que ordena a privatização, desde que atenda aos interesses do Estado e não gere prejuízos para a população.
Hoje ainda o governador deve se reunir com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tendo em vista escolher a melhor solução para o caso.
Jair Bolsonaro se mostrou sensível ao fato de que os empresários e demais usuários goianos têm reclamado da qualidade dos serviços. Mesmo com a venda, a qualidade é considerada uma das piores do Brasil.
A comercialização da Celg se deu envolvida em polêmicas, já que Caiado, quando atuava como senador, denunciou suposto desmonte da estatal, que beneficiaria politicamente o governador Marconi Perillo (PSDB) nas eleições de 2018.
O que sobrou da venda da Celg teria sido usado no programa "Goiás na frente", hoje denunciado como principal responsável pelas obras paradas em Goiás.
Após o anúncio da venda da Celg D, em 2016, o Ministério Público de Goiás iniciou uma investigação para saber onde estavam os recursos, já que existe ainda a suspeita de que a venda culminou com prejuízos para Goiás.
Nos últimos meses, o segmento produtivo apresentou reclamações contra os serviços prestados, já que a principal contrapartida para a privatização seria o investimento na melhoria dos produtos oferecidos pela empresa.
Atualização
Segue a nota da Comunicação da Enel
"A Enel Brasil informa que não recebeu nenhuma notificação oficial do Governo Federal em relação à concessão de sua distribuidora em Goiás. Desde que assumiu o controle da distribuidora, a Enel Distribuição Goiás tem investido 3,5 vezes mais do que os níveis históricos anteriores à privatização, com melhorias significativas nos índices de qualidade medidos pela Aneel. Desde então, o DEC (índice de duração média das interrupções de energia) e o FEC(índice de frequência média das interrupções) melhoraram 21% e 39%, respectivamente, melhores índices históricos da companhia.
Como resultado desse plano de investimento, a Enel Distribuição Goiás recentemente foi premiada, pelo segundo ano consecutivo, como melhor distribuidora na categoria Evolução do Desempenho da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
A Companhia continuará investindo na expansão da capacidade de energia e na modernização da rede elétrica para melhorar a qualidade do serviço em todo o Estado de Goiás."