Com a crise de 2020, o Brasil deverá confirmar a saída do grupo das dez maiores economias do mundo e, deverá fechar o ano em 12° lugar em termos de valor do Produto Interno Bruto (PIB), ultrapassado por Canadá, Coréia do Sul e Rússia.
O levantamento foi feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), de outubro do ano passado.
"Fica muito claro que o Brasil tem algum problema crônico e interno. É uma questão doméstica muito grave, que atribuo aos problemas que existem na gestão do Executivo e do Congresso, conflitos que persistem ao longo do tempo", diz o economista-chefe da agência Austin Rating, Alex Agostini.
A economia brasileira deverá registrar uma retração média de 0,5% ao ano, num somatório de 2020 e 2021, como mostra o levantamento do Ibre/FGV, com base nas projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), atualizadas em janeiro.
Segundo economistas, o país poderá ficar ainda mais para trás na retomada deste ano, já que o tom das diferenças são dados pelo controle da pandemia, da vacinação e da prorrogação de estímulos para mitigar a crise.
No Brasil, ainda há um ritmo lento de vacinação e, o impasse em torno do auxílio emergencial aponta para uma retração da economia.
"Sem a vacina não tem jogo, vamos estar atrasados em relação aos demais países do mundo. Não tem vacina em quantidade necessária para imunizar 70% da população e alcançar a imunidade por rebanho. O crescimento da economia este ano pode ser menor que o esperado. Eu, particularmente, não acredito num avanço de 3,6%, por conta das incertezas, mas, principalmente, por causa da vacina", avaliou Claudio Considera, coordenador do Núcleo de Contas Nacionais do Ibre/FGV.
Nas estimativas do FMI, o PIB do Brasil deve ter encolhido 4,5% no ano passado e as projeções locais vêm piorando.
"A principal atividade no País tem relação com o convívio social, que é a parte dos serviços. Isso faz com que nosso PIB seja bastante prejudicado pela pandemia. Os demais países (desenvolvidos) colocaram mais recursos em auxílio emergencial do que fomos capazes. Embora nosso primeiro auxílio tenha tido um volume relevante, agora está sendo discutido um volume menor", disse Considera.
O FMI, projeta que a economia global crescerá 5,5% este ano, avanço médio de 0,9% ao ano. Mas no brasil a retomada será mas lenta e, o país fica no meio da lista de 30 países incluídos no levantamento do Ibre/FGV em 2021.
Ao todo 13 países terá o crescimento superior ao estimado para o Brasil é 16 países terão crescimento em ritmo inferior ao brasileiro, aponta o FMI.
China e Índia terão destaque na retomada, os emergentes deverão crescer 6,3% neste ano. Uma ritmo quase que duas vezes maior do que o esperado para o Brasil.
O PIB da Índia deverá saltar 11,5%, a China deverá crescer 8,1%, seguidos de Malásia (7,0%) e Filipinas (6,6%), conforme as projeções do FMI.
"A China, na contramão, ou como está na frente, deverá começar a retirar estímulos antes da maioria do mundo", afirmou Fabiana D'Atri, economista do Bradesco, que prevê a "normalização" da economia chinesa, com a pandemia controlada, já a partir do segundo semestre.
O crescimento brasileiro, também deverá ficar abaixo dos Estados Unidos (5,1%), França (5,5%), e Espanha (5,9%), segundo os números do FMI.
Em um relatório divulgado na última sexta-feira (26), o Bradesco elevou para 7% a estimativa para o crescimento Americano neste ano. Que além de mais estímulos, melhorou o controle da pandemia e já vacinou 19,4% da população.
Para Fabiana, do Bradesco diferente do segundo trimestre de 2020, onde todas as economias do mundo pararam quase que ao mesmo tempo, a recuperação econômica tem sido assimétrica justamente por causa das diferenças no controle da pandemia, no ritmo de vacinação e na capacidade de adotar estímulos.